Mensagens de Saudades Eternas
Tua Chegada
Quando enternecida te encontro,
Vejo-a inteira na luz perpassada.
Acolho teu corpo de grão amadurecido,
Estendido sobre minha procura.
O tempo fez com que ressurgisses,
Recoberta com o brio reconstituído do sentir.
Desdobrei teus passos sobre minha espera.
E a memória acendeu-se em tua vinda.
Assim, misturei-me em tua sina.
Gravei na face, o raio anunciado em tua chegada.
Clamei, na profundeza do existir,
Para que teu tempo, no meu, fosse infindo.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Versar
SONETO DA MÁGOA
Eu já não sei o que mais podia ter feito
Pelo visto sonhei demais talvez
Com algo que julgava ser perfeito
Espero sim que pense no que fez
A quem sempre por ti nutriu respeito
E que você ignorou mais uma vez
Em ausência de tempo pelo jeito
Num silêncio nenhum pouco cortês
Será então essa a sua face de verdade?
Posto um simples emoji que me nega
Enquanto da conversa já se evade
Justo de quem te deu ternura cega
Na ilusão de ser ávida amizade
O que era só convívio de colega
A última vez que você vê alguém nunca é a última vez que você o vê. O espaço vazio que uma pessoa deixa para trás retém o calor; a retina preservará seu rosto para mais tarde.
Quilombo
Lagoa Dos Pretos um povoado quilombola, rico em fauna, contos, mitos, culturas, lendas, cantigas, religiosidades e Histórias.
O seu povo carrega um passado bem distante, desde do ano de 1532 até agora.
Suas matas escondem riquezas vegetais, animais, minerais e Históricas, que ficaram pra sempre em nossas memórias.
Quando eu estou nesse lugar os meus pensamentos viajam e cavalgam perdidos, intrínsecos e permeados pelas memórias.
Vivo vivendo lutando por um povo e sua História.
eu vi pessoas chorarem, chorou o pai e chorou a mãe ,também choravam os filhos ,amigos e colegas que choravam,
Ouvi ,o pranto a dor e eu chorei e chorei muito,
A perda de ente querido ,a fome que dói profundamente, a injustiça contra os mais fracos e desprovidos ,a doença impiedosa maldita doença que não sabe o que é o amor de uma mãe e de uma pai que chora sem que possa consolar ,eu também chorei de tristeza e angústia ao ver tanta dor ,pessoas que choravam e ainda choram e quem sabe nunca irão parar de chorar...
Ela ficou olhando para nós, uma mulher na frente de seus três filhos. Seu cabelo era de um tom mais claro de cinza ao sol e caía sobre seus olhos. Eu não a via lá fora há muito tempo. Mesmo que o vento estivesse frio, o sol estava quente de uma forma que me deixou ciente da visão e da temperatura. Eu nunca tinha visto nossa mãe sob essa luz.
Esperança, uma palavra que faz sentido
enquanto somos criança.
Quando amadurecemos, percebemos que a vida não é o que parece.
A gente cresce e se esquece de sonhar os sonhos da infância.
Conforme o tempo passa, tornam-se uma vaga lembrança.
Como retratos antigos nas prateleiras da memória.
Hoje, um conto remoto nos meus livros de estória.
De um passado distante, um caminho sem volta.
E agora? Apenas espero,
apenas espero, o agora.
Dos dias vividos, a intensidade e placidez dos que conquistaram as nossas gargalhadas são as que se entrelaçam à memória, sobrevivendo às pessoas e ao tempo.
Olhar aquela noite em perspectiva era quase melhor do que vivê-la pela primeira vez, porque o tempo não passava rápido demais e fugia ao controle, eu não precisava me preocupar com o papel e não me deixava distrair pelas dúvidas, porque sabia o que aconteceria no fim das contas. Revivi aquilo tantas noites que tudo deve ter acontecido apenas para que eu pudesse reviver depois.
sexta-feira, 31 de maio de 2019
Esse mundo é mesmo um lamento cão.
O gozo existe.
Porém com muita lamentação.
Ocupar o tempo com aberração.
És assim como tradição.
Insensatez e mazelas.
Palavras ao leo são elas.
Porém compreendo que muitas possuem um interesse sadio.
Uma palavra amiga, um abraço a confortar.
Pois o destino encarrega de acender o pavio.
Devemos ter força em apagar.
Estar com as chamas da amizade, da coragem.
Cultivar humildade, matar a trairagem.
Ter laços de um bom espírito de vida.
Escrever páginas, ainda que não são lidas.
Meu decorrer e o seu é uma história.
Tudo passa, até a memória.
Giovane Silva Santos
Todos já viramos um pouco ciborgues. O celular funciona como uma extensão da nossa memória; terceirizamos funções mentais básicas para diversos algoritmos; entregamos de bandeja nossos segredos, para serem armazenados em servidores e analisados por computadores. O que nunca podemos esquecer é que não estamos apenas nos fundindo a máquinas, mas às empresas que controlam as máquinas.
O passado quieto é arquivo
O passado relembrado, é álbum
O passado repassado é herança
O passado é diário guardado, trancado.
Só entende o passado,
Quem o viveu!
O passado não é herança
para quem não o quer herdar
Para este é retrocesso, prisão.
Eu gostaria de poder deixar para você algumas imagens em minha mente, porque elas são tão bonitas que eu odeio pensar que elas serão extintas quando eu me extinguir. Bem, mas, de novo, esta vida tem sua própria beleza mortal. E a memória tampouco é estritamente mortal por natureza. É uma coisa estranha, afinal, ser capaz de retornar a um momento, quando dificilmente pode-se dizer que ele tem alguma realidade, mesmo em sua passagem. Um momento é uma coisa tão leve. Quero dizer, sua permanência é um alívio muito agradável.
Caça à palavra
repleta, minha alma espreita atrás do estrume do mundo:
de onde vêm os versos, que face ocultam entre o amor e a morte?
às vezes os sons são os mesmos, as texturas, o tempo,
o mesmo homem a revolver-me as veias
onde se lacram as vãs repetições, que noite veste o poema?
o sol nos vasos de crisântemos, ecos de um triste país,
largos horizontes onde meu pai passeia verbos nem sempre sublimes.
tudo é memória, sirenes ligadas. a infância sempre ontem, mas aqui.
todo verso sugere uma serpente oferecida.
que na minha caça à palavra (que face ocultam o amor e a morte?)
não haja qualquer vislumbre de repouso.
Isto não é uma história. Isto é história. Isto é história e, no entanto, quase tudo o que tenho a meu dispor é a memória, noções fugazes de dias tão remotos, impressões anteriores à consciência e à linguagem, resquícios indigentes que eu insisto em malversar em palavras.
Durante anos, tive apenas raiva, uma enorme raiva que sentia até fisicamente e à qual atribuí tudo de ruim na minha vida...
Primeiro amor
Lembro-me das tardes de domingo
E dos encontros furtivos pela cidade.
Lembro-me até do primeiro beijo pedido,
Mas querendo ser roubado.
Sinto o gosto da inocência, do carinho e do desejo de apenas olhar-te
Guardo, com carinho de uma criança que guarda seus primeiros brinquedos
As nossas conversas jogadas ao vento e sem grandes pretenções.
Quando fecho os meus olhos, ouço as suas risadas achando graça do que eu não conhecia e, de quando nossa maior vontade era não ver o sol anunciar o fim do dia.
Esses sentimentos são, pra mim
Como uma obra de arte rara e sem valor estimado.
Tem nele todas as cores, todas as emoções e nenhum significado capaz de explicar o quanto esse amor marcou em mim.
Se olhar pra dentro, com muita atenção.
Ainda ouço o eco harmonioso do seu coração.
Há algo em fazer as coisas da maneira que nossos ancestrais costumavam fazer, que coloca o seu coração de volta ao ritmo dessa coisa chamada vida.
"Como o poderia eu saber, aliás, pois que além dos nossos corpos agora separados, nada nos ligava, nada nos lembrava um do outro"