Mensagens de Paz
A dança no Hip Hop poderia experimentar (cada vez mais) migrar do espírito MC (do improviso) para o do DJ (da mixagem). Isso seria, talvez, a construção de outra escrita do movimento em cores; um graffiti quero dizer.
Deus é um momento intimo, longe do fluxo de orlas ou de imagens sobressalentes de quem precisa se auto afirmar pra se sentir em paz ou vender alguma coisa usando sentimentos nobres.
Um país desenvolvido se mede, por exemplo, pela quantidade de redes ferroviárias atuantes que dispõe.
Pessoas que vivem em relações pela metade, receberão a parte inteira de indiferença da metade que se sente incompleta.
A melancolia - quando é menos tristeza que melancolia; menos melancolia que angústia e menos angústia que vontade -, pode servir à arte.
Quem tem que escrever sem erros é o revisor. O papel do escritor é o de inventar, inclusive palavras.
Poetas são seres de cultivo ao inútil, a beleza presente no inútil. Os que se sentem importantes não deveriam se dizer poetas; melhor que se autodenominem impostores.
Quanto ao uso da língua portuguesa no meio digital, os brasileiros podem ser classificados em dois tipos: os que escrevem errado e os que escrevem errado, mas põem a culpa no corretor ortográfico. Certo mesmo ninguém escreve.
Depois do advento das redes sociais, acho que as relações afetivas mudaram bastante. É intensa e efêmera; num dia 'love, noutro 'block'. Conhece-se pelas redes - cai na rede de um, depois cai na rede de outro... A internet abriu pro beijo e fechou pro abraço.
Nada de latitude. Indiferença nem pensar; nada de longitude, dessa coisa bem longe do abraço. O amor precisa de atitude.
Cada vez mais se confunde "silêncio" com "silenciamento". Um dia desses comentei entre amigos que o silêncio é a alvenaria da escuta ou o prelúdio da sabedoria e o silenciamento, a porta dos fundos para a chegada da barbárie. Um desses amigos me disse que eu deveria compartilhar a reflexão - é o que estou fazendo agora. Salva uma mudança no final do texto: acredito que seja a porta da frente para a chegada da barbárie e a dos fundos para a naturalização da mesma.
Porque todo papa antes de ser papa quando ainda não tem cara de papa fica com cara de papa depois de ser papa?
O Ministério da Carência adverte:
Pessoas que se apegam rápido demais às outras estão muito distantes de si mesmas.
Sonhamos todos os dias. Lembramos pouco, mas sonhamos sempre. Tenho a imperfeita impressão que quando dormimos, morremos. O sonho é a lembrança para se manter vivo; é o alimento do sono. Mas, a era virtual matou o sonho e transformou a vida real em fuga débil. Estamos passando uma fome onírica, sem precedentes.
E eu que penso e não existo através do espelho, calculei sem muito gasto sináptico o tempo que se perde no selfie para encontrar a posição (projeção) idealizada de si. Foi, pois que o resultado é: esse tempo é muito maior que o tempo no qual as pessoas rapidamente encontrarão seus mais perfeitos defeitos. As virtudes, no entanto demorarão uma vida inteira para lhe devolverem à altura de sua imagem sonhada ou pesadelo indescritível.
Há de se desconfiar de uma sociedade quando a preocupação passa de "to be or no to be" para "curtir ou não curtir".
Sobretudo, no Ocidente;
quando teve o homem a consciência da finitude, ele morreu antes de começar a vida.
Eu, brisa, quando vejo um vento forte, cheio de vida, dou-lhe a última porção de ar que me resta para que ele se torne um furacão
Estou chegando a conclusão (tardia é verdade, mas que sempre me ocorreu) que as pessoas querem sempre algo de nós, mas nunca nos querem.