Mensagens de Autores Famosos
Sempre necessitamos ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos faz desambiciosos.
Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.
Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira.
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.
Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber apenas.
Foi-se a Copa? Não faz mal.
Adeus chutes e sistemas.
A gente pode, afinal,
cuidar de nossos problemas.
Faltou inflação de pontos?
Perdura a inflação de fato.
Deixaremos de ser tontos
se chutarmos no alvo exato.
O povo, noutro torneio,
havendo tenacidade,
ganhará, rijo, e de cheio,
A Copa da Liberdade.
Turno à Janela do Apartamento
Silencioso cubo de treva:
um salto, e seria a morte.
Mas é apenas, sob o vento,
a integração da noite.
Nenhum pensamento de infância,
nem saudade nem vão propósito.
Somente a contemplação
de um mundo enorme e parado.
A soma da vida é nula.
Mas a vida tem tal poder:
na escuridão absoluta,
como líquido, circula.
Suicídio, riqueza ciência...
A alma severa se interroga
e logo se cala. E não sabe
se é noite, mar ou distância.
Triste farol da ilha rosa.
Ele tem o seu mundo.
Ele escreve,
Ele toca,
E ele canta também.
É um quase Machado de Assis.
Vive uma vida simples,
Ele é simples,
E isso é maravilhoso.
Com as palavras mais belas
Ele escreve.
Escreve bonito,
Ele sente.
Canta as canções com amor.
Canta com o encanto do tom;
Ele toca com a alma.
Ele é so um garoto
Com o seu violão azul,
E um grande mundo pela frente.
Lagrimas não são argumentos como dizia Machado de Assis, mas ao ver-te partir , partiu contigo minhas palavras, a minha voz ... levaste contigo meu maior argumento : a minha razão. Tiraste de mim a cor, e me deixastes lagrimas. Tiraste de mim amor e eu fiquei só!!! Só assim eu descobri que o amor não tem argumentos, não tem razão.
Amores não se encomendam como vestidos; sobretudo não se fingem, ou não se devem fingir nunca.
— Juro! Deixe ver os olhos, Capitu.
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada." Eu não sabia o que era obliqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas.
Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. [...] Entretanto, se eu me ativer só à lembrança da sensação, não fico longe da verdade. [...] Realmente, por mais preparado que estivesse, padeci muito. [...] Sofria com alma e coração; demais.
Os acontecimentos humanos dependem de circunstâncias fortuitas e indiferentes. Chame a isto acaso ou providência; nem por isso a coisa deixa de existir.
As mulheres que são apenas mulheres, choram, arrufam-se ou resignam-se; as que têm alguma coisa mais do que a debilidade feminina, lutam ou recolhem-se à dignidade do silêncio.
A vontade e a ambição, quando verdadeiramente dominam, podem lutar com outros sentimentos, mas hão de sempre vencer, porque elas são as armas do forte, e a vitória é dos fortes.
Ce ne sont pas mes gestes que j'ecris, c'est moi, c'est mon essence. Ora, há só um modo de escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal.
Ninguém a observava; mas é privilégio do romancista e do leitor ver no rosto de uma personagem aquilo que as outras não veem ou não podem ver.
A alma da gente, como sabes, é uma casa assim disposta, não raro com janelas para todos os lados, muita luz e ar puro.
Não há nada eterno neste mundo; nada, nada. As mais profundas paixões morrem com o tempo.
O vício é muitas vezes o estrume da virtude. O que não impede que a virtude seja uma flor cheirosa e sã.