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Eu choro contraída, como se alguém estivesse perfurando minha alma com uma lâmina enferrujada, choro como quem implora, pare, não posso mais suportar.

O fim de um romance quase nunca tem a ver com os rompimentos de novela, onde a mocinha abre mão do amado porque alguém a está chantageando ou porque descobriu de um dia para o outro que ele é, na verdade, seu irmão gêmeo. No último capítulo tudo se esclarece e a paixão segue sem cicatrizes, Já rompimentos causados por decepções e incompatibilidades reais não são assim tão fáceis de serem contornados.

ele diz que me ama, deseja
me quer para sempre, me pede
para ser sua mulher, me corteja
me faz confissões, me venera
me entrega sonetos, me beija
implora meu sim, me calo
depois penso melhor, que seja

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.

digamos que você não seja assim
tão seguro e inteligente como diz

vai ver me trai toda semana
leva pra cama minha melhor amiga
faz intriga a meu respeito
fala mal dos meus defeitos
garanto que não usa a gravata que dei

pode ser que você não goste
dos beijos que diz gostar
faz tudo só por fazer e me testar

vai ver não tem nem emprego
pede dinheiro emprestado
bate com o carro no meio-fio
você não tem nenhum caráter
passou por mim e fingiu que não viu

vai ver você morre de medo
de se olhar no espelho de dia
seu saldo está no vermelho
seu cão morto de fome

e você com raiva da vida
digamos que você não seja solteiro
e eu entrei numa fria

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.

Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios.

Nenhum amor é igual ao outro, logo, as dores também deixam cicatrizes particulares.

''E se eu ao menos fosse considerada uma aliada sua, mas não, eu era mais um elemento do exército oposto,aquela que estava mais perto e que podia receber seus golpes mais certeiros. Você nunca foi violento, mas como era cruel.''

O silêncio absoluto, quando
não vela nosso sono, diverte-nos
torturando.

Crônica: Dia e noite - Trem Bala

Todo pedido é uma transferência de poder. Você quer que alguém, ou algo, uma entidade cósmica qualquer, tome conta dos seus dias. Não fique devendo esse favor para os céus. Cancele a encomenda e meta você mesmo a mão na massa. Seja mais legal com seus irmãos, tome banho de chuva, dê um beijo surpresa em quem você ama, cuide dos seus dentes, aproveite sua juventude, viaje de trem, ande de bicicleta, responda os e-mails recebidos e passe horas dentro do mar. Trate de fazer as pazes com o espelho, de se espreguiçar, de dizer bom-dia pro porteiro e de dançar sozinho no meio da sala. Comece a correr atrás dos seus sonhos, a valorizar as coisas simples e a zelar pelo o que só você tem: sua vida.”

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. […] Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir. […] Me rapte! Se nada disso funcionar, experimente me amar.

Martha Medeiros

Nota: Versão adaptada de Link

O pensamento é o único lugar onde ainda estamos seguros,
é onde nossa loucura é permitida
e onde todos os nossos atos são inocentes.
Que instale-se um novo mundo cibernético,
mas que virem sucata esses detectores
de mentiras, tão sujeitos a falha.
Dentro do pensamento não há tecnologia
que consiga nos achar.

O bem é uma construção de uma vida.
O mal, ao contrário, é rápido no gatilho.

"Trabalhe como se você não precisasse do dinheiro,
Ame como se você nunca tivesse sido magoado e dance como
se ninguém estivesse te observando."

"O maior risco da vida é não fazer NADA."

Martha Medeiros

Nota: Trecho desta crônica. A primeira frase remete ao trecho da canção Come From The Heart, com composição de Richard Leigh e Susanna Clark.

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A mulher interessante não é propriamente bonita, mas tem personalidade, tem postura, tem um enigma no fundo dos olhos e uma malícia que inquieta a todos quando sorri. As pessoas se questionam: o que é que essa mulher tem?! Ela tem algo! Pronome indefinido: algo. Ficar bonitinha, muitas conseguem, mas ter algo é para poucas.

Martha Medeiros

Nota: Trecho adaptado do texto "O Charme das Feias-bonitas".

O tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Montanha Russa. Porto Alegre: L&PM Editores, 2003

Nota: Adaptação de trecho da crônica "O Centro das Atenções", originalmente publicada na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 23 de abril de 2001, e posteriormente incorporada no livro "Montanha Russa". O pensamento pertence originalmente a Ludwig Marcuse.

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Uma paixão aqui, um quase-amor ali. Ainda bem que existem amigos para amar, abraçar, sorrir, cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas. E a vida segue. Feliz. Sua imaginação te preenche, seus amigos te dão colo, vodca e dias incríveis.

A gente implora a Deus para que nos ajude a esquecer um amor quando na verdade não é esquecer que precisamos: é lembrar corretamente.

Troquei sonhos por objetivos. Eles são mais compactos, ocupam menos espaço e dão mais certo.

Hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar.

Martha Medeiros
Montanha-russa. Porto Alegre: L&PM Editores, 2003.

Nota: Trecho da crônica "Aprendendo a desaprender".

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Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. (…) Gosto do barulho das páginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: (…) a lombada descascando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros.