Mensagens de Perda
Coleira
José é dono de Kiwi
e o nutre com rações de qualidade.
Embora custe caro, a felicidade
recompensa enquanto amor tiver.
Tudo certo, tudo indo
até que Kiwi não consiga mais
respirar. O carinho mútuo permanece infindo,
assim como a dor de José,
que investe saúde mental de dez
vidas, e o cachorro nem consegue ficar de pé!
Kiwi morre, José desidrata
de tanto se lamentar: “pobrezinho do bichinho!”
Agora tu vira-lata é, senhor.
Fareja teu ex-lar
afim de te encontrar.
Os dois eram um.
Eram, no passado,
porque agora José é nenhum
e Kiwi tornou-se alado.
Observo o céu da minha cidade e começo a perceber todas as conexões que o universo faz, como se as galáxias de alguma forma estivessem conectadas. Sinto que minha consciência vai e volta, acho que estou fora de sincronia, como se estivesse em outro mundo, outra realidade. Estou sozinho, e me sinto bem, mas de repente, surge a minha volta uma sensação estranha, de decepção, de tristeza eu tento não sucumbir a ela, mas não consigo, é mais forte que eu, parece inevitável e dolorido, como apagar uma brasa com a mão. É o mesmo sentimento que tenho ao tentar não me apegar as pessoas, porque elas sempre vão embora e eu fico sozinho. Estou em um ônibus, com uma amiga ao meu lado, eu quase beijo ela, mas algo, alguma coisa, impede isso, não sei exatamente o que, eu saio de lá, entro em outro ônibus e vou embora, ao que parece dessa vez sou eu quem vai embora. Domingo nasce, e com ele vem a sensação de perda. Esse sonho foi um dos mais simples.
Talvez você ainda esteja por aí,
Flutuando por onde sempre quis.
Talvez um dia eu te veja novamente,
Com sua calça jeans e um sorriso sacana.
Talvez tenha se perdido em si mesmo,
E esteja correndo com o vento.
Ou talvez tenha parado no espaço,
Esperando que as estrelas venham-lhe buscar.
Perder algo que você construiu com tanta dedicação e guardou para usar depois o força a pensar e decidir. Não fique "puto" mais que 5 minutos.
decesso...
[...] pra que sofrer com despedida
se quem parte não leva nada
e quem fica... tem a medida
do tempo, na sua jornada...
todos nós temos o preço
no feito, partida e chegada!
"A vida e um ato e a morte o recomeço"
então, que tudo seja camarada!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de março de 2020 - Cerrado goiano
Ele quer se declarar inocente por causa do luto. Ela sabe que o luto é uma espécie de loucura. Ela sabe.
Perdemos nossa batalha. O desenvolvimento simplesmente segue em frente como se nunca existíssemos. Os humanos rapidamente se esquecem de como as coisas costumavam ser. Pelo menos para eles a vida é formidável.
Valor
Tendência egocêntrica de centralizar só depois de perder, de dar valor só depois de esquecer, de sentir só depois de ruir como poeira ao vento que já não volta mais.
O pássaro
Eu tinha um pássaro em minhas mãos. Sufoquei este pássaro com os meus sentimentos sem perceber. Ninguém me avisou que era o último pássaro em minhas mãos. Agora eu sinto falta da sua cantoria todos os dias. Eu tinha um pássaro em minhas mãos...
O Preço
Será que vale a pena perder tudo para aprender a não perder? O preço às vezes é alto demais para se pagar!
De todas as perdas que tive na vida, a mais dolorosa foi perder alguém que escolheu partir. Provando que fui incapaz de ser amado.
Sabes que já não durmo por dentro? Fecho os olhos e afundo-me num poço sem palavras nem espaço, continuando, sem o saberes, acordado, temendo perder-te. E tantas vezes te perdi, tantas vezes regressei e não te encontrei, tantas vezes inquietante te chamei e não respondeste!
Temos uma sociedade medrosa, de pouca lucidez, acuada, que teme perder tudo. Em vez de irem atrás das coisas para conquistá-las, as pessoas acomodaram-se. Não decidiram superar essa conveniência. Não entenderam que o sucesso delas vem do treino.
Não trate sua família como extensão do seu negócio, porque quando perceber, já vendeu para o mercado negro.
poeminha escuro
era tão distante
a vida tão presente
o tempo passou volante
que o berço virou ausente
agora um breu tão forte
o sol no horizonte poente
e tão perto, ficou a morte...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro de 2019
cerrado goiano
Eu sabia que não merecia ajuda, porque esse não era um trauma real. Ele era uma criança, não um criminoso. Era talentoso, não perigoso. Ele era a pessoa que perdeu tudo. Eu era apenas a zé-ninguém com quem isso aconteceu.