Mensagens de Morte
Quando eu partir
Vou caminhar na areia
Entre as nuvens salgadas
Seguindo o vento
Até ao fundo do mar
E sorrir
Pois eu fui feliz.
Se a sua vida é um mar de rosas então com toda a certeza um dia ela encontratrá um oceano de espinhos chamado de morte.
O homem de coração obstinado não se arrepende e nem perdoa, nem mesmo quando o seu estado paliativo lhe presenteia com a palidez dos moribundos - aquela que anuncia a proximidade inexorável da sentença final.
Destruição e restauração se repetem.
Desde o big bang, há 13,8 bilhões de anos,
os átomos que formam nosso corpo
se juntaram,
viraram estrelas,
queimaram, foram comprimidos
e liberados.
Mais uma vez, formam espirais, se misturam
e se separam.
Algum dia, quando a vida morrer,
e a Terra chegar ao fim...
voltaremos a fazer parte
de uma grande espiral.
É por isso...
Vamos nos reencontrar.
Hoje o Sol se pôs mais cedo. Heis que minhas noites são tristes e os meus dias quedos. Tudo à minha volta está taciturno, pálido,frio... Porém, em minha face já não há mais medo. Sou apenas mais um ser efêmero e perdido que aos poucos está morrendo de amor, saudades,em lamentos... Sei que em meu eterno leito não haverá ninguém ao menos escondido para chorar ou até mesmo fingir dor ! - Mas se acaso houver uma lágrima qualquer sei que esta será de algum anjo esperançoso, febril, ensandecido... Que um dia também morreu de amor!...
Ah, como são belos e magníficos os cemitérios dos outros países! Tão lindos, dá até uma vontade louca de morrer ao contemplá-los! Tão diferentes dos cemitérios do Brasil! Aqui, até a morte é feia; os nossos cemitérios parecem favelas de mortos!
Onde os bons e os maus morrem, existe equilíbrio existencial. Onde só os maus imperam , existe apenas malversação da vida, da nossa vida, causa da finitude dos bons.
O que temos de concreto é a vida nesse plano. Todo resto é especulação. Milhares delas. Certas ou não, mas nada além de especulações.
Quando a dor se alastrou pelas minhas vísceras, teu abraço foi o principal responsável por saná-la. Seu ombro me valia mais que qualquer ouro ou diamante, havia ele acolhido a minha alma.
Vejo, agora, minha carne sangrar, e a vida de mim se sucumbir, eis que ao pé do meu ouvido, escuto o padre a proclamar, "Prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe.".
Uma nova força, uma antiga nova força, renasce ou desperta, a cada sentimento de ódio certeiro eficaz, explode em toda a sua fúria silenciosa, mas não importa o que digam os crendeiros, essa nova força é imortal e invencível: refiro-me enfaticamente à força plenipotenciária do Espírito que é maior até que a do próprio demiurgo, mas não maior do que a do Deus desconhecido e verdadeiro que tenta nos salvar deste mundo insípido criado pelos agentes do conformismo e do nada.
Um dia estarás morto,mesmo estando vivo, e teu coração sonhador e solitário então sangrará, mas com a tinta rubra do sangue da desventura, pintarás poemas da esperança de um amor eterno.
CORRE,CORRE
a vida nos prega peças
quando menos esperamos nos prega essas
nascemos sonhando não esperamos que
o tempo coloque tudo as avessas
muda os rumos que almejamos
trabalhamos,estudamos,planejamos
trabalhando desanimamos pois tudo que pensamos
corre não corre como planejamos
sonhar é bom até os animais sonham
gatos e cachorros com certeza
olhos reviram, latem, suspiram
patas em convulsão se arrastam pelo chão
vivemos em um looping
somos vitimas do vai e vem
não somos donos de nossos gostos
nem de nossos atos também
Vivemos a morte à cada dia
hoje não vemos quem a gente via
o tempo nos leva e a tudo
ficamos com ele,cegos,surdos,
caducos,parados,esquecidos
arrependidos,findos
Levantou pela noite silenciosa e turva a desolada diva e andou desesperada num vai e vem pela casa vazia... Bebeu vinho, tomou Valium... vagarosamente devorou uma estranha erva que havia em um vaso de vidro. Reviveu na memória a dolorosa verdade de uma vida cheia de solidão e vazio. Divagou por devaneios vagos onde viu vaidades, vícios, virtudes e vituperios... Escreveu pelas paredes velhas versos vorazes e venenosos...Viu vultos,ouviu vozes... Entre luzes vibrantes de velas Dançou uma valsa na varanda... Enquanto ouvia violentos toques musicais que viajavam aos seus ouvidos divinos vindo de um invisível violino!... - Ali já não mais invejava os que envelheciam!... E num ávido impulso resolveu voar junto ao vento como se fora uma ave ventureira que rumava ao verdejante vale que leva ao eterno nirvana! Voa veloz desolada diva! Voa!...
EXCELENTÍSSIMA ENFERMIDADE
Eu nem te vejo
Eu nem te sinto
Eu nem te toco
Ah, mas você...
Você é esperto rapaz...
Sutilmente se instalou
Dominou
Alastrou
E na beneficência do temor humano
Trancou
Fechou
Separou
Isolou
E como se já não bastasse
Até fez-se expirar a vida de inocentes
E, aos montes
Leva consigo em meses
O que vida toda não foi capaz
Eu nem te vejo
Eu nem te sinto
Eu nem te toco
Ah, mas eu te conheço bem
Não se cansa, né?
Nunca é suficiente, né?
O caos é teu melhor amigo
Agora ele se familiariza
E traz novos companheiros a todos
E como uma boa visita
Trouxe comida
E alimentou os monstros
Antes adormecidos,
Se corromperam em carrapatos da sanidade
O imaculado e vívido sangue
Neste momento, é parte deles
Me contenho com resto
Mas pelo menos me diga
Está feliz?
Está satisfeito?
Conseguiu o que queria?
Serei teu pior inimigo
E assim como sua adoração pelo poder
Sou perdidamente apaixonada pela justiça
Céu Purpura
Sob ruas nevoentas, não enxergo justiça
Sem horas para contar minha insônia
Divago louco, envolto no pálido tato
Segurando a linha tênue da vida
Em pele conflitante a minha
A morte possui senso de humor
Rindo ele esteve, do nosso genuíno amor
Pintando-a, assim, de provocador roxo
Jus as suas vestimentas fúnebres
Destoante de seu cerne perfeito
Forçado estou, ao fardo doloroso
De carregar a obra-prima mortal
Sublime aroma angelical a fugir
De seus cabelos sem luz a revirar-me
Sua essência absoluta, do meu lado a ficar
Zombeteira aos olhos impudicos
Sua posição transcende sangue e carne
Me isolando de ti, abriu celebres asas
Largando a existência antiga
A qual amei perdidamente
Mas pouco me falta
Não serei capaz de dá-la a terra
A mim sempre pertenceu e assim será
Dissipado em eterna aflição
Deita-se em mim sem mais tensão
Inabilitado do pensar
O que me resta é apreciar
Juntos as suas preferidas Violetas
O céu purpura de seus lábios.
A única opção daquele que possui o coração dilacerado, — é vencer! Seguir adiante e curar sua própria ferida.
Sou livre porque o Cordeiro me amou
Em Tuas mãos está a chave que do cativeiro me livrou
Naquela cruz o barro e o sangue
Se fizeram um só em meu Jesus
Tua graça me livrou da morte
A contemplação e a crítica deveriam se elevar ao status de arte por serem habilidades escassas e incomuns nestes dias.
De nada adianta olhar e não ver. De que vale estar em frente a algo e nada sentir?
A insignificância ao que nos rodeia é a desistência da vida e a insensibilidade às pequenas coisas é a morte que chegou e ainda não foi assimilada.