Mensagem para Irmã

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Em amor, se é preciso explicar, então já não se deu o entendimento profundo, a adivinhação da verdadeira necessidade do outro.

Acho uma graça essas pessoas que acham “o amor da vida” umas 5 vezes por ano.

Porque se desse, se eu pudesse, se desse mesmo pra te amar, seria amor e ponto final.”

...não se interrogava em saber se o amava. O amor, no seu entender, devia surgir de repente, com ruídos e fulgurações, tempestade dos céus que cai sôbre a vida e a revolve, arranca as vontades como fôlhas e arrebata para o abismo o coração inteiro. Ela não sabia que nos terraços das casas a chuva forma poças quando as calhas estão entupidas, de maneira que se pôs de sobreaviso, até que subitamente descobriu uma fenda na parede.

É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz.

Eu ainda não sei controlar meu ódio mas já sei que meu ódio é um amor irrealizado, meu ódio, é uma vida ainda nunca vivida. Pois vivi tudo – menos a vida. E é isso o que não perdoo em mim, e como não suporto não me perdoar, então não perdoo aos outros. A este ponto cheguei: como não consegui a vida, quero matá-la. A minha cólera – que é ela senão reivindicação? – a minha cólera, eu sei, eu tenho que saber neste minuto raro de escolha, a minha cólera é o reverso de meu amor; se eu quiser escolher finalmente me entregar sem orgulho à doçura do mundo, então chamarei minha ira de amor.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Uma ira.

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Pra Rua Me Levar

Não vou viver
Como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
Às vezes ando só trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você

É, mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas talvez você nem queira ouvir

Ana Carolina
Álbum "Estampado"

Nota: Música composta por Ana Carolina e Totonho Villeroy

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Geralmente, as pessoas que mais têm dificuldade de se entregar ao amor são aquelas que mais têm necessidade de serem amadas!

Você agora me vai achar piegas, mas deixa eu perguntar. Você não acredita em amor?

O Mestre do Amor semeou as mais belas sementes no solo da alma e do espírito humano.

Sou feita do amor daqueles que me tanto amaram nesta vida passageira, sou feita do afeto tão precioso dos meus escassos, porém dedicados amigos. Sou a princesinha que cansou de sonhar acordada com seu príncipe encantado, sou a donzela que largou a vida de rainha atrás de aventuras, sou a adulta que não suporta a ideia de velhice… Sou o que perdi.

Ouviu, menina? Nessa vida você tem sorte, tem muito amor ao seu redor. Você não consegue ver? Cultiva, sua boba. Cultiva e colhe flores bonitas. Perfumadas… Cultiva!

Se nossos semelhantes pudessem constatar nossas opiniões sobre eles, o amor, a amizade, o devotamento seriam riscados para sempre dos dicionários; e se tivéssemos a coragem de olhar cara a cara as dúvidas que concebemos timidamente sobre nós mesmos, nenhum de nós proferiria um “eu” sem envergonhar-se.

Independente de tudo o que existe, é o amor que transforma, irrita, movimenta, embeleza, enfeia, impulsiona, destrói, liberta e prende

Primeiro tira as fraldas. Depois pode falar de amor. Desculpa, é que acho que pra amar de verdade é preciso ter muita maturidade emocional.

Amor é quando você sabe tintim por tintim as razões que impedem o seu relacionamento de dar certo,
é quando você tem certeza de que seriam muito infelizes juntos, é quando você não tem a menor esperança de um milagre acontecer, e essa sensatez toda não impede de fazê-lo chorar escondido quando ouve uma música careta que lembra os seus 14 anos, quando você acreditava em milagres. Tudo isso pode parecer uma grande dor, mas é uma grande dádiva, porque a existência do amor está toda hora sendo lembrada. Dor é quando a gente está numa relação tão fácil, tão automática, tão prática e funcional que a gente até esquece que também é amor.

Então, seguro dêsse amor, deixou de se constranger e, insensivelmente, suas maneiras mudaram. Não tinha mais, como antes, aquelas palavras tão doces que a faziam chorar, nem aquelas carícias ardentes que a tornavam doida; de modo que o seu grande amor, em que ela vivia imersa, pareceu diminiur sob ela, como a água de um rio, absorvida pelo seu leito.

Ah, então era por isso que eu sempre havia tido uma espécie de amor pelo tédio. E um contínuo ódio dele. Porque o tédio é insosso e se parece com a coisa mesmo. E eu não fora grande bastante: só os grandes amam a monotonia. (...)
Mas o tédio – o tédio fora a única forma como eu pudera sentir o atonal. E eu só não soubera que gostava do tédio porque sofria dele. Mas em matéria de viver, o sofrimento não é medida de vida: o sofrimento é subproduto fatal e, por mais agudo, é negligenciável.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

O verdadeiro caminho da sabedoria pode se identificar por apenas três coisas: precisa ter amor, deve ser prático e pode ser trilhado por qualquer um.