Mensagem para Amigas com Rima
↠ Flor de salsa ↞
Pequena flor a desabrochar
entre o verde, a cor alva
branca, como o branco do olhar,
fez-se sensível para ressalva
em rima graciosa,
da parte exótica da salsa.
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Mirrada plantinha,
no vaso da janela… dava graça
outrora: a sementinha,
agora: pétala que se desfaça
na fina erva flor de salsa.
Diria até que você é pura poesia,
ou uma divina sinfonia,
me alegrando, e a todos, com maestria,
tal qual as mais belas deusas,
além de qualquer mitologia
Percepção dentro do compasso
Honro a missão, com rimas em aço
Microfone na mão, buumm, estardalhaço
O riso e o choro do nobre palhaço
Meu suficiente são rimas no pente
Assim represento toda minha gente!
Este belo sentimento tão fecundo
Faz de um simples cidadão a um doutor
Indivíduo realçado em qualquer meio
Instrumento do querer do criador
Seja um negro, branco, ruivo ou moreno,
grande, magro, volumoso ou pequeno
são iguais sobretudo no amor
Dá no mesmo ser patrão ou zelador
Independe de patente ou serventia
Seja um padre, um ateu ou um pastor
O amor não requer teologia
Não se compra ou se acha em cartilhas
Basta plantá-lo, pra colher suas maravilhas
que o Senhor nos dá de graça todo santo Dia
P[R]O[BL]EMA
nenhuma técnica/método
receita bulário
segunda via feita a papel carbono
xerox reconhecida em firma
rúbrica a punho
sequer ensaio para a cegueira
qualquer poliqueixa minha
qualquer cólera
qualquer resultado
não é mais que
poema
único num
teorema do exercício de ser
todo dia um poeta que firula
a inquietação
condicionado à metáfora
programado em rima
aos vocábulos que rodeiam:
sou quase todo ilha
Pela Lei
Eu não tenho que falar contigo.
Não me chama de amor.
Compreendi mas não me importo com tua dor.
Tu nunca mais serás possível abrigo.
Te odeio. Tu mentiu!
Não escutarei nada que disser
pois me causará febril
estado de ser.
Te anule e nem assim me importarei.
Só quero que cale a boca e suma!
Sou a inquebrável lei
e, tu, frágil pluma.
Enferma
Não vou voltar!
E, se voltar, não vou ficar.
Não, não, não. Tu pinicas
minha pele, como enfermidades finitas.
Se caso me curar,
longe de ti quero estar.
Tortura
Não sei porque te aguento,
nem como. Pra que serve
minha diminuição-lamento?
Tu diz me amar mas quando teu sange ferve
me torno tudo aquilo que não presta.
É falta de consideração o jeito
que me tratas. Agora a fresta
fresca aberta nas vísceras minhas dói feito
as ardentes palavras por ti proclamadas.
Incontáveis vezes apertei o play
Para ouvir a voz de quem não vem
Imaginando se com você me enganei
Doçura e carinhos excessivos, em silêncio desaparecidos
Ainda assim, despertam aquele desejo proibido
No delírio do ardor
Despercebi que morcego não beija flor
Sem pena, é apenas predador
Ingenuidade pensar ser verdade
Que você seria raridade
Igualmente a todos
Satisfez tua vontade
Somente mais um voo em minha paisagem
Só mais uma rima na minha viagem.
Coleira
José é dono de Kiwi
e o nutre com rações de qualidade.
Embora custe caro, a felicidade
recompensa enquanto amor tiver.
Tudo certo, tudo indo
até que Kiwi não consiga mais
respirar. O carinho mútuo permanece infindo,
assim como a dor de José,
que investe saúde mental de dez
vidas, e o cachorro nem consegue ficar de pé!
Kiwi morre, José desidrata
de tanto se lamentar: “pobrezinho do bichinho!”
Agora tu vira-lata é, senhor.
Fareja teu ex-lar
afim de te encontrar.
Os dois eram um.
Eram, no passado,
porque agora José é nenhum
e Kiwi tornou-se alado.
Pseudomoda
Fácil seria se tu me odiasses,
mas não tenho a coragem necessária
para adotar outras faces.
Te quero bem perto e bem longe, emoção hilária
esta! Tu já estás imersa em meu ser
e canta numa distância saudosista. O que adianta
te querer como quero, se essa mista
vontade-amor-dor já é finalista
nesse concurso de identidades não-santas?
Berrantes, eufóricas, barrocas, eu-fora
do eu-dentro. Adentro o pseudo-eu
que sou eu mesma. Perco-me nesse desfile
cruel, frio, pegajoso, estridente.
Pois não sou nada,
mas sou todas concorrentes.
Absoluto Tu
Pela ponte, pelo rio,
pelo trem, pela rua.
Pela casa, pelo quarto,
pelo país, pela lua.
Por tudo e em tudo
está a inquietude do mudo
querer-te. Teu sufocante som
vocal a embalar
minha alma fragmentada. Com
graciosidade, meu descanso ponha-te a cantar.
Não bebo água,
não como cenoura.
Não respiro nem guardo mágoa
porque tu é tudo que guardo. Agoura
alma, tu te tornou minha fonte vital.
Venha, vá. Volte para cá.
Fuja! Fique! Faça-me chique:
cubra-me com carinho, caso
queira descansar. Dormir, despertar.
Morrer e voltar.
De ti, nunca me verei livre
visto que tu estás em tudo
e meu coração é teu lar-veludo.
Capa de chuva num dia ensolarado
porque, no altar, forte é a tempestade.
De acordo com o combinado,
os membros todos vestidos de ambiguidade.
Na igreja eles rezam, rudimentam-se e roem
suas próprias vísceras. Comida não há
e a sanidade os destrói.
As portas de madeira, lacradas. Lá
no céu, os portões enferrujaram.
“O altar está em chamas!
Socorro! Não quero morrer
tido como louco!”
“A água benta evaporou!
Deus, me perdõe
mas para o inferno sei que vou!”
E berram até perderem a voz
aqueles que não desmaiaram de pavor.
Morrerão, sim, todos. Nós
assistiremos tal sacro-divertimento sem respingo de dor.
Quando calamos toneladas de verbos para não entrar em polêmicas desnecessárias é porque vemos com clareza, que, infelizmente a maioria não tem entendimento de texto.
Mal leem algo e já opinam, se arvoram em analistas de algo que nem assimilaram.Querem mesmo é ter razão, mas felizmente numa poesia autoral e verdadeira nada pode ser mudado. O poeta é rima, é criador e criatura e tem licença poética para cumprir sua missão. Tão boa ela é, faz mergulhar em nuvens ou voar sem asas sobre abismos, faz colher as miríades e iluminar seu próprio caminho !
Mesmo que siga só, tropeçando em vírgulas e adjetivos, ele segue. Foi escolhido pela arte, não a escolheu, é um pupilo que respira e expira a poética, noite e dia.
Quem tem boca fala o que quer, escuta
Quem tem ouvido, cada um é cada um
Todos tem seu compromisso
As suas escolhas e o seu dever, sua maneira
De fazer, eu já fiz a minha parte, então só falta
Você.
Cada um com suas viagem, cada um com suas
Loucuras, uns quer morar em Dubai ou Nova York
E outros é morador de rua
Se você pensasse e refletisse, mudaria a sua
Conduta, se você pensasse melhor e refletisse
Mudaria a sua conduta.
A rua é minha escola, e foi nela que tudo eu
Aprendi, o ser humano é todos hipócritas, um
Pior que o outro, que a cada momento se
Contradiz.
Eu não quero ser melhor ou pior que ninguém
Apenas quero ser diferente, e a vida foi quem
Me ensinou assim, desse jeito, e ainda levo a
Honra de ser brasileiro.
Eu não estudei o português, inglês, irlandês, quanto
Menos matemática, biologia e francês, pra da aula
E querer ser professor, mas fazer oque? Se a rua quem
Me ensinou, eu vim de lá, foi de lá que eu vim doutor
Acredito que, a maioria dos sonhos de um menor um
Dia é ser jogador, acredito que, a maioria dos sonhos
De um menor, um dia é ser jogador.
Se muitos de nós tivesse a mesma sintonia, telepatia
Tudo seria melhor, se a gente se colocasse no lugar do
Outro
Mas, só vejo de mal a pior, eu vejo que nunca vai mudar
Nunca vai ser melhor, porque o que está faltando mesmo
Dentro de nós, é mais amor, o que tá faltando dentro de
Nós, é mais amor.
É que eu tenho muita coisa pra falar irmão, e se eu for
Escrever tudo isso, dá mais de 100 livros, e nunca vai
Acabar com isso não, nunca vai acabar não.