Mensagens de Autores Famosos
TINHA UM RIO NO MEIO DO VALE
(Parodiando Carlos Drummond de Andrade)
Tinha um rio no meio do vale
No meio do vale tinha um rio
Tinha um rio no meio do vale
No meio do vale tinha um rio
Tinha um rio...
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Nas cenas de minha infância passada
Que no meio do vale tinha um rio
Que tinha um rio no meio do vale
Tinha um rio...
Um rio de águas cristalinas
Um rio cheio de peixes...
Um rio que poluíram...
Um rio que assassinaram...
Tinha um rio no meio do vale
Que nunca me esquecerei.
Será que até mesmo o sofrimento merece educação?
Concordo com Carlos Drummond de Andrade: "A educação para o sofrimento evitaria senti-lo com relação a casos que não o merecem."
Como diz o poeta
Carlos Drummond de Andrade
Mãe, na sua graça, é eternidade
Eternidade do bolinho
Sentado no sofá
Assistindo desenho
Também daquele colo
De se esparramar
Que faz todo sentido
A doce fofura no olhar
Mais sério e derretido
Que toda filiação
Possa ser cuidada
Com preocupação
Amada e ensinada
Com todo coração
O eterno laço maternal
De um jeito, cada qual
Sempre merecerá
Todo cuidado
Todo respeito, igual
Seja quem for
Mãe nem sempre será
Quem gerou
Mas quem dá o amor
E com carinho amou
Obrigado por existir
Sem você
O que de mim seria?
Ainda bem
Eu poder sempre lembrar
Da sua companhia
Aonde quer que esteja
Sentimento abençoado
Para sempre me fará
Ao seu amor destinado
Feliz dia das mães!
Transitando por Minas.
Prospectando nas montanhas de Carlos Drummond de Andrade.
Minas das montanhas belas de Itabira, da Liberdade de Tancredo Neves e das ideias republicanas de Teófilo Benedito Otoni. Minas de inspiração do Menino do Mucuri. Da Praça da Jabuticaba de Contagem. Das exuberantes passarelas de Boa Esperança. Das águas líricas do Rio Doce da minha eterna Figueira do Rio Doce. Minas das lagoas de 7 Lagoas, das escadarias do Serro, das riquezas culturais de Diamantina, da arte e da música do Vale do Jequitinhonha. Minas da minha amada Joaíma, da bela Lagoa Santa. Minas da pujança de São Lourenço, Minas do Belo Horizonte da Lagoa da Pampulha, patrimônio da humanidade.
Poesia espelhada ao contrário do poema Negra, de Carlos Drummond de Andrade. Um exercício...
Branco
O sinhô branco tem tudo
o sinhô branco manda em todos:
__ Negros, vão carpir arar
aguar
extrair carregar estocar no celeiro
empacotar
subir paredes
rachar lenha transportar
limpar os sinhozinhos
fêmeas para servi-lo
parir.
O sinhô branco manda em tudo
tudo que seja tudo tudo mesmo
até o minuto final de vida de seus escravos
(único tempo que têm para se libertar)
enquanto o sinhô branco desde sempre
libertado está!
Agosto/ 2022
31 de outubro,
DIA DO POETA VIRTUAL...
e nascimento do poeta maior Carlos Drummond de Andrade.
Saudações!
O VERBO POETA (soneto)
Sem metáforas, conjuga-se, o amor
Na oração tudo há, perfeito infinito
Varia nas flexões, e nunca restrito
Na alma, no olhar, soma esplendor
Das conjunções, és o verbo bonito
Nas ordenações, é a junção maior
Regulares e irregulares, num alvor
O poeta, então, grifa o seu escrito
Se a favor, ledices, também há dor
Do verbo amar, o poeta não é finito
Vai além da "sofrência", e do ardor
De qual verbo então é o poeta? Dito:
É o do sonhador. Pois neste condutor
Sabe cantar: quimeras com espírito...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
"Mas se Deus é as flores e árvores
e os montes e sol e o luar,
então acredito nEle,
então acredito nEle a toda a hora".
(Fragmentos extraídos do livro “Fernado Pessoa – Obra poética II” – Organização: Jane Tutikian – Editora L&PM, Porta Alegre – RS, 2006).
Era tudo brincadeira até que, de repente... lá vou eu de novo querer o impossível... Faz parte do meu ser, faz parte do meu viver... e sem emoção não tem nenhuma graça... Afinal, como bem disse de Saint-Exupéry, o que se leva desta vida, é a vida que a gente leva.... Porém, estou mais pra Zeca Pagodinho mesmo... deixando a vida me levar... Cansei!
30.04.2020
Não Me Sinto Mudar
Não me sinto mudar. Ontem eu era o mesmo.
O tempo passa lento sobre os meus entusiasmos
cada dia mais raros são os meus cepticismos,
nunca fui vítima sequer de um pequeno orgasmo
mental que derrubasse a canção dos meus dias
que rompesse as minhas dúvidas que apagasse o meu nome.
Não mudei. É um pouco mais de melancolia,
um pouco de tédio que me deram os homens.
Não mudei. Não mudo. O meu pai está muito velho.
As roseiras florescem, as mulheres partem
cada dia há mais meninas para cada conselho
para cada cansaço para cada bondade.
Por isso continuo o mesmo. Nas sepulturas antigas
os vermes raivosos desfazem a dor,
todos os homens pedem de mais para amanhã
eu não peço nada nem um pouco de mundo.
Mas num dia amargo, num dia distante
sentirei a raiva de não estender as mãos
de não erguer as asas da renovação.
Será talvez um pouco mais de melancolia
mas na certeza da crise tardia
farei uma primavera para o meu coração.
Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.
Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?
Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Algum dia, em qualquer parte, inevitavelmente, há de encontrar-se contigo mesmo. E só depende de ti se essa será a melhor ou a mais amarga de tuas horas
Você pode cortar todas as flores, mas não pode impedir a chegada da primavera.
Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado
na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,
agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.
A poesia é sempre um ato de paz.
O poeta nasce da paz como o pão nasce da farinha.
“...Sem leitura não se pode escrever.
Tampouco sem emoção, pois a literatura
não é, certamente,um jogo de palavras.
É muito mais. Eu diria que a literatura
existe através da linguagem, ou melhor,
apesar da linguagem...”