51 textos e mensagens para profissionais da enfermagem đŸ©ș

Pai nosso,
que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome,
venha a nĂłs o vosso reino,
seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu.
O pĂŁo nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nĂłs perdoamos a quem nos tenha ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.
Amém.

BĂ­blia
Mateus 6

Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, o eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trås, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palåcio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo - não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descubramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos-, vamos regressar. Para mim aquelas påginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos livros esquecidos.

[...]Toda vez que encontrava um pai reclamando da vida, do salĂĄrio, da empresa, ele olhava para o filho que estava ao seu lado e o chocava:
- Quanto vale teu filho?
Espantado, o pai dizia:
- Não tem preço!
- EntĂŁo, tu Ă©s o mais rico dos homens.

Para onde vão os trens, meu pai? Para Mahal, Tamí, para Camirí, espaços no mapa, e depois o pai ria: também para lugar algum meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem, tu não te moves de ti.

Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos såbios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bem digo-te porque assim foi do teu agrado.

O VELHO E A FLOR

Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que Ă© o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu jå queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor Ă© o carinho,
É o espinho que nĂŁo se vĂȘ em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta
em pétalas de amor.

Vinicius de Moraes
Letra da mĂșsica "O Velho e a Flor", composta por VinĂ­cius de Moraes, Toquinho e Luis EnrĂ­quez Bacalov.
...Mais

Disse a flor para o pequeno prĂ­ncipe: Ă© preciso que eu suporte duas ou trĂȘs larvas se quiser conhecer as borboletas.

Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar. Por que
havemos de ser unicamente
humanos, limitados em chorar?
NĂŁo encontro caminhos fĂĄceis
de andar. Meu rosto vĂĄrio
desorienta as firmes pedras
que nĂŁo sabem de ĂĄgua e de ar.

Duvide do brilho das estrelas
Duvide do perfume de uma flor
Duvide de todas as verdades
Mas nunca duvide do meu amor.
[Adaptação Hamlet]

Essa lembrança que nos vem às vezes...
folha sĂșbita
que tomba
abrindo na memĂłria a flor silenciosa
de mil e uma pĂ©talas concĂȘntricas...
Essa lembrança... mas de onde? de quem?
Essa lembrança talvez nem seja nossa,
mas de alguém que, pensando em nós, só possa
mandar um eco do seu pensamento
nessa mensagem pelos céus perdida...
Ai! TĂŁo perdida
que nem se possa saber mais de quem!

Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas.

Tempo Ă© um tecido invisĂ­vel em que se pode bordar tudo, uma flor, um pĂĄssaro, uma dama, um castelo, um tĂșmulo. TambĂ©m se pode bordar nada. Nada em cima de invisĂ­vel Ă© a mais sutil obra deste mundo, e acaso do outro.

Machado de Assis
EsaĂș e JacĂł (1904).

Menino quando morre vira anjo; Mulher vira uma flor no céu; Malandro quando morre vira samba.

E Ă© nisto que se resume
o sofrimento:
cai a flor, — e deixa o perfume
no vento!

Beijo-flor

O beijo Ă© flor no canteiro ou desejo na boca?
Tanto beijo nascendo e colhido na calma do jardim nenhum beijo beijado (como beijar o beijo?) na boca das meninas e Ă© lĂĄ que eles estĂŁo suspensos invisĂ­veis.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Obra PoĂ©tica – 4Âș Volume, PublicaçÔes Europa-AmĂ©rica

Eu sem vocĂȘ sou sĂł desamor. Um barco sem mar, um campo sem flor. Tristeza que vai, tristeza que vem. Sem vocĂȘ, meu amor, eu nĂŁo sou ninguĂ©m


Vinicius de Moraes
Álbum "Vinicius e Odette Lara"

Nota: Trecho da mĂșsica "Samba em prelĂșdio"

...Mais

Morena Flor

Ela tem uma graça de pantera
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima

A mim me enerva o ardor com que ela vibra

E que a motiva desde de manhĂŁ.
- Como Ă© que pode, digo-me com espanto...

A flor e a nĂĄusea

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, Înibus, rio de aço do tråfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polĂ­cia, rompe o asfalto.
Façam completo silĂȘncio, paralisem os negĂłcios,
garanto que uma flor nasceu.
É feia. Mas Ă© flor. Furou o asfalto, o tĂ©dio, o nojo e o Ăłdio.

Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor...

A flor e seu nome

Mas o que impressiona mesmo no amor-perfeito Ă© o nome. Que responsabilidade, meu filho! HĂĄ por aĂ­ uma planta chamada de amor-de-um-dia, que nĂŁo carece muito esforço para ser e acontecer, como doidivanas. Outra atende por amor-das-onze-horas e presume-se como sua vida Ă© folgada. HĂĄ tambĂ©m amor-de-vaqueiro, amor-de-hortelĂŁo, amor-de-moça, amor-de-negro... muitos amores vegetais que desempenham função limitada. Mas este aqui nĂŁo tem ĂĄrea especĂ­fica, nĂŁo se dirige a grupo, ocasiĂŁo, profissĂŁo. É absoluto, resume um ideal que vai alĂ©m do poder das flores e dos seres humanos.
Que sentirå o amor-perfeito, sabendo-se assim nomeado? Que tristeza lhe transfixarå o veludo das pétalas , ao sentir que os homens que tal apelação lhe dera não são absolutamente perfeitos em seus amores? Que aquele substantivo, casado a este adjetivo, sugere mais aspiração infrutífera da alma do que modelo identificåvel no cotidiano?
A tais perguntas o sĂłbrio amor-perfeito nĂŁo responde. O outono tampouco. Talvez seja melhor nĂŁo haver resposta.