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O caráter imutável. - Que o caráter seja imutável não é uma verdade no sentido estrito; esta frase estimada significa apenas que durante a breve duração da vida de um homem, o smotivos que sobre ele atuam não arranham com profundidade suficiente para destruir os traços impressos por milhares de anos.
Se imaginássemos um homem de oitenta mil anos, nele teríamos um caráter absolutamente mutável: de modo que dele se desenvolveria um grande número de indivíduos diversos, um aós o outro. A brevidade da vida humana leva muitas afirmações erradas sobre as características do homem.

Ao Deus Desconhecido

Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.

Sobre esses altares está gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servir-Te.

Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.

Artigo Quinto da lei contra o Cristianismo – Comer na mesma mesa que um padre é proibido: quem o fizer será excomungado da sociedade honesta. O padre é o nosso chandala – ele será proscrito, lhe deixaremos morrer de fome, jogá-lo-emos em qualquer espécie de deserto.

A moral aparece como aquilo que ela é, (...) como autêntica envenenadora e caluniadora da vida.

⁠Primeiro equívoco de Deus: o homem não achou divertidos os animais – dominou sobre eles, nem sequer quis ser «animal». Deus criou, então, a mulher. E, efectivamente, cessou o tédio, mas também ainda muitas outras coisas! A mulher foi o segundo erro de Deus. «A mulher é, por essência, uma serpente, Eva». Todo o sacerdote sabe isto; «pela mulher vem todo o mal ao mundo» – também isto o sabe todo o sacerdote. «Logo, a ciência também vem dela»...
Foi só pela mulher que o homem aprendeu a saborear a árvore do conhecimento. Que aconteceu? Um pânico de morte se apoderou do Deus antigo. O próprio homem tornara-se o seu maior erro, ele criara um rival, a ciência iguala a Deus: se o homem se torna científico, é o fim dos sacerdotes e dos deuses!

O anticristo

Elogiamos ou criticamos de acordo com a maior oportunidade que o elogio ou a crítica oferecem para fazer brilhar a nossa capacidade de julgamento.

Friedrich Nietzsche
Humano, Demasiado Humano. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

Elogiamos ou censuramos, a depender de qual nos dá mais oportunidade de fazer brilhar nosso julgamento.

Friedrich Nietzsche
Humano, Demasiado Humano. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

A grande conquista da humanidade, até agora, é não precisarmos mais temer continuamente os animais selvagens, os bárbaros, os deuses e os nossos sonhos.

Friedrich Nietzsche
Aurora. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

A chave. Aquele pensamento ao qual, sob o riso e o escárnio dos MEDÍOCRES, um homem eminente dá grande valor, é para ele uma chave de tesouros secretos, e para aqueles apenas um pedaço de ferro velho.

⁠Existem dois tipos diferentes de pessoas no mundo, aqueles que querem saber e aqueles que querem acreditar.

⁠O sinal mais inequívoco de desprezo pelo homem é considerar todos meramente como meios para os próprios fins.

⁠A compaixão contradiz a lei da evolução, que é a lei da seleção. Conserva o que está maduro para o declínio, luta em prol dos deserdados e dos condenados pela vida; e, pela abundância dos fracassados de toda a espécie, que mantém vivos, confere à própria vida um aspecto sinistro e duvidoso.

Friedrich Nietzsche
O anticristo (1895).

Começa-se a desconfiar das pessoas muito prudentes quando elas se mostram embaraçadas.

Friedrich Nietzsche
Além do bem e do mal (1886).

Quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir mais que um andarilho sobre a Terra – e não um viajante que se dirige a uma meta final: pois esta não existe.

Friedrich Nietzsche
Humano, demasiado humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

⁠Este – é o meu caminho, – qual é o vosso?”, assim respondi aos que me perguntaram pelo “caminho”. Pois o caminho – não existe!

Friedrich Nietzsche
Assim falou Zaratustra. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

⁠Preciso de companheiros, mas de companheiros vivos, não de cadáveres que eu tenha que levar nas costas por toda parte.

⁠O corpo flexível e convincente, o dançarino cujo símbolo e epítome é a alma que se compraz em si. O prazer consigo desses corpos e almas chama a si mesmo 'virtude'.

Friedrich Nietzsche
Assim falou Zaratustra. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

⁠O que é bom? – Tudo o que eleva o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder no homem.
O que é mau? – Tudo o que vem da fraqueza.
O que é felicidade? – O sentimento de que o poder cresce, de que uma resistência é superada.
Não a satisfação, mas mais poder; sobretudo não a paz, mas a guerra; não a virtude, mas a capacidade (virtude à maneira da Renascença, virtù, virtude isenta de moralina).
Os fracos e malogrados devem perecer: primeiro princípio de nosso amor aos homens. E deve-se ajudá-los nisso.
O que é mais nocivo que qualquer vício? – A ativa compaixão por todos os malogrados e fracos – o cristianismo...

Friedrich Nietzsche
O anticristo e ditirambos de Dionísio. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Enfim, quando a tábua de sua alma estiver totalmente coberta de experiências, ele não desprezará nem odiará a existência, e tampouco a amará, mas estará acima dela, ora com o olhar da alegria, ora com o da tristeza, e tal como a natureza terá uma disposição ora estival ora outonal.

Quando o seu olhar tiver se tornado forte o bastante para ver o fundo, na escura fonte de seu ser e de seus conhecimentos, talvez também se tornem visíveis para você, no espelho dele, as distantes constelações das culturas vindouras.

Friedrich Nietzsche
Humano, demasiado humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

O homem é um rio turvo. É preciso ser um mar para, sem se toldar, receber um rio turvo.

Friedrich Nietzsche
Assim falou Zaratustra. São Paulo: Editora Martin Claret, 2003.