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O artista não morre se transforma em fração do infinito...
- Maestro Guilherme Vaz

POR AQUI PASSOU UM LOBO SOLITÁRIO

Quatro da tarde
O pranto indígena em prece
A dor açoita. O vento arde
O silêncio cresce, sem meça
Do choroso canto à parte...
Junta-se o coração em pedaços
Em sentidos lamentos à la carte
Gemidos partidos, sublinhados em traços
Do travador, mestre, da saudade em encarte.
“Por aqui passou um lobo solitário.”
Não foi mais um, foi um! Foi arte!
... foi vário.
“Ele está em todos lugares e em lugar nenhum.”

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
ao primo Guilherme Vaz.

Inserida por LucianoSpagnol

TENTE DE MIM SE ESQUECER

Não consigo aceitá-la
Mas por mais que eu tente resistir
Um dia me levarás
Mesmo eu não querendo ir...

Sua certeza é insuportável
E não há como de você fugir
Me levarás não sei pra onde
Virás minha vida destruir...

Porque você existe?
Você é um enorme sofrimento
E quando chegas... que violenta
Extermina a existência...

Quem pensas que és?
O que envolve seu segredo?
Você arrebata... destrói
De você eu tenho medo...

Você precisa ser destruída
Você é a maior incoerência
Você só traz a dor
Como é cruel sua consequência...

Sei que um dia virás...
És como afinal?
Pra onde me levarás?
Porque és assim tão mal?

Quando leva um ente querido
Eu fico a te odiar...
Mas como eu irei te encarar
Quando a mim vier buscar?

Sei que de você
Mesmo querendo eu não irei escapar
O meu sonho é te render
Eu amo e quero viver...

Você é a única certeza
Que a vida nos faz ter
Mas eu lhe faço um pedido
Tente de mim se esquecer...

“O Sol e a Semente”

“Do Nascer do Sol,Gerou-se o Dourado...
Do Dourado, Pintou-se um Berço...
No Berço, Repousou Uma Criança...
A Criança se fez Menina...
A Menina se fez Mulher...
A Mulher Teve Nome de Santa...
Santa Aparecida de Matos...
A Santa que era Edna...
Edna, que se deu em Pecado...
O Pecado que Virou amor...
O Amor que Gerou uma Semente...
A Semente que se fez Criança...
A Criança que não Dorme no Berço...
O Berço que Espelhou o Dourado...
O Dourado que Emana do Sol...
O Sol que um Dia Há de se Pôr...
Mais que Haverá de Renascer...
Como o Amor... Como a Mulher... Como a Criança!

Dedicado a Edna Aparecida Matos

Glória

Vive dentro de mim um mundo raro
Tão vário, tão vibrante, tão profundo
Que o meu amor indómito e avaro
O oculto raivoso ao outro mundo

E nele vivo audaz, ardentemente,
Sentindo consumir-se a sua chama
Que oscila e desce e sobe inquietamente;
Ouvindo a minha voz que por mim chama

Em situações grotescas que me ferem,
Ou conquistando o que meus olhos querem:
Príncipe ou Rei sonhando com domínios.

Sinto bem que são vãs pra me prenderem
As mãos da Vida, muito embora imperem
Sobre a noção real dos meus declínios.

(in "Dispersos e Inéditos")

Esta coisa absurda e magnífica, entre o muito mau e o bem supremo, que se chama com ligeireza amor.

As mulheres escreveram o poema do amor; os homens comentaram-no, mas não o compreenderam.

Se Deus quisesse que o amor fosse eterno, teria feito que se mantivessem as condições do desejo.

O amor é a paixão das grandes almas e faz-lhes merecer a glória quando não dá volta ao juízo.

Os arrufos entre amantes podem ser renovações de amor, mas entre os amigos são deteriorações da amizade.

O mais belo momento de uma mulher (...) é aquele em que, seguros do seu amor, ainda o não estamos dos seus favores.

O nosso amor-próprio suporta com mais impaciência a condenação dos nossos gostos que a das nossas opiniões.

Impõe-se ter mais espírito para inspirar amor do que para comandar um exército.

A espécie compromete-se com um casal a que haja amor entre os dois. Mas logo que se apanha servida, vira-lhes as costas e eles que se arranjem.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Amor é deus de paz; nós amantes, veneramos a paz; / para mim, particularmente, bastam as guerras com a minha mulher.

Mas aquela que sempre me causou maior desgosto, por mim nunca teve ódio, por mim nunca teve amor.

O amor lança fora o medo, porque o medo produz tormento. Aquele que teme não é aperfeiçoado.

Mas de vez em quando ergues-te ainda frenético, como esse velho de que se conta que fazia amor uma vez por ano....

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Os homens nos parecerão sempre injustos enquanto o forem as pretensões do nosso amor-próprio.

O nosso amor-próprio é tão exagerado nas suas pretensões, que não admira se quase sempre se acha frustrado nas suas esperanças.

A fé é um condão. Mas o bom trabalho, no amor do ideal, dá a fé. Não há trabalho no sentido verdadeiro sem fé.