Mesma Moeda
Não é necessário nenhum cajado na educação e sim na sua falta, é o preço cobrado pela mesma sociedade que abandona seus filhos.
Se o estranho conhecesse nossos amigos, certamente teria sobre eles a mesma impressão que nós temos. Seria, sem dúvida, mais um defensor deles.
Já não me importo com o final do dia
É sempre a mesma coisa, fico sempre à toa
Já faz um tempo essa dura rotina
Mas deixa estar, há de passar...
São tantas coisas pra falar
Acumulei tantas palavras, não tenho quem a dizer
Queria tanto lhe contar...
Como são os meus dias, sem você
Ninguém pra dizer...
Pra falar...
E quando chego o final do dia
Ninguém pra viver...
Pra sonhar...
Já não me empolga o final do dia
A felicidade é tão grande pra se viver sozinho
Hoje faz todo sentido, quando estava contigo
Podia dividir qualquer besteira minha
Mesmo estando errado, você me defendia
São tantas coisas pra falar...
Acumulei tantas palavras, não tenho quem a dizer
Queria tanto poder contar
Mas só vou dizer se for pra você
Vamos se ver
E falar
Como foram os nossos dias
E juntos viver
E juntos sonhar
E desenhar nossos próximos dias
Como o mundo é maravilhoso
Quando você está nele, estando presente
As turbulências ficam planas
O equilíbrio perfeito, nada a mais nem a menos
Como queria poder voltar...
E acertar os meus erros, até mesmo os pequenos
Só queria lhe contar...
Como são os meus dias sem você
Ninguém pra dizer...
Pra falar...
E quando chego ao final do dia
Ninguém pra viver...
Pra sonhar...
Já não me empolga o final do dia
Me sinto tão bem quando estou contigo
Você é meu escudo, meu ombro amigo
Mais do que minha parceira, você foi minha melhor escolha
Não existe comparação com qualquer outra pessoa
São tantas coisas pra falar
Acumulei tantas palavras, não tenho quem a dizer
Queria tanto poder contar
Mas só vou dizer, se for pra vc
Vamos se ver
E falar
Como foram os nossos dias
E juntos viver
E juntos sonhar
E desenhar nossos próximos dias
É isso ninguém entende, nem eu mesma me entendo, sinto uma vontade enorme de me afastar de tudo, tenho a impressão de sempre estar incomodando.
Anjos caídos todos no esquecimento...
Mesma despedida de suas lamentações...
Os flagelos são incomuns para muitos
Eternos para outros; verbetes com veneno
Sempre um gole de bela dona
Corre entre as veias da alma se dispersa.
Igualmente uma sombra do que somos.
Você jamais deve se apegar a uma doutrina, pois a mesma pode estar totalmente baseada em algo falso.
Sabe, é sempre da mesma forma
A gente se esbarra e se olha
Esquece e relembra
Isso já passou da nossa meta
E virou lenda
Somos caminhantes, peregrinos a caminho... E nem toda caminhada tem a mesma intenção. É preciso acordar para nascer de novo.
PÃO DE ILUSÃO
"Dona Maria vai à mesma padaria há 43 anos e alguns dias. Essa data traz a agonia inventada pela espontaneidade da vetustez. Alguns móveis da padaria, ao longo da modernidade, foram trocados por mármore gelado e mogno lustroso. Os donos do estabelecimento ainda não foram trocados. O padeiro continua com um semblante frio - tanto quanto o mármore - e a balconista, com a sua pele lustrada pela temperatura dos pães, estende dedos grossos para devolver o troco. Em todos esses anos, os formais comprimentos nunca foram trocados por nenhuma amizade com túnica mais interna. Dona Maria é apenas mais uma velha assídua que sempre compra o mesmo bolo de trigo. Os que estão na padaria, também são apenas os mesmos, apenas são, sem muitas túnicas internas, são superficialmente apenas duas almas sem recheio que Dona Maria vê ao longo de seus 43 anos. Por casualidade, há muitos calendários, Dona Maria vê os mesmos rostos, os mesmos objetos, come as mesmas comidas, veste os mesmos vestidos que cheiram a naftalina. Diga-nos, Dona Maria, diga como era o sol naquela década. Diga-nos, diga com dignidade como as pessoas se trajavam, nos diga sobre os programas televisivos, diga-nos se os corpos eram em preto e branco, diga se havia medo de ter esperança. Conte-nos, conte sobre hoje, conte sobre excesso de cores. Conte-nos como contas as moedas do cofre que guardas em cima da geladeira, qual valor tem a mudança. Para Dona Maria, a dinâmica do tempo não lhe foi muito generosa. Dona Maria aguarda, no cume de sua demência, que nada possa mudar, pois envelhecer é um fenômeno agudo, que esculpe pés de galinha e rugas sem muita cortesia estética. E ela inventa todos os dias mais um dia de monotonia, para que não alcance o desespero de um dia ter de que se reinventar. Dona Maria sabe que a eternidade não se vende em nenhuma padaria, mas que a alegria da ilusão lhe traz a sensação de poder ter desenhar a vida que se quer levar."