Mensagens de Autores Famosos
Coitado do Meu Coração —
O trágico é que, para continuar, a gente
precisa matar tanta coisa boa que
sempre nos deu vida. — que desperdício!
Mas no dia em que der certo
(se algum dia der certo),
eu estarei pronto para ser
exatamente o que sou.
Por enquanto,
a gente olha, chora e se afasta,
tentando arrumar os pedaços
como puder.
(Coitado do meu coração:
Está sem entender nada
há séculos!).
A Gente Se Perdeu -
Com uma sensação horrível
no peito,
hoje eu senti:
Em meio a tantos encontros
e desencontros,
a gente se perdeu de vista.
Eu ainda olho para trás,
mas ela não.
"É verdade que o caminho seria mais curto e mais cômodo se não fosse a montanha; mas a montanha existe e é preciso seguir viagem!"
É verdade, meu amigo, que cada dia compreendo melhor quão insensato é vivermos a julgar os outros. De minha parte, tenho tanto que fazer para modificar-me a mim mesmo, tanto esforço a despender para acalmar as tempestades do meu coração!... Ah! eu deixarei de bom grado que os outros façam o que bem entendam, contanto que eles me deixem fazer o mesmo.
Feliz criatura que pode atribuir a ausência da felicidade a um obstáculo terreno! Você não sente que é no seu coração arruinado, no seu cérebro desorganizado que jaz o seu mal, e que todos os reis da terra não poderão curá-los!
O Sentido da Vida
Nós sempre estamos ocupados em procurar respostas que consideramos importantes para compreender o sentido da real da vida. É muito mais importante viver plenamente, sem preocupações, e deixar que o próprio tempo se encarregue de revelar os maiores segredos de nossa existência. Se estamos ocupados de mais em encontrar um sentido, não deixamos a natureza atuar, e nos tornamos incapazes de ler os sinais mais evidentes de Deus. Certo dia, li um cartaz que dizia o seguinte: "Justamente quando consegui encontrar todas as respostas, mudaram todas as perguntas".
Obrigado Senhor por ocultar essas coisas dos sabios e entendidos e revela-las aos pequeninos
- Paulo Coelho Maktub
Tentação
Um estranho procurou o abade Pastor no mosteiro de Sxeta.
-Quero melhorar minha vida - disse ele. - Mas não consigo deixar de pensar em coisas pecaminosas.
O abate Pastor reparou que ventava lá fora, e pediu ao estranho:
-Aqui está muito quente. Será que o senhor podia pegar um pouco de vento lá fora, trazê-lo para refrescar a sala?
-Isto é impossível - disse o estranho.
-Da mesma maneira, é impossível deixar de pensar em coisas que ofendem a Deus, respondeu o adade. - Mas, se você souber dizer não às tentações, elas não vão lhe causar nenhum mal.
Paredes da Vida
Um homem caminhava por um vale dos Pireneus quando encontrou um velho pastor. Dividiu com ele seu alimento, e ficaram um longo tempo conversando sobre a vida.
O homem dizia que, se acreditasse em Deus, teria que acreditar também que não era livre, já que Deus governaria cada passo.
O pastor então o levou até um desfiladeiro, onde se podia escutar - com toda a nitidez - o eco de qualquer ruído.
- A vidas são estas paredes, e o destino é o grito de cada um - disse o pastor. - Aquilo que fizermos será levado até o coração Dele, e nos será devolvido da mesma forma.
"Deus costuma agir como o eco de nossas ações."
Nas Montanhas
Entre a França e a Espanha existe uma cadeia de montanhas.
Numa destas montanhas, existe uma aldeia chamada Argelés.
Nesta aldeia, existe uma ladeira que leva até o vale.
Todas as tardes, um velho sobe e desce esta ladeira.
Quando o viajante foi a Argelés pela primeira vez, não reparou nada. Da segunda vez, viu que um homem sempre cruzava com ele. E, cada vez que ia àquela aldeia, reparava mais detalhes - a roupa, a boina, a bengala, os óculos. Hoje em dia, sempre que pensa na aldeia, pensa também no velhinho - embora ele não saiba disso.
Uma única vez viajante conversou com ele.
Querendo brincar, perguntou:
- Será que Deus vive nestas lindas montanhas á nossa volta?
- Deus vive - disse o velhinho - nos lugares onde deixam Ele entrar.
JUSTIÇA
Um Homem que procura a Justiça caminha até o Palácio da lei. Diante dele, um soldado monta guarda. A porta está aberta, mas o soldado não lhe dirige a palavra. Ele resolve esperar. "Se ficar aqui, ele verá que quero entrar", pensa o homem. E passa semanas, anos e décadas lá. Quando sente a morte se aproximando, reúne as ultimas forças e pergunta ao guarda: "Por que não me deixou entrar?". "A porta estava aberta. Por que não entrou?", respondeu o guarda.
A Justiça do bom pai
Zilu perguntou a Confúcio: "Quando devo colocar em prática o que aprendi?". Confúcio respondeu: "Ainda estou lhe ensinando. Por que essa impaciência? Espere a hora certa". No momento seguinte, Gonchi perguntou: "Quando devo colocar em prática as coisas que aprendi?". "imediatamente", respondeu Confúcio. "Mestre, o senhor não age com justiça", reclamou Zilu. "Gongchi sabe tanto quanto eu, e o senhor não o proibiu de agir". "Um bom pai conhece seus filhos", disse Confúcio. "Freia aquele que é ousado demais e empurra o que não sabe andar com as próprias pernas".
Na verdade, tinham medo de qualquer mudança que viesse a sacudir o mundo com que estavam acostumados.
Milagres
nenhuma religião consegue sobreviver apoiada em milagres. Os milagres podem ser o começo de tudo, mas a natureza humana logo se acostuma com o sobrenatural. A busca espiritual sobrevive porque existem pessoas capazes de se aventurar no desconhecido. Além de coragem, é preciso ter paciência para escutar comentários irônicos dos que acham que a razão é capaz de resolver os problemas. Certa vez, um produtor da TV BBC procurou o franciscano Agnellus Andrew, exigindo uma prova da existência do céu e do inferno. A resposta do padre veio curta e direta para ele: "Basta morrer".
Novos Caminhos
O Cientista Roger Pemrose conversava com amigos. Pararam de falar para atravessar a rua. "Quando chegamos à outra calçada e retomamos o assunto fiquei com a sensação de que um pensamento incrível me ocorrera durante a travessia, mas não conseguia lembrar o que era", conta Pemrose. Resolveu recapitular cada minuto do dia e, ao lembrar-se de atravessar a rua, a idéia voltou. Era a teoria dos buracos negros, uma revolução na física moderna. E tornou a surgir porque Pemrose acreditou em inspiração e se lembrou do silêncio ao atravessar a rua.
“ O que separa a genialidade da loucura total é a forma em como a inteligência do indivíduo é usada ”
O deus Pã não morreu,
Cada campo que mostra
Aos sorrisos de Apolo
Os peitos nus de Ceres —
Cedo ou tarde vereis
Por lá aparecer
O deus Pã, o imortal.
Não matou outros deuses
O triste deus cristão.
Cristo é um deus a mais,
Talvez um que faltava.
Pã continua a dar
Os sons da sua flauta
Aos ouvidos de Ceres
Recumbente nos campos.
Os deuses são os mesmos,
Sempre claros e calmos,
Cheios de eternidade
E desprezo por nós,
Trazendo o dia e a noite
E as colheitas douradas
Sem ser para nos dar
O dia e a noite e o trigo
Mas por outro e divino
Propósito casual.
CARTÂO POSTAL
Pra que
Sofrer com despedida?
Se quem parte não leva, nem o sol, nem as trevas
E quem fica não esquece
Tudo o que sonhou eu sei
Tudo é tão simples que cabe
Num cartão postal
E se a história de amor não acaba tão mal
O adeus traz a esperança escondida
Pra que sofrer com despedida?
Se só vai quem chegou e quem vem vai partir
Você chora se lamenta, depois vai dormir
Sabe, alguém quando parte é porque outro
Alguém vai chegar num raio de lua, na esquina, no vento ou no mar
O adeus traz a esperança escondida
Pra quê?
Sabe, alguém quando parte é porque outro
Alguém vai chegar num raio de lua, na esquina, no vento ou no mar
Pra que querer ensinar a vida?
Pra que so...frer?
Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura.
(Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares – Fonte: Domínio Público)
Fausto, personagem de Goethe, disse: “Isso [chegar aos corações alheios] você não vai conseguir, apesar do seu ardente desejo, se você não sente o que declama [ou proclama]; se isso não vem do fundo da sua alma e com encanto muito poderoso e fundado você não convence os corações do auditório (...) você pode até conquistar a admiração das crianças e dos macacos, se esse é o seu gosto, mas nunca fará seu coração chegar aos corações dos outros se isso não sai do fundo do seu coração”. Saramago falava e escrevia coisas com convicção e coração. Podemos não concordar com várias das suas teses, com sua narrativa muitas vezes exageradamente detalhista, mas não se pode negar o seu valor, o seu estilo, porque tudo foi escrito com muita humanidade (e muito coração). Enfrentou polêmicas homéricas em razão das suas convicções, mas levou-as até o final. “O homem é o que ele acredita” (Anton Tchecov, russo, dramaturgo).