Mensagem para Noivos

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Diante do amor existem três tipos de mulher: aquelas com as quais nos casamos, aquelas que amamos e aquelas que pagamos. Todas essas podem muito bem estar numa só. Começamos por pagá-la, depois a amá-la e, por fim, casamo-nos com ela.

Considera como maior infâmia preferir a vida à honra / e por amor àquela, perder a razão de viver.

À medida que os sentidos avançam e se desencadeiam numa direcção, o amor verdadeiro exaure e retira-se. Quanto mais os sentidos se tornam pródigos e fáceis, mais o amor se contém, empobrece ou se torna avaro.

Com o amor dá-se o mesmo que com o vinho. Perdoem-me as leitoras o pouco delicado da confrontação; mas bem vêem que ambos embriagam.

Não há amor da parte de um ser sem liberdade. Ao que ele chama o seu amor é à paixão dessa liberdade.

Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que conseguidos.

Um amoroso é um homem que se empenha em ter mais amor do que lhe é possível ter, e essa é a razão por que todos os homens amorosos parecem ridículos.

É preciso dar o nome do amor a todos os sentimentos ternos que temos. Mas nunca saberemos se é mesmo ele.

Passamos muitas vezes do amor à ambição, mas nunca regressamos da ambição ao amor.

O amor é muito mais exigente do que ele próprio supõe: nove décimos do amor estão no enamoramento, um décimo na substância amor.

É mais fácil perdoar os danos do nosso interesse que os agravos do nosso amor-próprio.

A obstinação nas disputas é quase sempre efeito do nosso amor-próprio: julgamo-nos humilhados se nos confessamos convencidos.

A constância no amor é uma bigorna que, quanto mais é batida, mais dura se torna.

É necessário ter amor pela vida para o prosseguimento vigoroso de qualquer intento.

Para criar deve existir uma força dinâmica, e que força é mais potente que o amor?

Nenhum gênero epistolar é menos difícil do que uma carta de amor: apenas é preciso amor.

O amor, tal como existe na sociedade, não passa da troca de duas fantasias e do contato de duas epidermes.

O amor dá-se mal nas casas ameaçadas de pobreza. É como os ratos que pressentem as ruínas dos pardieiros em que moram, e retiram-se.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Anos de Prosa, 1863

O amor é essa maravilhosa oportunidade de outro nos amar quando já não nos podemos amar a nós próprios.

O ódio pode ser perspicaz, mas nunca num sentido maior. Só o amor possui um horizonte.