Mensagens de Paz
A dialética da existência é saber viver entre o ser social concreto e a experiência líquida da solidão.
Quando o céu não for mais tão longe quem sabe a gente se encontra mais rápido com Deus e pede pra alterar logo o estatuto da Humanidade.
Existem três, talvez, quatro ou mais (deixo para vocês decidirem e indicarem) formas de se tornar visível na cidade. A primeira é sobrepondo a luxúria à miséria; a segunda (que pode ser efeito da primeira) é apontando uma arma para outrem ou a esmo. A terceira, é (ex)pondo o corpo em movimento (que pode ser pausa), trata-se na verdade de uma arma mais potente e criativa.
A obsessão pelas comemorações de centenários me levam a crer que as pessoas ficarão esquecidas por mais cem anos. Vamos comemorar o 99 – somos imperfeitos!
A sensação de que não estamos acompanhando a velocidade do dia-a-dia está correspondente a de que não estamos saindo do mesmo lugar. Chama-se perplexidade.
Desconfio de quem tem mais que quatro ou cinco amigos. Dos que tem mais de quatrocentas ou quinhentas curtidas em cada post ou foto desconfio, ainda mais.
Ser daltônico é a única chance que tenho de não ver as cores nas suas engessadas representações políticas e suas respectivas hierarquias estéticas tão vorazes. Vou começar a pintar outro arco íris por aí. Aceito tintas incolores.
Já sabemos, mas não custa lembrar: há coisas que não tem preço, mas são de muito valor. Outras, têm um preço muito alto, mas não tem valor algum.
Ficar cansado logo no início é angustiante porque pressupõe a inviabilidade de realização do percurso adiante.
O poeta é autor de suas próprias ciladas. As que tentam lhe aplicar, em geral, não cai. Já a capacidade de autossabotagem impressiona.
Se a gente não puder ser junto para a vida toda, nenhum minuto mais terá o valor de eternidade como sempre foi.
A sensação de que não estamos acompanhando a velocidade das coisas é correspondente a de que não estamos saindo do mesmo lugar. Viver passou a se tornar uma armadilha à culpa, de que quanto mais se faz mais se tem a sensação de que não se cumprira tudo. Essa respiração ofegante de acordar com a sensação de débito é a ilustração perversa da correria ou o ante passo da ansiedade, é aí que mora a ilusão ou se encontra a porta de entrada de qualquer substância de fuga, super estimulação ou controle.