Meu Filho
A TOLICE DA VELHICE:
Dizem os mais bobos meu filho, que a velhice
É uma riqueza real. Ora (direi), se assim o fosse!
Pois que não querem os tais, envelhecer é fato.
E buscam com afinco regar dia dia a "plebeia jovialidade"
A velhice, meu filho, é uma grandíssima tolice!
Está sim, nos serve de impercilhos... Se eu assim pudesse
Não ouviria dos mais moços a fantasia de querer crescer...
Não vês?
Eu não queria tê-la ao me olhar ao espelho!
Não percebes, filho meu, que deveria eu castra-la
Quando embaça-me os olhos a não ver tua cútis?
Diminuindo-me o som de tua voz
E deixando o som das canções parecer fraco
Não entendes dileto filho, Depois de velhos
Tornamo-nos invisíveis ante o olha da juventude?
Em sua hipocrisia de amar a terceira idade.
Destarte, veja, porém meu filho!
Tudo isso me faz lembrar-te. Aproveita em tempo tua mocidade.
Após, são tempos nebulosos e sombrios.
Aonde os mais fortes dos homens se curvam
Diante da velhice a segregar suas forças.
Meu filho, se os maus tentarem seduzi-lo, não ceda! Se disserem: "Venha conosco; fiquemos de tocaia para matar alguém, vamos divertir-nos armando emboscada contra quem de nada suspeita! Vamos engoli-los vivos, como a sepultura engole os mortos; vamos destruí-los inteiros, como são destruídos os que descem à cova; acharemos todo tipo de objetos valiosos e encheremos as nossas casas com o que roubarmos; junte-se ao nosso bando; dividiremos em partes iguais tudo o que conseguirmos!" Meu filho, não vá pela vereda dessa gente! Afaste os pés do caminho que eles seguem, pois os pés deles correm para fazer o mal, estão sempre prontos para derramar sangue.
O que mais me doeu hoje foi ouvir o pai do meu filho dizer que meu filho se suicidou por minha causa. Já não basta eu mesma me sentir culpada e um lixo porque ele se foi dessa forma? Meu Deus como dói não poder fazer o tempo voltar.