Mensagem de Falecimento

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Não desprezes a morte; dá-lhe boa acolhida, como a uma das coisas que a Natureza quer.

Arrepender-se do passado, aborrecer-se no presente, temer o futuro: assim é a vida. Só a morte, a quem está confiada a renovação sagrada das coisas, me promete a paz.

A maior felicidade que pode acontecer a um grande homem é ele, cem anos após a sua morte, ainda ter inimigos.

O homem livre, no que pensa menos é na morte, e a sua sabedoria é uma meditação, não da morte, mas da vida.

A morte é sempre e em todas as circunstâncias uma tragédia, pois, se não o é, quer dizer que a própria vida passou a ser uma tragédia.

O samurai nasce para morrer. A morte não é uma maldição a evitar, senão o fim natural de toda vida.

A morte de uma organização acontece quando os de baixo já não querem e os de cima já não podem.

A velhice é uma tirania que proíbe, sob pena de morte, todos os prazeres da juventude.

A discórdia almoça com a abundância, janta com a pobreza, ceia com a miséria e dorme com a morte.

Para aplicar a pena de morte, a sociedade deveria ostentar a autoridade moral de não ter contribuído em nada para fabricar esse criminoso.

O amor não mata a morte, a morte não mata o amor. No fundo, entendem-se muito bem. Cada um deles explica o outro.

A morte é o descanso das repercussões sensórias, do titerear dos impulsos, das divagações do intelecto e dos serviços à carne.

Quando chega a morte, não é da nossa ternura que nos arrependemos: é da nossa severidade.

A vida é o princípio da morte. A vida só existe em função da morte. A morte é acabar e começar ao mesmo tempo, separação e união mais estreita consigo mesmo.

A morte é de certa maneira uma impossibilidade, que de repente se torna realidade.

Acontece com a velhice o mesmo que com a morte. Alguns enfrentam-nas com indiferença, não porque tenham mais coragem do que os outros, mas porque têm menos imaginação.

Se é mesmo verdade o que os sábios nos dizem e se existe um lugar que nos acolhe (depois da morte), talvez o amigo que acreditamos extinto tenha apenas nos precedido.

No meio da vida acontece que a morte surge e mede o homem. A visita é esquecida e a vida continua. Mas o fato está feito, silenciosamente.

A morte é o repouso, mas o pensamento da morte é o perturbador de todo o repouso.

Sabe-se que enquanto vivemos estamos mais ou menos expostos à inveja, mas depois da nossa morte os nossos inimigos deixam de nos odiar.