Mensagem Póstuma
O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas.
Todos os homens tremem ante a punição e todos os homens temem a morte; lembra-te que te assemelhas a eles, e portanto não mates nem contribuas para a matança.
O que é a história? É o trabalhar para elucidar progressivamente o mistério da morte e vencê-la um dia.
Envelhecer é cultivar adeuses
e empobrecer em cada despedida.
Os afetos morrendo com os mortos.
Lembrar é praticar necromancia.
O que fazer de tudo o que já foi,
mas fica latejando em nossa vida?
É o incurável câncer da saudade:
o que passou matando o ainda vivo.
Sou muito lógica, o que me permite enxergar os detalhes mais estranhos e perceber com clareza o que os outros ignoram.
Compra não o que consideras oportuno, mas o que te falta; o supérfluo é caro, mesmo que custe apenas um soldo.
Do hábito da resignação nasce sempre a falta de interesse, a negligência, a indolência, a inatividade, e quase a imobilidade.
A maior parte dos males e misérias dos homens provêm, não da falta de liberdade, mas do seu abuso e demasia.
Ter falta de amizades é muito mais consequência da secura de coração do que resultado de uma força de alma superior.
Os moços, por falta de experiência, de nada suspeitam, os velhos, por muito experimentados, de tudo desconfiam.
Antes de dizer “sinto sua falta” tenha a certeza que pelo menos fez o possível para estar próximo da pessoa que se encontra distante. (Garotos Também Amam)
O amor que enlouquece e permite que se abram intercadências de luz no espírito, para que a saudade rebrilhe na escuridão da demência, é incomparavelmente mais funesto que o amor fulminante.
Quando meu filho morreu (...), as visitas vinham me dar pêsames e, achando que isso iria me consolar, diziam: “A vida continua.” Que bobagem, eu pensava, porque é claro que ela não continua. É a morte que continua (...). Não existe fim para isso mas, talvez, haja um fim para o sofrimento que isso causa.
A única certeza da vida...
É a morte!
Não existe certo ou errado, nem razão e respostas.
Não adianta tentar entender o que não somos capazes de explicar.
Escrever é fácil, teoria chata demais!
Na pratica é que sentimos o quanto dói.
E como dói perder os nossos!