Meninos de Rua
Lugar de gato não é na rua nem no mato.
Lugar de gato é num lar quentinho.
Repleto de cuidado, amor e carinho,
Então ? Adote logo um gatinho!
Acordo sozinho pela manhã.
Meto uns trocados no bolso e vou a rua,compro pão, compro uns jornais.
Sabe se lá porque estou sozinho,mais tenho total certeza que se estivesse acompanhado estaria mergulhado no mundo de Morfeu.
Talvez quem sabe minha boa personalidade se expõe na solidão.
Inúteis tentativas de ser melhor, não para mim, afinal, me contento com tão pouco.
Na solidão me liberto, apenas pra mim.
Condenado a estado limitado
Porque não melhor pros outros.
De certa forma egoísta, acostumado a tantas tentativas falhas.
Simplesmente me fecho.
Na solidão encontro conforto, na solidão me encontro..
Vou fazer tudo diferente...
Se antes ia embora por uma rua, hoje vou por outra.
Se antes eu falei OI e não me respondia, hoje vou começar ignorar para todo sempre.
Se antes era impaciente, hoje vou orar para manter a calma.
Se antes não era irônica, hoje eu sou. Rs
Se antes eu me amava, hoje vou me admirar e me amar cada vez mais.
Se antes eu sorria, hoje vou dar gargalhada.
É logo ali o impossível; siga a avenida do livre-arbítrio, passe a rua do convencional e dobre à esquina do inconcebível.
Sou a favor da rua
Do vento na cara
Do sorvete gelado
Da ajuda inesperada
Sou a favor da felicidade sem custo
Do dinheiro doado
Do mergulho no mar
Do dedo na tomada
Sou a favor da dúvida
Do desejo que grita
Do tapa na cara
E do outro lado da face
Sou a favor de qualquer amor
Da palhaçada no trabalho
Da ligação para dizer eu te amo
Do trote, da bebida e do alcool
Sou a favor do talento
Da surpresa, do arrepio
Da gargalhada da criança
Da mesa e do convite
Sou a favor dos que andam pelo meio da rua
Dos que entram em mar revolto
Dos cachorros vagabundos
Dos que não têm conta em banco
Sou a favor de presentes fora de datas
Da carta escrita a mão
Da janela aberta
Da música cantada no trânsito parado
Sou a favor de quem só conjuga no presente
Do orgamo aguardado
Da expectativa atendida
Da sobremesa açucarada
Sou a favor da carona
Da vida na estrada
Do pedido de desculpas
Da ligação para casa
Sou a favor dos que não se definem
Dos que não rotulam
Dos que se vestem diferente
Dos que dizem o que pensam, sem ofenças, seu merda
Sou a favor do choro
Dos que pedem ajuda para dar um nó
Dos que pedem ajuda para tirá-lo da garganta
Sou a favor dos alunos
Dos que nadam com ou sem direção
Dos que sabem que seremos comida de vermes
Sou a favor do deslimite
Da não fronteira
Dos que não tem time
Dos que abraçam mendigos com cheiro de mijo
Sou a favor da mudança
Dos atos que cativam outros
Do serviço sem rosto
De comer o pão que caiu no chão
Sou a favor do tempo que não para
Do tempo que decreta o fim e o novo começo
Do tempo que ensina professores à alunar
Sou a favor dos que são contra
Porque só assim somos humanos
Somos ideias e ideais
Eu sou a praia
Eu sou a montanha
O silêncio que sai do som da chuva espalha-se, num crescendo de monotonia cinzenta, pela rua estreita que fito. Estou dormindo desperto, de pé contra a vidraça, a que me encosto como a tudo. Procuro em mim que sensações são as que tenho perante este cair esfiado de água sombriamente luminosa que [se] destaca das fachadas sujas e, ainda mais, das janelas abertas. E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.
Toda a amargura retardada da minha vida despe, aos meus olhos sem sensação, o traje de alegria natural de que usa nos acasos prolongados de todos os dias. Verifico que, tantas vezes alegre tantas vezes contente, estou sempre triste. E o que em mim verifica isto está por detrás de mim, como que se debruça sobre o meu encostado à janela, e, por sobre os meus ombros, ou até a minha cabeça, fita, com olhos mais íntimos que os meus, a chuva lenta, um pouco ondulada já, que filigrana de movimento o ar pardo e mau.
Abandonar todos os deveres, ainda os que nos não exigem, repudiar todos os lares, ainda os que não foram nossos, viver do impreciso e do vestígio, entre grandes púrpuras de loucura, e rendas falsas de majestades sonhadas... Ser qualquer coisa que não sinta o pesar de chuva externa, nem a mágoa da vacuidade íntima... Errar sem alma nem pensamento, sensação sem si-mesma, por estrada contornando montanhas, por vales sumidos entre encostas íngremes, longínquo, imerso e fatal... Perder-se entre paisagens como quadros. Não-ser a longe e cores...
Um sopro leve de vento, que por detrás da janela não sinto, rasga em desnivelamentos aéreos a queda rectilínea da chuva. Clareia qualquer parte do céu que não vejo. Noto-o porque, por detrás dos vidros meio-limpos da janela fronteira, já vejo vagamente o calendário na parede, lá dentro, que até agora não via.
Esqueço. Não vejo, sem pensar.
Cessa a chuva, e dela fica, um momento, uma poalha de diamantes mínimos, como se, no alto, qualquer coisa como uma grande toalha se sacudisse azulmente aberta dessas migalhinhas. Sente-se que parte do céu está já azul. Vê-se, através da janela fronteira, o calendário mais nitidamente. Tem uma cara de mulher, e o resto é fácil porque o reconheço, e a pasta dentífrica é a mais conhecida de todas.
Mas em que pensava eu antes de me perder a ver? Não sei. Vontade? Esforço? Vida? Com um grande avanço de luz sente-se que o céu é já quase todo azul. Mas não há sossego — ah, nem o haverá nunca! — no fundo do meu coração, poço velho ao fim da quinta vendida, memória de infância fechada a pó no sótão da casa alheia. Não há sossego — e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter...
Vazio
O silêncio da lua?
O vazio da rua?
Para onde olho
Que tudo não seja
Ausência?
Essa noite
O pouco de mim
Cabe dentro do nada.
Meu Cavalo ainda é branco...
Minha rua ainda é a ladrilhar...
Os meus sonhos, ainda de menina, que cresceu sorrindo pra vida...
Descendo a rua das dores, ela não conseguia frear mais seus sentimentos agonizantes que teimavam em transbordar pelos seus olhos. Ela podia se fazer de forte e indestrutível, porém por dentro só ela sabia o que habitava há muito tempo seu velho coração. Não era algo que ela pudesse fugir – ela já tentara. Não era algo que ela pudesse enfrentar no momento, era algo que ela empurrava com os dias monótonos. Vivia como se fosse extremamente terrível, era como se ela apenas esperasse o dia seguinte e o outro e o outro... Num ciclo vicioso de manias estranhas que ela criara para passar o tempo. Seu sorriso já não chegavam aos seus olhos, as cores já não pareciam-lhe vibrantes, as pessoas não eram mais interessantes. Viver doía intensamente. Era até engraçado, como viver podia doer? A vida não lhe implicara nenhuma dor diretamente, e sim, suas próprias escolhas. Será que ela era a culpada de tudo aquilo que estava sentindo? Será que era ela a única culpada? As perguntas a faziam querer de alguma forma parar com tudo naquele exato momento, se não conseguia fazer algo certo, que pelo menos parasse de fazer errado. Era simples, e indolor. Porém, ela não entendia bem o porquê, mas o aroma das flores a entorpeciam, o barulho dos carros a faziam sentir-se viva, o céu estrelado a fazia sorrir verdadeiramente. Havia coisas, que não a deixavam partir por completo. Uma parte sua podia estar morta, mas a outra continuava pulsando. Pulsando por vida. Talvez seja por isso que ela nunca desistira de tentar, mesmo errando e sofrendo depois, as tentativas já não eram tão frustradas como antes, ela estava aprendendo a viver lentamente. Aprendendo a dar um paço do tamanho que sua perna permitia, um de cada vez.
Pra variar
Toda mulher deveria dar um bom grito de vez em quando, chutar latas no meio da rua, sorrir para o bonitão que passa, gastar muito dinheiro no shopping num dia chuvoso, sem nenhuma culpa e depois tomar um chocolate bem quentinho numa charmosa lanchonete.
Toda mulher deveria mandar aquele homem chato que fica vendo futebol na sala aos domingos, plantar favas.
Escutar ópera no mais alto volume na madrugada por pelo menos meia hora. Criar um bicho exótico como gambás só para entrar em conflito com seu perfume favorito. Ter um carro 4x4 bem possante para mandar aquele motorista de ônibus abusado chupar uma p...
Toda mulher deveria pelo menos uma vez na vida, pelo menos uma vez, passar um ano em Paris esquecida de tudo e de todos porque ser mulher cansa pra caramba e o glamour é o que nos faz sair do estresse.
Toda mulher deveria criar um jacaré no quintal, para atacar aquele vizinho enjoado que toda hora vem perturbar.
Toda mulher deveria soltar pum no elevador naturalmente, arrotar na mesa de bar, jogar bilhar e ganhar um troféu.
Toda mulher deveria tomar anticoncepcional para menstruar só quando quisesse.
Toda mulher deveria ser e fazer tudo isso mas nunca deixar de ter debaixo do braço, o cheiro de uma flor.
Um brinde a todas as loucas que são capazes de coisas assim. Tim tim!
Liberdade é seguir sua vontade
Liberdade é conhecer a sua verdade
Ser livre é andar na rua de madrugada
Ser livre é não se preocupar com nada
Liberdade é estar em paz
Liberdade é sol, é chuva, tanto faz
Ser livre é estar onde você se sente bem
Ser livre é estar só, é estar com mais alguém
Só sente a real liberdade aquele que sabe ser livre com intensidade.
Eu sondava em mim,
as vezes que você passava,
e desarrumava meus sentimentos.
Era rua sem saída,
seus olhos e minha vida.
Eu sei como é que é, ter a polícia no seu pé
só tava sossegado fumando um de rolé
pela rua rostos julgam e alguns dedos apontam
talvez pelos pré-conceitos que os noticíarios montam
é uma guerra urbana numa selva de concreto
não odeio autoridades, prefiro quando não estão perto
não odeio as falsidades, no fim é o certo pelo certo
nunca se esqueça que eu jamais serei seu servo
faço parte de um jogo imundo que não me agrada
a nossa natureza o próprio homem degrada
a minha consciência pesa uma tonelada
por ver na calçada uma criança flagelada
não tem dim pra comer, só quer o dim para fumar
demonios espantar, seu vício sustentar
alguns até rezando pra overdose os levar
finalmente descançar, seu corpo libertar
E me senti melhor quando notei que eu já consigo caminhar na rua sem procurar você atravessando a calçada ou entrando em algum supermercado, mesmo que em compensação não procure mais nada.
Trânsito Livre
Acordei rapidamente, troquei de roupa e sai de carro rua afora;
As estradas sem buracos, os motorista educados, o trânsito não demora;
Os pedestres transitam na faixa, os policiais a quem precisa orientam;
A cidade cresce, o numero de acidentes desce e a vida alimentam.
Os motoristas respeitam-se, os motociclistas trafegam com cuidado;
Onde não há semáforo, ao atravessar a rua todos olham para o lado;
Sigo por estes caminhos, trafegando calmo e sossegado.
Andamos mais devagar e com mais atenção quando o piso esta molhado.
No fim do dia todos retornam para suas casas,
Seguem o trânsito sem ficar pedindo asas,
Na há filas, discussões, xingamentos e desavenças.
Os pais chegam felizes em suas casas para abraçarem as crianças.
Trriiinnnnnnnnn..... Despertou o relógio. Acordei. Era sonho.
Olho pela janela e vejo um transito enfadonho;
Sai pelas ruas rezando para que consiga ao meu destino chegar.
Quem me dera um dia ver tudo isso sem ter que apenas sonhar
Pela manhã, quando eu olho para o cenário da minha rua e vejo as pessoas passando pra lá e pra cá, eu fico tentando adivinhar seus nomes, seus destinos e um enredo que possa contar suas histórias de um jeito bom. Minha boca sorri discretamente pela graça que vejo nos nomes que dou a quem passa e desaparece sem ao menos deixar um abraço. E por não saber pra onde vão essas pessoas, resta-me desejar-lhes que seus caminhos sejam sedimentados com a certeza na escolha de cada passo.
Cerimoniosamente me debruço sobre o portão da minha casa para assistir rituais que se repetem todos os dias durante a semana. Adoro ver crianças uniformizadas brincando a caminho da escola. Elas me fazem lembrar a criança que fui, num tempo em que brincar era o meu ofício e o meu dom de poder inventar os meus próprios sonhos. Também me paraliso ao ver a dança matinal entre garis de fraque laranja e suas vassouras bailarinas. A varrição é um espetáculo que me remete a um baile a céu aberto onde casais rodopiam pelo salão, fazendo a minha imaginação rodopiar pra bem longe da dureza de qualquer realidade.
O amanhecer fica mais interessante quando a gente aprende a ler o significado dos primeiros sinais da manhã. A luz do sol, quando se reflete nas gotas do orvalho, forma um prisma luminoso que nos faz enxergar poesia por toda parte. O dia, para ser bom, pode começar com um beijo da pessoa amada, com uma boa notícia estampada no sorriso de alguém ou com o perfume do café se espalhando pela casa. É fato que a jornada diária pode ser árdua e repetitiva, mas não há nada mais gratificante do que ver a vida se exibindo graciosamente para o delírio dos nossos olhos e o encantamento do nosso coração.
A manhã é uma página em branco que só os mais atentos conseguem enxergá-la como tal. Nela é possível escrever uma história nova todos os dias. Para aqueles que passam a vida à espera de um bom dia, mas não sabem se iluminar com a luz que emana da fé e da esperança, todas as cores do mundo acabam se confundindo com abismos, impossibilidades e a mais profunda escuridão.
Não basta apenas se levantar da cama quando se acorda... É preciso saber abrir os olhos para poder ver que Deus quer enfeitar os nossos dias com sua infinita bondade. Eu amo ser tocado pelos dedos da vida! Eu amo olhar para pequenas coisas e criar novas formas de enxergar a rotina. O que para muitos é apenas mesmice, para outros, como eu, é fartura, é poesia e é luz que faz amanhecer dentro de mim um homem mais feliz a cada novo dia.
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