Mensagem de Mario Quintana

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Tu és a matéria plástica de meus versos, querida...
Porque, afinal,
Eu nunca fiz meus versos propriamente a ti:
Eu sempre fiz versos de ti!

E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas...Aí vai!

Se nunca nasceste de ti mesmo, dolorosamente, na concepção de um poema... estás enganado: para os poetas não existe parto sem dor.

Mario Quintana
Trecho de carta. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Nunca me acertei bem com os padres, os críticos e com os canudinhos de refresco.

Jamais deves buscar a coisa em si, a qual depende tão somente dos espelhos. A coisa em si, nunca: a coisa em ti.

(in: Caderno H, 1973.)

O viajante

Eu, sempre que parti, fiquei nas gares
Olhando, triste, para mim...

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Frases felizes...Frases encantadas... Ó festa dos ouvidos! Sempre há tolices muito bem ornadas... Como há pacóvios bem vestidos.

Quando perguntam de onde tenho ressurgido
respondo:
- Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios.

Slogan para o ministério da saúde: o fumante é um retardado que ainda não conseguiu deixar de mamar.

Haverá ainda, no mundo, coisas tão simples e tão puras como a água bebida na concha das mãos?

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Para sempre é muito tempo. O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo.

Abraçar é dizer com as mãos o que a boca não consegue, porque nem sempre existe palavra para dizer tudo.

Mas quando surges és tão outra,
e múltipla e imprevista...
que nunca te pareces com o teu retrato!
E eu tenho de fechar meus olhos,
para ver-te!

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Nota: Trecho do poema Presença.

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Feliz é aquele que sabe abrir os olhos quando acorda, enxergar sempre a manhã numa nuance mais exata.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos!

Mario Quintana
Antologia poética. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.

Nota: Trecho do poema Seiscentos e sessenta e seis.

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O amor é igual a uma borboleta: quando você tenta pegá-la, ela foge, mas quando você está distraído, ela vem e pousa em você!

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal.

Aí pensamos o que fizemos deste ano?
Quando o tempo passou e nem se notou.
Quando o vento levou o nem consegui pegar.

O tempo é o inimigo da ação não feita.
Quando deparamos, ele passou e nem se notou.
Quando eu pensei, em fazer, o tempo já passou.

Mario Quintana

Nota: Adaptação do poema "Seiscentos e Sessenta e Seis", de Mario Quintana. Link

Data e Dedicatória (Mário Quintana)

Teus poemas, não os dates nunca... Um poema
Não pertence ao Tempo... Em seu país estranho,
Se existe hora, é sempre a hora estrema
Quando o anjo Azrael nos estende ao sedento
Lábio o cálice inextinguível...
Um poema é de sempre, Poeta:
O que tu fazes hoje é o mesmo poema
Que fizeste em menino,
É o mesmo que,
Depois que tu te fores,
Alguém lerá baixinho e comovidamente,
A vivê-lo de novo...
A esse alguém,
Que talvez ainda nem tenha nascido,
Dedica, pois, os teus poemas.
Não os dates, porém:
As almas não entendem disso...

Sempre preferi deixar dezenas de mulheres esperançosas do que uma só desiludida.

"Você procura por alguém que cuide de você quando está doente, que não reclame em trocar aquele churrasco dos amigos pelo aniversário da sua avó, que jogue “imagem e ação” e se divirta como uma criança, que sorria de felicidade quando te olha, mesmo quando está de short, camiseta e chinelo."