Mensagens de Autores Famosos

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⁠Assim, quando os textos sagrados são escritos, ali está a alma do homem que serviu de instrumento para divulgá-los ao mundo.
E não apenas os textos sagrados, mas cada coisa que colocamos no papel. Porque a mão que traça as linhas reflete a alma de quem as escreve.

Paulo Coelho
A bruxa de Portobello (2006).
Inserida por andreiaparedra

⁠Em determinado momento de nossa existência, perdemos o controle de nossa vida, e ela passa a ser governada pelo destino.

Paulo Coelho
O alquimista. São Paulo: Paralela, 2017.
Inserida por roslynakov

A pouca experiência de vida me ensinou que ninguem é dono de nada, tudo é ilusão - e isso vai dos bens materiais aos bens espirituais. Quem já perdeu alguma coisa que tinha como garantia (algo que já me aconteceu tantas vezes) termina por aprender que nada lhe pertence.
E se nada me pertence, tampouco preciso gastar meu tempo cuidando das coisas que não são minhas; melhor viver como hoje fosse o primeiro (ou o último) dia da minha vida.

Inserida por Criumel

Quando alguém encontrar seu caminho, não pode ter medo. Precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada.

Paulo Coelho
Brida (1990).
Inserida por pensador

Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios.

Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa.

Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Bem, e daí? Daí, nada. Quanto a mim, autor de uma vida, me dou mal com a repetição: a rotina me afasta de minhas possíveis novidades.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Toda vez que eu faço uma coisa com intenção não sai nada, sou portanto um distraído quase proposital. Eu finjo que não quero, termino por acreditar que não quero e só então a coisa vem.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Desde já calculo que aquilo que de mais duro minha vaidade terá de enfrentar será o julgamento de mim mesma: terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

É difícil compreender e amar o que é espontâneo e franciscano. Entender o difícil não é vantagem, mas amar o que é fácil de se amar é uma grande subida na escala humana. Quantas mentiras sou obrigada a dar. Mas comigo mesma é que eu queria não ser obrigada a mentir. Senão, o que me resta?

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica “Brain storm”.

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Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Sou assombrada pelos meus fantasmas, pelo que é mítico e fantástico – a vida é sobrenatural. (...) Antes de me organizar tenho que me desorganizar internamente. Para experimentar o primeiro e passageiro estado primário de liberdade. Da liberdade de errar, cair e levantar-me.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

O pior momento de sua vida era nesse dia ao fim da tarde: caía em meditação inquieta, o vazio do seco domingo. Suspirava. Tinha saudade de quando era pequena – farofa seca – e pensava que fora feliz.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Quanto ao resto, ladies e gentlemen, eu me calo. Só não conto qual é o segredo da vida porque ainda não aprendi. Mas um dia eu serei o segredo da vida. Cada um de nós é o segredo da vida e um é o outro e outro é um.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Uma mulher inteligente visa um único homem. Veste-se, anda, e fala para agradar exclusivamente a ele.

Clarice Lispector
Correio feminino. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.

Nota: Clarice atribui a citação a Marlene Dietrich.

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Não sei como se faz outra cara. Mas é só na cara que sou triste porque por dentro eu só até alegre. É tão bom viver, não é?

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não há homem ou mulher que por acaso não se tenha olhado ao espelho e se surpreendido consigo próprio. Por uma fração de segundo a gente se vê como a um objeto a ser olhado. A isto se chama talvez de narcisismo, mas eu chamaria de: alegria de ser. Alegria de encontrar na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade que eu não me imaginei, eu existo.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica A surpresa.

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Às vezes só a mentira salva. Então, no dia seguinte, quando as quatro Marias cansadas foram trabalhar, ela teve pela primeira vez na vida uma coisa a mais preciosa: a solidão. Tinha um quarto só para ela. Mal acreditava que usufruía o espaço. E nem uma palavra era ouvida. Então dançou num ato de absoluta coragem, pois a tia não a entenderia. Dançava e rodopiava porque ao estar sozinha se tornava: l-i-v-r-e! Usufruía de tudo, da arduamente conseguida solidão, do rádio de pilha tocando o mais alto possível, da vastidão do quarto sem as Marias. Arrumou, como pedido de favor, um pouco de café solúvel com a dona dos quartos, e, ainda como favor, pediu-lhe água fervendo, tomou tudo se lambendo e diante do espelho para nada perder de si mesma. Encontrar-se consigo própria era um bem que ela até então não conhecia. Acho que nunca fui tão contente na vida, pensou. Não devia nada a ninguém e ninguém lhe devia nada. Até deu-se ao luxo de ter tédio — um tédio até muito distinto.

Clarice Lispector

Nota: Nota feita pela própria Clarice no 117º parágrafo do livro "A hora da estrela".

Se fosse criatura que se exprimisse diria: o mundo é fora de mim, eu sou fora de mim.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Sei que o que escrevo aqui
não se pode chamar de
crônica nem de coluna nem
de artigo. Mas sei que hoje é
um grito. Um grito! de
cansaço. Estou cansada! É
óbvio que o meu amor pelo
mundo nunca impediu
guerras e mortes. Amar
nunca impediu que por
dentro eu chorasse lágrimas
de sangue. Nem impediu
separações mortais. Filhos
dão muita alegria. Mas
também tenho dores de parto
todos os dias. O mundo
falhou pra mim, eu falhei
para o mundo. Portanto não
quero mais amar. O que me
resta? Viver automaticamente
até que a morte natural
chegue. Mas sei que não
posso viver automaticamente:
preciso de amparo e é do
amparo do amor.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O grito.

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Por falta de quem lhe respondesse ela mesma parecia se ter respondido: é assim porque é assim.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.