51 textos e mensagens para profissionais da enfermagem 🩺

Incompreensão dos Mistérios

Saudades de minha mãe.
Sua morte faz um ano, é um fato
Essa coisa fez
eu brigar pela primeira vez
com a natureza das coisas:
que desperdício, que descuido,
que burrice de Deus!
Não de ela perder a vida,
mas a vida de perdê-la.
Olho pra ela e seu retrato.
Nesse dia, Deus deu uma saidinha
e o vice era fraco.

Minha mãe me deu ao mundo de maneira singular me dizendo uma sentença:
pra eu sempre pedir licença, mas nunca deixar entrar.

Toda mulher é como uma rosa
Rainha de todas as flores
Mas a mulher que também é mãe
É rainha entre rainhas
Rainha de todas as rosas.

Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre! Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos.
E apesar de saber de tudo isso porque algumas dores duram tanto?

"Mãe, o que é que é o mar, Mãe?" Mar era longe, muito longe dali, espécie duma lagoa enorme, um mundo d´água sem fim, Mãe mesma nunca tinha avistado o mar, suspirava. "Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem saudade?"

A guerra é mãe e rainha de todas as coisas; alguns transforma em deuses, outros, em homens; de alguns faz escravos, de outros, homens livres.

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo.
Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento.

Que eu tenha sempre comigo:
Colo de mãe.
Abraço apertado.
Riso de graça.
Brilho no olho.
Amor quentinho.
Tristeza que passa.
Força nos ombros.
Criança por perto.
Astral bonito.
Prece nos lábios.
Saudade mansinha.
Fé no futuro.
Delicadeza nos gestos.
Conversa que cura.
Cotidiano enfeitado.
Firmeza nos passos.
Sonhos que salvam.

Sem minha mãe, acho que jamais teria me saído bem na pantomima. Ela possuía a mímica mais notável que já vi. Às vezes, ficava durante horas à janela olhando para a rua e reproduzindo com as mãos, os olhos e a expressão de sua fisionomia tudo o que se passava lá em baixo. E foi observando-a assim que eu aprendi não somente a traduzir as emoções com as minhas mãos e meu rosto, mas sobretudo a estudar o homem...

Eu não sinto ciúmes do meu ex porque desde pequena minha mãe me ensinou que se deve doar os brinquedos usados às meninas mais necessitadas!

Perder a mãe na infância é perder o solo onde caminhar. É o último estágio da dor de uma criança.

Prefiro ser filha do mistério,
do que ficar a vida inteira brigando pra ser mãe dele.

Ensinamento

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor. Essa palavra de luxo.

Eu sou meio ciumenta, bem chata, quero ser mãe e acredito no amor da minha vida. Acredito no amor pra sempre.

O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!

Florbela Espanca
Cartas a Guido Battelli

Passa uma Borboleta

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

Alberto Caeiro
PESSOA, F. O Guardador de Rebanhos, In Poemas de Alberto Caeiro. Lisboa: Ática. 1946 (10ª ed. 1993). p. 64
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Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.

Machado de Assis

Nota: Autoria não confirmada.

Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.

Confúcio
Os Anacletos, Livro IV, Capítulo XVII

Os homens distinguem-se pelo que fazem; as mulheres, pelo que levam os homens a fazer.

Carlos Drummond de Andrade
"O Avesso das Coisas: Aforismos". Rio de Janeiro: Editora Record, 1990.

Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil.

Leon Tolstói
Anna Karenina