Mensagens de Martha Medeiros
A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito,
que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil.
Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto,
e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui.
E dizem que sou inteligente, e a burrice do mundo é tanta que deixo a modéstia de lado e concordo.
Amei você de um modo que se você conseguir que outra te ame, não desgrude dela como permitiu que eu desgrudasse de você, e acredite quando digo que não te culpo pelo nosso rompimento, não culpo agora, que sei que você não tinha controle sobre meu ímpeto de me machucar.
Todo dia eu procuro me lembrar: dá pra escolher. Não temos controle sobre tudo, mas dá pra escolher entre ter amigos ou viver recluso, dá pra escolher entre privilegiar um amor ou ter vários casos superficiais, dá pra escolher entre levar a vida com bom-humor ou levar a vida na ponta da faca. Se a escolha será acertada, aí já é outro assunto, o futuro vai dizer.
Felizes são aqueles que aprendem a administrar seus conflitos, que aceitam suas oscilações de humor, que dão o melhor de si e não se autoflagelam por causa dos erros que cometem.
O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste.
Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole.
Martha Medeiros
Porque mesmo tendo meus momentos de azedume e melancolia, porque mesmo administrando inúmeros conflitos internos, sou feliz, CRETINAMENTE feliz. Que me perdoem tal mácula no currículo os que forem infelizes e indubitavelmente mais inteligentes.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru. (...)
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem passa os dias reclamando do seu azar ou da chuva incessante. (...)
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar.
Nota: Adaptação de trechos da crônica "A Morte Devagar", de Martha Medeiros. Muitas vezes é erroneamente atribuída a Pablo Neruda.
...Mais'[...] O fato é que queremos, todos, compreender. É irritante não entender o final de um filme, e mais ainda o final de um amor. Pior do que dever dinheiro é ficar devendo respostas para as questões que nos formulamos. Exigimos explicações de nós mesmos, na esperança de que isso nos acalme. Como se fosse possível apreender todo o mistério do mundo, como se houvesse palavras suficientes pra denominar todos os sentimentos que nos assaltam. [...]''
E não existem mesmo palavras suficientes para descrever tudo aquilo que sentimos, vemos e vivemos. As significações não aportam nem metade daquilo que se vive e se tenta demonstrar. Viver ultrapassa qualquer explicação, qualquer frase, qualquer texto. É coisa que só quem sente sabe o que é, mesmo que não saiba descrever.
Faça valer a sua passagem por aqui. Não sei se você percebeu, mas viver é nossa única opção real. Antes de nascermos, era o nada.
Na maturidade, não tem ninguém esperando no portão pra nos levar pra casa, mas tem uma caminhada excitante rumo a um prazer que só quem se arrisca, conhece. O prazer da independência. O prazer de ter a sua assinatura avalizando cada uma de suas conquistas.
Já quem se falsificou num adulto que parece que é, mas não é, desperdiçou a chance de ter uma vida autêntica porque se assustou com a poeira no horizonte, previu que seria uma luta perdida, que não daria conta. Mas daria. O gigante, em qualquer circunstância, somos nós.
Martha Medeiros
"Que honremos o fato de ter nascido, e que saibamos desde cedo que não basta rezar um Pai Nosso para quitar as falhas que cometemos diariamente. Essa é uma forma preguiçosa de ser bom. O sagrado está na nossa essência, e se manifesta em nossos atos de boa fé e generosidade, frutos de uma percepção profunda do universo, e não de ocasião. Se não estamos focados no bem, nossa aclamada religiosidade perde o sentido"
O contrário do amor não é o ódio, e sim a indiferença. Quem odeia está mais envolvido do que supõe...
"Para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada."
Cada não que eu recebi na vida entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
Não os colecionei. Não foram sobrevalorizados. Esperei, sem pressa, a hora do sim.
Porque a cidade da gente é isso, um lar. Nem precisamos de chave, a porta está sempre encostada, esperando por nós.
Vampiros deixam você murchinha, chupam até a última gota. Um belo dia você descobre que nunca recebeu nada em troca, que foi sempre um ombro amigo, que sempre esteve à disposição, e sofreu tão solitariamente que hoje se encontra aí, mais carniça do que carne. E ocorre também entre amigos, entre colegas de trabalho, entre familiares, não só nas relações de amor.
Doe sangue para hospitais. Dê seu sangue por um projeto de vida, por um sonho. Mas não doe para aqueles que sempre, sempre, sempre vão lhe pedir mais e lhe retribuir jamais.
Queixos tremem de emoção
olhares embaçam de tão tristes
sorrisos iluminam um ambiente
vincos surgem com o sofrimento
peles acetinam ao serem tocadas
e olheiras revelam um impasse...
Através da face é possível ler todos os sentimentos.
...
Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.
Tenho um respeito tremendo por quem sofre em silêncio, principalmente pelos que sofrem por amor. Perder a companhia de quem se ama pode ser uma mutilação tão séria quanto a sofrida por Lars Grael, só que os outros não enxergam a parte que nos falta, e por isso tendem a menosprezar nosso martírio. O próprio iatista terá sua dor emocional prolongada por algum tempo, diante da nova realidade que enfrenta. Nenhuma fisgada se compara à dor de um destino alterado para sempre.
Palavras são apenas resumos dos nossos sentimentos profundos, sentimentos que para serem explanados precisam mais do que um sujeito, um verbo e um predicado. Precisam de toque, visão, audição. Amor virtual é legal, mas o teclado ainda não dá conta de certas sutilezas.