51 textos e mensagens para profissionais da enfermagem đŸ©ș

Imaginei por um momento um mundo sem Henry. E jurei que no dia que perder Henry, eu matarei minha vulnerabilidade, minha capacidade para o verdadeiro amor, meus sentimentos, com a devassidĂŁo mais frenĂ©tica. Depois de Henry nĂŁo quero mais amor. {
} Depois de nĂŁo ver Henry por cinco dias por causa de mil obrigaçÔes, nĂŁo pude suportar. Pedi a ele para se encontrar comigo durante uma hora entre dois compromissos. Conversamos por um momento, entĂŁo fomos para um quarto do hotel mais prĂłximo. Que necessidade profunda dele. SĂł quando estou em seus braços as coisas parecem direitas. Depois de uma hora com ele, pude continuar o meu dia, fazendo coisas que nĂŁo quero fazer, vendo pessoas que nĂŁo me interessam.

AnaĂŻs Nin

Nota: DiĂĄrio Ă­ntimo de AnaĂŻs Nin

Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. VocĂȘ pode dizer que isso tem sido frequente demais, atĂ© mesmo um pouco (ou muito) chato. Mas, que se hĂĄ de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relĂąmpagos de catĂĄstrofe futura. ProjeçÔes: e amanhĂŁ, e depois? E trabalho, amor, moradia? O que vai acontecer? TĂ­pico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerĂĄ. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus darĂĄ. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar.

No dia em que estiveres muito cheio de incomodaçÔes, imagina que morreste anteontem... Confessa: tudo aquilo teria mesmo tanta importùncia?

A morte nĂŁo Ă© o apagamento da luz; Ă© o ato de dispensar a lĂąmpada porque o dia jĂĄ raiou.

Que pensamento bobo esse meu. Mudar por vocĂȘ? NĂŁo, obrigada. Um dia esse meu errado serĂĄ o certo de alguĂ©m.

No dia seguinte, para que nem a gente desconfiasse de nada, voltamos a nos tratar como irmĂŁos adolescentes que se odeiam.

A gente pode receber 100 elogios num dia, aĂ­ vem alguĂ©m, te ofende, e vocĂȘ quase cai de cama. (...)

Às vezes me pergunto se nĂŁo faz parte da natureza humana essa sensação interna de sermos um blefe, por isso a valorização da crĂ­tica: Ă© como se alguĂ©m tivesse arrancado a nossa mĂĄscara. SerĂĄ?

Martha Medeiros
CrĂŽnica "Esculachos", 2010.

Nota: Trecho da crĂŽnica "Esculachos" publicada no Blog de Martha Medeiros no Donna, a 23 de abril de 2010.

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Se existe uma coisa que me faz ganhar o dia é ler um livro que bagunça as minhas entranhas.

Como um tempo de alegria, por trås do terror me acena,... E a noite carrega o dia, no seu colo de açucena... Sei que dois e dois são quatro, Sei que a vida vale a pena... mesmo que o pão seja caro e a liberdade, pequena...

Mas se algum dia vocĂȘ nĂŁo vier depois do cafĂ© da manhĂŁ, se algum dia avistar vocĂȘ em algum espelho, talvez procurando por outro homem, se o telefone toca e toca em seu quarto vazio, entĂŁo depois de indizĂ­vel agonia, entĂŁo - pois nĂŁo tem fim a loucura do coração humano - procurarei outro, encontrarei outro vocĂȘ. Nesse meio tempo, vamos abolir com um sopro o tiquetaque dos relĂłgios. Chegue mais perto de mim.

E sorrir, entĂŁo, e dizer bom-dia, boa-tarde, talvez boa-noite, e convidar a sentar, como se costuma nessas situaçÔes, e explicar sempre que nĂŁo hĂĄ muito onde sentar, e espalhar cinzeiros, fechar a porta, escolher rapidamente um disco lento e abandonar a coisa que estivesse fazendo para sentar no canto oposto da cama, talvez cruzar as pernas, acender um cigarro, abrir um livro, olhar uma estrela e falar ouvir durante horas coisas duras e inĂșteis, e de repente me perceber novamente deslizando para um mar aberto feito boca, convite na esquina, veludo atrĂĄs de vidraça, e nĂŁo ceder porque nĂŁo seria de esperar que eu cedesse agora, nessas situaçÔes, embora me consuma, e penso. EntĂŁo sorrir e afastar com delicadeza as inĂșteis durezas atĂ© que nos aproximemos das tardes no parque, e era sempre outono.

Alguns homens vocĂȘ precisa de anos de Rivotril pra esquecer. Outros, um dia de vermĂ­fugo jĂĄ resolve.

A unica segurança verdadeira na vida provĂ©m de saber que a cada dia vocĂȘ melhora de alguma maneira

É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.
Somos, socialmente, uma colectividade pacĂ­fica de revoltados.

Miguel Torga
DiĂĄrio IX (Chaves, 17/09/1961).

Quatro Letras

Um dia, quando vocĂȘ menos esperar
Eu vou voltar sorrindo
Como se nada tivesse acontecido

Todo esse tempo de dor
Que eu passei andando por aĂ­
Todo esse tempo que eu tentei gritar
A palavra amor bem alto
Para ver se me convencia de uma vez
Do significado implĂ­cito nessas quatro letras
Esfregando na cara das pessoas
As coisas boas que eu tinha
Mas nĂŁo conseguia mostrar

Até que o tempo enfim foi me vencendo
Sob o olhar condescendente
Das pessoas que eu mais detestava

É duro reconhecer
Que todo esse sofrimento
Foi em vĂŁo
Porque nĂŁo existe vida quando a gente estĂĄ triste e sĂł
E ninguém quer saber de quem estå por baixo
NĂŁo vale a pena sofrer, meu amor
De tudo o que eu passei
Essa foi a Ășnica lição

Um dia quando vocĂȘ menos esperar
Eu vou voltar cantando
Como se nada tivesse acontecido

Um dia, nalgum lugar, uma eternidade apĂłs,eu relembraria tudo isto num suspiro:
Dois caminhos divergiam numa floresta de outono, e eu, eu escolhi o menos percorrido, e isto fez toda a diferença!

Fiquei triste o dia inteiro, aĂ­ vocĂȘ me procura, inevitĂĄvel, acabei sorrindo ao ver vocĂȘ falando comigo. Droga, vocĂȘ tambĂ©m nĂŁo me ajuda. Queria tanto ficar bem sem vocĂȘ, sem falar, sem contato, mas ao mesmo tempo quase morro quando vocĂȘ nĂŁo me conta como foi seu dia.

Bom dia, poetas velhos.
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que nĂŁo farei.

Dia vai vir que os saiba
tĂŁo bem que vos cite
como quem tĂȘ-los
um tanto feito também,
acredite.

Depois de confiar tanto nos outros e quebrar a cara, hoje em dia eu desconfio até das verdades que me falam.

Talvez eu venha a envelhecer rĂĄpido demais, mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena.