Mensagens para Deixar Curiosos

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A gente tem o direito de deixar o barco correr! As coisas se arranjam, não é preciso empurrar com tanta força.

Clarice Lispector
Montero, Teresa (org.). Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta para Elisa Lispector e Tania Kaufmann, escrita em março de 1956.

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Esconder é fácil, difícil é deixar de sentir. O tempo ameniza, mas não cura. A novidade preenche, mas não substitui.

- Garçom... que dose de mentira você tem?
- Temos: eu te amo, nunca vou te deixar, eu quero você comigo, sinto saudades e também temos uma que anda saindo bastante: 'pode confiar em mim', te ligo amanhã.
- Ah... Manda todas que hoje EU quero me iludir!

Eu sou mole demais por dentro para deixar todo mundo ver. Eu deixo para quem eu acho que pode comigo. Ninguém sabe. Mas eu tenho coração de moça.

Existe o risco que você não pode jamais correr, e existe o risco que você não pode deixar de correr.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre.

Desconhecido
RÓNAI, C (Org.) Caiu na rede: os textos falsos da internet que se tornaram clássicos. Rio de Janeiro: Agir, 2006.

Nota: Trecho de "Há momentos", texto de autoria desconhecida, muitas vezes atribuído, de forma errônea, a Clarice Lispector. Apenas a última frase pertence a escritora, e é adaptação de uma frase do livro "Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres".

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Beijo é maravilhoso porque você interage com o corpo do outro sem deixar vestígios, é um mergulho no escuro, uma viagem sem volta. Beijo é uma maneira de compartilhar intimidades, de sentir o sabor de quem se gosta, de dizer mil coisas em silêncio. Beijo é gostoso porque não cansa, não engravida, não transmite o HIV. Beijo é prático porque não precisa tirar a roupa, não precisa sair da festa, não precisa ligar no dia seguinte. E sem essa de que beijo é insalubre porque troca-se até 9 miligramas de água, 0,7 grama de albumia, 0,18 de substâncias orgânicas, 0,711 miligrama de matérias gordurosas e 0,45 miligrama de sais, sem contar os vírus e as bactérias. Quem está preocupado com isso? Insalubre é não amar.

Martha Medeiros

Nota: Trecho da crônica "Beijo na Boca" de Martha Medeiros.

Eu sou o antes, eu sou o quase, eu sou o nunca. E tudo isso ganhei ao deixar de te amar.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não bastava me fazer gostar de você, tinha que me deixar totalmente apaixonada.

Isso é o que corresponde ao verdadeiro amor: deixar uma pessoa ser o que ela realmente é.

Jim Morrison
Lizze James, Creem Magazine, 1981

Nota: Em entrevista à revista Cream, 1981

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4º Motivo da Rosa

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles
MEIRELES, C. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

Uma maneira de preservar sua própria imagem é não deixar que o mundo invada sua casa. Foi um modo que encontrei de preservar ao máximo meus valores.

Se a deixar partir morrerá. E a morte do coração é a morte mais horrível que existe.

Vou deixar você procurar em todas o que você só vai achar em mim, mas não vou te esperar.

"Chuva traga o meu benzinho
Pois preciso de carinho
Diga a ela pra não me deixar triste assim..."

As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.

Eduardo Galeano
O Livro dos Abraços

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

Nando Reis

Nota: Letra da música "Pra Você Guardei o Amor"

Não vou te procurar, vou deixar você me esquecer pra encontrar a pessoa mais certa que possa lhe amar, bem longe de mim.

Nando Reis

Nota: Trecho da letra da música "Eu e Ela"

A Morte Absoluta

Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M. Lira dos Cinquent'anos, 1940

Amizade é como flores, não podemos deixar de regá-las, mas também não podemos regá-las muito.