Mensagem de Falecimento

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O XADREZ DA VIDA

A vida é como uma partida de xadrez
É preciso uma tática eficaz
Temos a jogada que definirá
O curso e o fim do jogo
Nenhuma ação pode ser precipitada
Tudo deve ser criterioso e preciso
Em cada movimento, uma estratégia
Em cada sacrifício, uma oportunidade

Por isso, está na hora!
De tirar a poeira das mãos
De colocar os pés no chão
Por os planos em ação
De soltarmos as amarras
E começarmos uma revolução

De vestirmos a armadura
E corrermos para o combate
De levantar a espada
E lutar até o xeque-mate

A vida é assim! Assim é a vida!
Sempre haverá chegadas.
Sempre chegará a hora da partida.
A vida é assim! Assim é a vida!

A vida é um círculo, que tem seu início em um ponto de partida e seu fim num ponto de chegada. Com efeito, torna-se interessante, vivê-la num círculo virtuoso!

PARTIDA

Quando você parte , parte de mim parte-se
Parte meu coração, parte-se em solidão
Parte de ti fica em mim
Parte de mim vai com você
Sempre soubemos assim
Mas quando você volta

Nossos olhos se procuram
Nossas almas se enlaçam
Nossos perfumes se misturam

A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.

⁠Nosso céu...

Partida e chegada...
uma jangada lançada no mar da vida...
flores jogadas no céu...

Céu salpicado de rosas e jabuticabas
adornam a jornada celebrada
a cada partida e a cada chegada...

Uma partitura de notas em concerto divino
nos acariciam no ventre do amor em semeio...

Semeadura de beija-flor... voo e pouso...
Pouso e repouso no teu colo...
onde tudo (re)começa e nunca termina...
uma história de amor sem fim...

sempre sublime a se inventar-se
e nos reinventar...
Você e eu... no nosso céu...

⁠TE SINTO JUNTO A MIM

Mesmo com a tua partida eu ainda sinto a tua presença junto a mim, afinal, foram muitos anos ao teu lado compartilhando vários momentos. Confesso que será difícil te tirar do meu coração. Talvez eu aprenda a viver sem você, mas te esquecer, jamais. Não tem como apagar da memória uma mulher tão maravilhosa e espetacular como você. Ainda que um dia eu não esteja mais aqui, te levarei para sempre junto a mim.

TE AMO IMENSAMENTE!

Ó morte, por que não és negada aos vis, / por que não és prémio apenas para os fortes?

Numa epidemia a morte é desvalorizada. Porque se não desvaloriza no nosso quotidiano, que é como se houvesse também uma epidemia, embora ao retardador?

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Toda a gente forceja por criar uma atmosfera que a arranque à vida e à morte. O sonho e a dor revestem-se de pedra, a vida consciente é grotesca, a outra está assolapada. Remoem hoje, amanhã, sempre, as mesmas palavras vulgares, para não pronunciarem as palavras definitivas. E, como a existência é monótona, o tempo chega para tudo, o tempo dura séculos.

A morte é o final a que chegam todos os homens e que não se pode evitar com a precaução de ficar fechado em casa. O homem de coragem deve entrar nas empresas com uma confiança generosa e opor a todas as desgraças que o céu lhe envia uma coragem invencível.

Irmãos, a um mesmo tempo, Amor e Morte, / criarei a sorte. / Coisas assim tão belas / no resto do mundo não há, não há nem nas estrelas.

Se os homens conduzissem sempre a morte ao seu lado, não serviriam de maneira tão vil.

Cada civilização é obcecada, visível ou invisivelmente, pelo que pensa sobre a morte.

Vir a morte e levar-nos. E não fazermos falta a ninguém. Nem a nós. Que outra vida mais perfeita?.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, 1992

O silêncio não existe; viver é mantermo-nos no centro de um fluxo que só a morte interromperá.

Não poderás vencer a morte. Mas impõe-lhe a vida como um bandarilheiro e verás que muitas vezes ela marra no vazio.

A morte nunca se aprende, mas pode-se saber-se de cor. As guerras sabem-no. E as epidemias. E um simples agente funerário.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

A velhice não se me afigura, de modo algum, (...) o melancólico vestíbulo da morte, mas antes como as verdadeiras férias grandes, depois do esgotamento dos sentidos, do coração e do espírito que foi a vida.

A morte, que há-de vir para todos, chegará nobremente se dermos as nossas posses e a nossa vida para ajudar os homens a viverem.