Mensagem de Allan Kardec
Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa.
A fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana
O PODER DO BEM
Não há ninguém que não possa fazer o bem.
Só o egoísta não encontra jamais oportunidade.
Bastará estar entre outros seres para encontrar ocasião de fazer o bem. A cada dia a vida dá oportunidade a qualquer pessoa que não esteja cega pelo egoísmo, porque fazer o bem não é só ser caridoso, mas ser útil na medida que se possa ser e todas as vezes que for necessário.
Tão certo é que, levantando contra si os interesses e os preconceitos que elas ferem, as grandes verdades novas não se podem firmar sem luta e sem fazer mártires.
Nenhuma ideia nova, por mais certa e bela que seja, se implanta instantaneamente no espírito das massas, e aquela que não encontrasse oposições seria um fenômeno insólito.
A este respeito já se opera uma notável mudança, de algum tempo para cá. Já se fala mais abertamente; já se arriscam, e isto faz com que se abram os olhos dos próprios antagonistas, que perguntam se é prudente, no interesse de sua própria reputação, atacar uma crença que, queiram ou não queiram, por toda parte se infiltra e encontra apoio nas altas camadas sociais. Assim, o epíteto de louco, tão prodigalizado aos adeptos, começa a tornar-se ridículo. É um lugar-comum que se torna trivial, porque em breve os loucos serão mais numerosos que os sensatos e mais de um crítico já se colocou do seu lado. Aliás, é o cumprimento daquilo que foi anunciado pelos Espíritos, quando diziam: Os maiores adversários do Espiritismo tornar-se-ão os seus mais ardentes partidários e propagandistas.
Aliás, é o cumprimento daquilo que foi anunciado pelos Espíritos, quando diziam: Os maiores adversários do Espiritismo tornar-se-ão os seus mais ardentes partidários e propagandistas.
Como, em tudo, os fatos são mais concludentes que as teorias, e são eles, em última análise, que confirmam ou destroem as últimas.
Se em cada uma de suas existências um véu esconde o passado do Espírito, com isso nada perde ele das suas aquisições, apenas esquece o modo por que as conquistou.
Proibir um livro é dar mostras de que o tememos. O Espiritismo, longe de temer a divulgação dos escritos publicados contra ele e interditar sua leitura aos adeptos, chama a atenção destes e do público para tais obras, a fim de que possam julgar por comparação.
Não há qualquer afiliação, qualquer solidariedade material. A única palavra de ordem é a que deve ligar todos os homens: caridade e amor ao próximo, palavra de ordem pacífica e que não levanta suspeitas.
Os Espíritos vivem fora do tempo, tal como o compreendemos. A duração, para eles, anula-se, por assim dizer, e os séculos, para nós tão longos, não passam, aos olhos deles, de instantes que se perdem na eternidade, do mesmo modo que as desigualdades do solo se apagam e desaparecem para quem se eleva no Espaço.
O Espiritismo dá aos homens tudo o que é preciso para a felicidade aqui na Terra, porque lhes ensina a se contentarem com o que eles têm. Que os espíritas sejam, pois, os primeiros a aproveitar os benefícios que ele traz, e que inaugurem entre si o reino da harmonia que resplandecerá nas gerações futuras.
O Espiritismo jamais disse que nada mais tinha a aprender. Ele possui uma chave cujas aplicações todas ainda está longe de conhecer. Aplica-se a estudá-las, a fim de chegar a um conhecimento tão completo quanto possível das forças naturais e do mundo invisível em cujo meio vivemos, mundo que nos interessa a todos, porque todos, sem exceção, devemos nele entrar mais cedo ou mais tarde, e vemos todos os dias, pelo exemplo dos que partem, a vantagem de conhecê-lo antecipadamente.
Um equívoco muito frequente entre novos adeptos é o de se julgarem mestres após alguns meses de estudo. O Espiritismo é uma Ciência imensa, como bem sabeis, e experiência em sua prática não se adquire senão com o tempo, aliás como em todas as coisas. Essa pretensão de não mais necessitar de conselhos, e de se julgar acima de todos, é uma prova de insuficiência, pois foge a um dos primeiros preceitos da doutrina: a modéstia e a humildade.
Onde é o céu?
Existe, portanto, o mundo corporal, composto de Espíritos encarnados, e o mundo espiritual, formado pelos Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, em consequência de seu envoltório material, estão presos à Terra, ou a um globo qualquer. O mundo espiritual está por toda parte, em redor de nós e no espaço. Nenhum limite lhe é marcado. Em razão da natureza fluídica de seu envoltório, os seres que o compõem, em vez de se arrastarem penosamente no solo, transpõem as distâncias com a rapidez do pensamento. A morte do corpo é a ruptura dos laços que os retêm cativos.
Pode-se ver que as instruções dadas na América sobre a caridade e a fraternidade não cedem em nada às que são dadas na Europa. É o elo que unirá os habitantes dos dois mundos.
A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro: não é o pintor que concebeu e executou. Perante Deus é somente possível conhecê-lo, ele condena ou absolve, segundo a sua justiça. No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém, não aniquilá-lo.
A mediunidade é uma coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora.