Mensagens de Autores Famosos

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PARTIDO

Agrupamento para defesa abstrata de princípios e elevação positiva de alguns cidadãos.

Carlos Drummond de Andrade
O Avesso das Coisas: Aforismos. Rio de Janeiro: Editora Record, 1990.

É menor pecado elogiar um mau livro sem o ler do que depois de o ter lido. Por isso, agradeço imediatamente depois de receber o volume. Não há vida literária plenamente virtuosa.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Passeios na Ilha, 1952

O progresso dá-nos tanta coisa que não nos sobra nada nem para pedir, nem para desejar, nem para jogar fora.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Passeios na Ilha, 1952

Cem máximas que resumissem a sabedoria universal tornariam dispensáveis os livros.

Carlos Drummond de Andrade
Andrade, C. D. O Avesso das Coisas. Aforismos. Editora Record. 2ª Edição. 1990

Para a virtude da discrição, ou de modo geral qualquer virtude, aparecer em seu fulgor, é necessário que faltemos à sua prática.

Carlos Drummond de Andrade
Andrade, C. D. Fala, Amendoeira, Record, 1998

Poema da purificação

Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau
e jogou seu corpo no rio.
As água ficaram tintas
de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.
Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.

Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.

Machado de Assis

Nota: Autoria não confirmada.

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.

Machado de Assis
Ressurreição (1872).

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

Machado de Assis
Assis, M. Obra Completa de Machado de Assis. vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994.

Nota: Conto "Verba Testamentária" da obra "Papéis Avulsos" de Machado de Assis.

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Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz...

Machado de Assis
O último dia de um poeta (1867).

Livros e flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?

Machado de Assis
Falenas. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1870.

A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre, por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).

Botas...as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar.

Machado de Assis

Nota: Adaptação de trecho do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer.

Machado de Assis

Nota: Trecho de carta escrita em 19 de agosto de 1906, para Joaquim Nabuco.

O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se; basta a simples reflexão.

Machado de Assis
Helena (1876).

Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado.

Machado de Assis
Obra Completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Vol. III, 1994.

Nota: Originalmente publicado no jornal "Gazeta de Notícias", em 25 de setembro de 1892.

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Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies.

Machado de Assis

Nota: Trecho do conto Primas de Sapucaia, publicado originalmente no jornal "Gazeta de Notícias", em 1883.

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Círculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
– "Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

– "Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna á gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

– "Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:

– "Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"

Machado de Assis
Ocidentais (1901).

A uma senhora que me pediu versos

Pensa em ti mesma, acharás
Melhor poesia,
Viveza, graça, alegria,
Doçura e paz.

Se já dei flores um dia,
Quando rapaz,
As que ora dou têm assaz
Melancolia.

Uma só das horas tuas
Vale um mês
Das almas já ressequidas.

Os sóis e as luas
Creio bem que Deus os fez
Para outras vidas.

Machado de Assis
Poesias completas (1938).

O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.

Machado de Assis
Esaú e Jacó (1904).