51 textos e mensagens para profissionais da enfermagem đŸ©ș

Eu tenho muita preguiça do seu olhar de “jĂĄ sei o que Ă© sofrer, agora posso viver sem medo porque descobri que eu nĂŁo morro”. Eu jĂĄ sofri por aĂ­, mas ainda morro muito, todo dia eu velo meus restos e conto uma piada para ninguĂ©m perceber.

É proibido não rir dos problemas
NĂŁo lutar pelo que se quer
Abandonar tudo por medo
NĂŁo transformar sonhos em realidade
Ter medo da vida e de seus compromissos
NĂŁo viver cada dia como se fosse um Ășltimo suspiro

Alfredo Cuervo Barrero

Nota: Trecho de "É Proibido", poema muitas vezes atribuído, de forma errînea, a Pablo Neruda.

NĂŁo tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu nĂŁo fazer charme quando simplesmente nĂŁo tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por nĂŁo saber o quanto posso te tocar. NĂŁo tenha medo de eu ser assim tĂŁo agora.

Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra?

Clarice Lispector
A paixĂŁo Segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Muitas vezes não é medo de se apaixonar novamente, é só o antivírus avisando ao coração que pode ser mais um cavalo de troia.

- Porque eu tinha medo de te perder.
- E agora vocĂȘ nĂŁo tem mais?
- Faz um tempo que perdi.
- O medo?
- NĂŁo, vocĂȘ.

(silĂȘncio)

NĂŁo tenho medo da morte, porque nĂŁo sei o que Ă© a morte. A gente nĂŁo sabe se a morte Ă© melhor ou pior. Eu nĂŁo quero viver nenhum dia que nĂŁo possa ser objeto de orgulho.Peço a Deus que nĂŁo me dĂȘ nenhum tempo de vida a mais, a nĂŁo ser que eu possa me orgulhar dele.

Não gostava de nada. Vai ver eu estava com medo. É isso: eu tinha medo. Eu queria ficar sozinho num quarto com a janela fechada. Fiquei curtindo essa ideia. Eu era um trambolho. Eu era um lunático.

Pra algumas pessoas nĂŁo mostro quem realmente sou. E, acredite, elas pensam que Ă© por medo. Na verdade nĂŁo Ă©, nĂŁo tenho medo dos julgamentos da sociedade, e nem me importo com o que os outros pensam de mim
 metade do que sou apenas eu entendo, e a outra metade sĂł mostro pra quem vale a pena.

Hoje eu acordei com medo
Mas nĂŁo chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, jå não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que nĂŁo tem fim

Tem de ser equilibrista atĂ© o final. E suando muito, apertando o cabo da sombinha aberta, com medo de cair, olhando a distĂąncia do arame ainda a percorrer - e sempre exibindo para o pĂșblico um falso sorriso de serenidade. Tem de fazer isso todos os dias, para os outros, como se na vida vocĂȘ nĂŁo tivesse feito outra coisa, para vocĂȘ como se fosse a primeira vez, e a mais perigosa. Do contrĂĄrio, seu nĂșmero serĂĄ um fracasso.

'...Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo Ă© este de se ver sĂł, na sua prĂłpria companhia? ...'

“Ela sabia que precisava dele. (
) Mas tinha medo da compulsão. De querer ele sempre e sempre e pra sempre.”

NinguĂ©m nunca me viu tĂŁo transparente como vocĂȘ, ninguĂ©m nunca soube do meu medo de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de nĂŁo ser boa o suficiente.

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silĂȘncio e nĂŁo vĂĄ embora batendo a porta, mas entenda que nĂŁo o amarei menos porque estou quieta.

Ah, meu amor, nĂŁo tenhas medo da carĂȘncia: ela Ă© o nosso destino maior. O amor Ă© tĂŁo mais fatal do que eu havia pensado, o amor Ă© tĂŁo inerente quanto a prĂłpria carĂȘncia, e nĂłs somos garantidos por uma necessidade que se renovarĂĄ continuamente. O amor jĂĄ estĂĄ, estĂĄ sempre.

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

PÁLIDA INOCÊNCIA

Por que, pĂĄlida inocĂȘncia,
Os olhos teus em dormĂȘncia
A medo lanças em mim?
No aperto de minha mĂŁo
Que sonho do coração
Tremeu-te os seios assim?

E tuas falas divinas
Em que amor lĂąnguida afinas
Em que lĂąnguido sonhar?
E dormindo sem receio
Por que geme no teu seio
Ansioso suspirar?

InocĂȘncia! quem dissera
De tua azul primavera
As tuas brisas de amor!
Oh! quem teus lĂĄbios sentira
E que trĂȘmulo te abrira
Dos sonhos a tua flor!

Quem te dera a esperança
De tua alma de criança,
Que perfuma teu dormir!
Quem dos sonhos te acordasse,
Que num beijo t’embalasse
Desmaiada no sentir!

Quem te amasse! e um momento
Respirando o teu alento
Recendesse os lĂĄbios seus!
Quem lera, divina e bela,
Teu romance de donzela
Cheio de amor e de Deus!

O que Ă© vertigem? Medo de cair? Mas por que temos vertigem num mirante cercado por uma balaustrada sĂłlida? Vertigem nĂŁo Ă© medo de cair, Ă© outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nĂłs, que nos atrai e nos envolve, Ă© o desejo da queda do qual logo nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera
A insustentĂĄvel leveza do ser. SĂŁo Paulo: Companhia das Letras, 2022.

É preciso se expĂŽr sem medo de dar vexame. É preciso colocar o trabalho na rua. É preciso saber ouvir um nĂŁo e, depois de secar as lĂĄgrimas, seguir batalhando. Arriscar, Ă© o nome do jogo. Muitos perdem, poucos ganham. Mas quem nĂŁo tenta, nĂŁo tem ao menos o direito de reclamar.

Pelas plantas dos pés subia um estremecimento de medo, o sussurro de que a terra poderia aprofundar-se. E de dentro erguiam-se certas borboletas batendo asas por todo o corpo.

Clarice Lispector
O lustre. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.