Mensagem para Mim
Devo esclarecer que, para mim, piscar é uma espécie de vírgula que os olhos fazem quando querem mudar de assunto.
Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates… Apague minhas interrogações.
Houve neste mundo casamentos mais fabulosos, cerimônias mais memoráveis, mas para mim o nosso é o mais lindo, por que apenas nele celebra-se a união de nós dois.
Em mim tu vês a época do estio
Na qual as folhas pendem, amarelas,
De ramos que se agitam contra o frio,
Coros onde cantaram aves belas.
Tu me vês no ocaso de um tal dia
Depois que o Sol no poente se enterra,
Quando depois que a noite o esvazia,
O outro eu da morte sela a terra.
Em mim tu vês só o brilho da pira
Que nas cinzas de sua juventude
Como em leito de morte agora expira
Comido pelo que lhe deu saúde.
Visto isso, tens mais força para amar
E amar muito o que em breve vais deixar.
O importante para mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível... E que esse momento será inesquecível.
Nota: Trecho adaptado de um poema muitas vezes atribuído, de forma errônea, a Mário Quintana.
Tenho contra mim as pessoas dotadas de opiniões – quer dizer, as pessoas que se confundem com as opiniões que lhes ocorrem; as pessoas dotadas de convicções e fés.
Mas eu me distingo das minhas, e isso é quase o que me define. Sou aquele que não é / não sou / o que lhe ocorre.
Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. (…) preciso de você para dizer te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.
E eu só tenho a mim, eu só tenho a mim, repetiu, voltando a cair sobre a cama. Não posso sentir medo, não devo sentir medo, não quero sentir medo.
É o conhecimento que realmente nunca haverá alguma paz e alegria para mim até que haja paz e alegria finalmente para você também.
Embora às vezes grite: não quero mais ser eu!! mas eu me grudo a mim e inextricavelmente forma-se uma tessitura de vida.
Estou precisando de olhar sem que a cor de meus olhos importe, preciso ficar isenta de mim para ver.
Em mim, tudo o que eu superpusera ao inextricável de mim, provavelmente jamais chegara a abafar a atenção que, mais que atenção à vida, era o próprio processo de vida em mim.
Aquilo estava pela primeira vez fora de mim e ao meu inteiro alcance, incompreensível mas ao meu alcance.
O que tem me perturbado intimamente é que as coisas do mundo chegaram para mim a um certo ponto em que eu tenho que saber como encará-las, quero dizer, a situação de guerra, a situação das pessoas, essas tragédias. Sempre encarei com revolta. Mas ao mesmo tempo que sinto necessidade de fazer alguma coisa, sinto que não tenho meios. Você diria que eu tenho, através do meu trabalho. Eu tenho pensado muito nisso e não vejo caminho, quer dizer, um caminho verdadeiro.
Tenho uma paz profunda, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo. Se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz.
Tinha vontade de fazer um embrulho de mim, com papel de seda, lacinho de fita, e mandá-lo pra você. Aceita?
Eu queria que no meu modo de te fixar para mim mesmo nada tivesse recortes e definições: tudo se entremoveria num moto circular.
Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e continuo inquieta e infeliz, é porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais.
É que tudo o que eu tenho não se pode dar. Nem tomar. Eu mesma posso morrer de sede diante de mim. A solidão está misturada à minha essência...
Sabe quantas vezes eu esperei você entrar por aquela porta? Ah, você não sabe de nada e muito menos valorizar o amor de um homem. Se você foi embora, se você decidiu sair por aquela porta e não voltar então a culpa não é minha. Eu te deixei livre porque isso que fazemos, quando amamos alguém decidimos dá a ela duas opções e se você me amasse a sua opção era ficar ao meu lado, mas foi só eu virar as costas que você correu para os braços de outro alguém. Pois bem, sinto te informar que agora fechei a portas e se você desejar voltar até as janelas estarão trancadas.