Mensagem Póstuma

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"Eu tenho saudade de mil coisas e todas essas mil coisas sempre caem na mesma única coisa de que eu tenho tanta saudade.
Eu tenho saudade de tudo.
Não é um sentimento egoísta e muito menos possessivo. É apenas uma saudadezinha. Gostosa, tranqüila, bonita, saudável, de longe."

"Você me disse e me olhou de formas terríveis mas o que sobrou colado em cada parte do dia e de mim é a maneira como você sorri."

"Meu cupido deve ter mal de parkinson."

"Fernanda aguarda pacientemente pelo seu príncipe encantado, enquanto plebeus passam pela sua vida mas ela, com medo da realidade, continua os expulsando da história."

É que de vez em quando dá uma saudade na gente dessas coisas. São todas coisas simples. Meio bobas muito bonitas. (...) Mas tudo bem.

Saudade é não querer saber se ele está com outra,e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz,e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro,se ele está mais belo.
Saudade é nunca mais saber de quem se Ama e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti(e sinto) enquanto estive escrevendo e o que você (deveria)
provavelmente estar sentido agora depois que acabou de ler.”
Quem inventou a distância nunca sofreu a dor de uma saudade!!!

Toda saudade é uma espécie de velhice. É por isso que os olhos dos velhos vão se enchendo de ausências.

Rubem Alves
Se eu pudesse viver minha vida novamente. São Paulo: Verus, 2004.

Nota: A primeira frase pertence a Guimarães Rosa, presente na obra "Grande Sertão: Veredas". Rubem Alves credita a frase ao personagem Riobaldo.

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Revelação

Um dia vestido
De saudade viva
Faz ressuscitar
Casas mal vividas
Camas repartidas
Faz se revelar

Quando a gente tenta
De toda maneira
Dele se guardar
Sentimento ilhado
Morto, amordaçado
Volta a incomodar

A alma toma cá um banho de preguiça aromatizado pela saudade e pelo desejo. - É algo crepuscular, azulado e rosado; um sonho voluptuoso durante um eclipse.

A Um Ausente
Tenho razão de sentir saudade
tenho razão de te recusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

(...) Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

O sofrimentos nos torna egoístas, pois nos absorve inteiramente. Só mais tarde, sob forma de saudade, é que o próprio sofrimentos nos ensina a sermos compassivos.

Olho pro lado e sinto uma saudade imensa, doída, desesperançada e até cínica. Saudade de alguma coisa ou de alguém, não sei.

A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor não quero mais
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado

A saudade não tem nada de trivial. Interfere em nossa vida de um modo às vezes sereno, às vezes não. É um sentimento bem-vindo, pois confirma o valor de quem é ou foi importante para nós, e é ao mesmo tempo um sentimento incômodo, porque acusa a ausência, e os ausentes sempre nos doem.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.

Nota: Trecho da crônica "Matando a Saudade em Sonho"

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❝ E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu não sei o que é.

Não é fácil, muitas vezes eu me sinto sufocar de saudade, de vontade de estar perto.

Eu vou para cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto.

E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu nem sei o que é. Dessa coisa que talvez seja amor. (…) odeio todos os amores baratos, curtos e não-amores que eu inventei só pra pular uma semana sem dor. A cada semana sem dor que eu pulo, pareço acumular uma vida de dor. Preciso parar, preciso esperar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar e mais ainda a dor que vem depois dos dias entorpecidos. Eu invento amor, sim. E dói admitir isso. Mas é que não aguento mais não dar um rosto para a minha saudade.

Quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não fosse amor, não haveria desejo, nem medo da solidão. Se não fosse amor não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você.

Ela estava triste. Não era uma tristeza difícil. Era mais como uma tristeza de saudade. Ela estava só. Com a eternidade à sua frente e atrás dela.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

E na esperança de te amar eu vou vivendo
a cada dia que renasce
nasce comigo o mesmo sentimento
seu sorriso me guia em sentido à luz
em um caminho escuro o brilho do seu olhar que me seduz
e me reencontrei em você
suas mãos me trouxeram de volta para mim mesmo
quando eu já não sabia mais quem eu era
seu abraço me esquentou
quando meu coração já não tinha mais calor
e assim eu renasço a cada dia
e assim eu vivo
de quase tudo já desisti
de coisas que eu podia ter
que eu podia ser
mas, mesmo que o mundo caia sobre nós,
que as estrelas se apaguem,
eu desistiria de mim de novo,
mas não desistiria de você.