51 textos e mensagens para profissionais da enfermagem đŸ©ș

Eu tenho medo que vocĂȘ seja um caminhĂŁo de luz que me esmague e me cegue na frente de todo mundo. Eu tenho medo de ser um saquinho frĂĄgil de bolinhas de gude e de vocĂȘ me abrir. E minhas bolhinhas correrem cada uma para um canto do mundo. E entrarem pelas valetas do universo. E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora. Eu tenho medo de vocĂȘ abrir o espartilho superficial que aperto todos os dias para me manter ereta, firme e irĂŽnica. Minha angĂșstia particular que me faz parecer segura. Eu tenho medo de vocĂȘ melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortĂĄvel, em minhas reclamaçÔes. Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estĂŽmago sair pelos olhos. Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser triste, de deixar de ser cĂ­nica. Eu tenho muito medo de deixar de ser.

Olho para trĂĄs e vejo aquela menina que queria entender tudo, com medo de que nĂŁo coubesse tamanha quantidade de informação dentro de si. Coube e ainda cabe. E quanto mais entra, mais sobra espaço para a dĂșvida. Compreendo hoje que nunca entenderei a morte, os sonhos, a sensação de dejĂĄ-vu e as premoniçÔes. Nunca entenderei por que temos empatia com uma pessoa e nenhuma com outra. NĂŁo entendo como o mar nĂŁo cansa, nem o sol. NĂŁo compreendo a maldade, ainda que a bondade excessiva tambĂ©m me bote medo.

E MacabĂ©a, com medo de que o silĂȘncio jĂĄ significasse uma ruptura, disse ao recĂ©m-namorado:
– Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

"Porque amor Ă© justamente isso. É ficar inseguro, Ă© ter aquele medo de perder a pessoa todo dia, Ă© ter medo de se perder todo dia. É vocĂȘ se ver mergulhado, enredado, em algo que vocĂȘ nĂŁo tem mais controle."

VocĂȘ nĂŁo pode ter medo de perder quem vocĂȘ ama para alguĂ©m, afinal vocĂȘ nĂŁo tem as pessoas. VocĂȘ estĂĄ com elas. Logo, se vocĂȘ nĂŁo as possui, vocĂȘ nĂŁo pode perdĂȘ-las.

Eu estou com medo, medo de deixar a melhor parte da vida ir embora sem que nada de especial aconteça, medo da minha vida ser sempre assim. Os mesmos acontecimentos do ano passado, com os mesmo dias chatos, sempre nada acontecendo, sempre sem novidades e com nenhum sinal de mudança.

Deus, pÔe teu olho amoroso sobre todos os que jå tiveram um amor sem nojo nem medo, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem 
 Sobre todos aqueles que ainda continuam tentando, Deus, derrama teu Sol mais luminoso.

Soneto XXIII

Tal qual amador no palco,
Que com seu medo Ă© substituĂ­do em sua parte,
Ou algo de feroz com seu excesso de raiva,
Em sua abundùncia de força, fraqueja internamente;
Assim eu, medroso com falta de confiança, me esqueço de dizer
A cerimĂŽnia perfeita do rito amoroso,
E na própria força do meu amor pareço decair,
Sobrecarregado com o peso do prĂłprio poder do meu amor.
Ah, deixa entĂŁo que os meus livros sejam a eloquĂȘncia
E mudos pressĂĄgios do meu peito transbordante;
Que roga por amor e tenta ser recompensado
Mais do que aquela lĂ­ngua que mais jĂĄ se expressou.
Oh, aprenda a ler o que o amor silente escreveu;
Ouvir com os olhos pertence ao fino senso do amor.

Garotas tendo ciĂșmes de mim! Garotas com medo de perder seus namorados porque eu era mais atraente! Esses sonhos jĂĄ nĂŁo eram feitos para cima para esconder horas solitĂĄrias. Eles eram verdade.

"TerĂ­amos acabado sozinhos se governĂĄssemos apenas pelo medo. A classe operĂĄria jamais se submeteria a um governo que pretendesse impor-se pelo medo."

A Ășnica coisa a se temer Ă© o medo”. O medo atrai exatamente tudo o que nĂŁo queremos! O medo Ă© uma emoção muito forte e sua energia, ligada Ă  imagem daquilo que se teme, cria todas as circunstĂąncias para que aconteça exatamente o que nĂŁo
desejamos.

O conformista é inerte e mentalmente preguiçoso.
NĂŁo exerce suas escolhas por medo de assumir os riscos.

Eu sou o medo da lucidez.
Choveu na palavra onde eu estava.
Eu via a natureza como quem a veste.
Eu me fechava com espumas.
Formigas vesĂșvias dormiam por baixo de trampas.
Peguei umas ideias com as mĂŁos - como a peixes.
Nem era muito que eu me arrumasse por versos.
Aquele arame do horizonte que separava o morro do céu estava rubro.
Um rengo estacionou entre duas frases.
Um descor
Quase uma ilação do branco.
Tinha um palor atormentado a hora.
O pato dejetava liquidamente ali.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. SĂŁo Paulo: Leya, 2011.

NinguĂ©m disse que Ă© fĂĄcil se relacionar. É por isso que muitos tĂȘm medo. É por isso que tantos outros preferem relaçÔes de uma noite, um final de semana, um mĂȘs. É por isso que muita gente troca de parceiro como quem troca de calcinha. RelaçÔes duradouras e casamentos longos sĂŁo espĂ©cies raras hoje em dia.

É mais corajoso quem não tem medo de voar pelo mundo ou quem aguenta ficar dentro de si?

Havia o medo e a timidez, todo um lado que vocĂȘ nunca viu. Outra criança adulterada pelos anos que a pintura escondia.

Eu tenho medo de vocĂȘ melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortĂĄvel, em minhas reclamaçÔes. Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estĂŽmago sair pelos olhos. Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser triste, de deixar de ser cĂ­nica. Eu tenho muito medo de deixar de ser.

Nada a retinha, nem o medo. Mas mesmo que agora se aproximasse a morte, mesmo a vileza, a esperança ou de novo a dor. Parara simplesmente. Estavam cortadas as veias que a ligavam às coisas vividas, reunidas num só bloco longínquo, exigindo uma continuação lógica, mas velhas, mortas. Só ela própria sobrevivera, ainda respirando. E à sua frente um novo campo, ainda sem cor a madrugada emergindo. Atravessar suas brumas para enxergå-lo. Não poderia recuar, não sabia por que recuar.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nada de bom estå acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.

Porque a vida Ă© como andar de bicicleta: quando vocĂȘ perde o medo, aprende, estĂĄ indo muito bem e feliz... AĂ­ Deus diz: Ok, agora sem rodinhas!