Meninos de Rua
Na rua suja segue a multidão.
No seu fim, um precipício.
Muitos caíram, outros tantos cairão.
Cabeças são o sacrifício.
Todo dia, mergulham no abismo sem fim.
Na primavera, o céu desanuviou sobre mim.
Dissipou-se a cinza névoa, revelou-se a turva terra.
Da jornada, a única consequência era vida insensata.
Vi corpos secos, o desespero e os chicotes da corrupção.
De olhos e bocas vendadas, sem saber matavam o irmão.
E há aqueles que lutam por isso,
Em todos, um coração submisso.
Tentei alertá-los, mas o ouvido sangrava.
Lutar já era tarde demais,
Pois primavera é cama arrumada
Que quando se deita, se desfaz.
SEMEIO ROSAS DE TI 💕
Semeio as pedras que piso na rua
Que gravitam aromas que o vento trás
A alma se despe de mim deixando-me nua
Infinitas sombras num sopro asfixiado de vida
Raiz cravada na terra dum tronco despido
Semeias no meu jardim as memórias dos meus olhos
Contornando as tempestades que vou sentindo
No marear do meu corpo, a faminta luz que sentes
Desnudam-se as rosas de pétalas uma a uma
Murmuram as rosas ao sol o nosso amor
Semeio flores de abraços, beijos de felicidade
Deste-me a lua de rosas em sinos dos teus lábios
Sou vigiada
Olhos espreito me seguem
Mas não o vejo, só sinto
Ando na rua
Sinto sua respiração
Fico alucinada, transpiro
Tenho medo!!!!
Corro entre os becos do meu cérebro
Tropeço, caio
Vejo as estrelas
Estrelas que me guiam
Por hoje consegui voltar
Mas sinto que sou vigiada
Paixão juvenil
Fico na rua a sua espera, de segunda a sexta , todo finalzinho de tarde.
Me maqueio toda e penso que ninguém vê
São horas me preparando.
Disfarço e subo rua acima.
Lá vem ele, as vezes de moto, ou na caminhada.
Com seus cabelos longos cacheados, pele morena como um cigano.
Que podia me roubar, já que meu coração foi roubado.
Quando vem caminhando Conto seus passos, de moto o vento deixa seu perfume.
Me congelo de tanta emoção.
Ele passa e nem me nota.
Tempo. Que saudades daquela rua curta, coberta de areia e grama.
Onde brincávamos a sorrir...... Que saudades do tempo que se foi, e que junto levou.... . avós, avôs, tios, tias, primos, amigos e amigas.....e meu querido pai ..(foto Marinho Dias). Que saudades de um par botas a brilhar.
E que sempre trazia nas mãos um invento - nossos brinquedos.
Que saudades da infância, que hoje sei que foi feliz.
Que saudades do tempo, onde tudo parecia tão pouco.
Mas foi o suficiente, foi o necessário Sim !!!!!!! Saudades ........... Saudades da infância.
Saudades da inocência que se foi. Saudades
MINHA PESSOA INGRATA
Em rua deserta me encontro.
Solidão. Silêncio. Sofrimento.
Tudo em mim é tão muito!
Tudo em mim é intenso!
Nenhum som me ensurdece.
Nenhuma luz me encandeia.
Vazio. Ausência. Falta.
A cor de uma vida cheia,
Que outrora corria em minhas veias,
Agora se sente exausta.
Falta de ar me sufoca.
Peito em chamas me queima.
Passado já não tem mais volta.
Presente a mim trapaceia,
E a sina de quem já fui tantas
Agora é viver-me alheia!
Que fazer de mim, que não sei
Quem fui e quem já não serei?
Se tudo que me alegrava,
Já não faz sorrir quem amei:
Essa minha pessoa ingrata
Que fui e que não mais serei!
Nara Minervino
Sou o pássaro com uma das asas quebrada, no meio da rua, ao meio dia, tentando voar sozinho.
Você é o caminhão a 250km/h, carregado de pensamentos e pilotado de aparências, que corre rapidamente em minha direção.
Qual a probabilidade que o pássaro tem de conseguir mudar a velocidade do caminhão, para que o mesmo venha mais lento e o deixe passa?
Sofrendo apenas a consequência de ter passado pela rua quente, o pássaro, que por 2 meses conseguiu manter o caminhão distante, encontra-se decepcionado, do outro lado da rua.
Agora com a asa ainda mais quebrada que antes, me sinto cansado e decepcionado. O caminhão nem ao menos chegou a se aproximar do pequeno pássaro.Virou a esquina, desviando o caminho e as histórias.
Na sombra de algum lugar da rua, o pássaro, agora descansa de uma grande corrida. Que só lhe fez perder o tempo.
Descansa e recupera, para o grande recomeço.
Depois que recompor-te as assas voará o mundo livre e sujeito.
Pássaro que voa só é pássaro esquisito, pássaro que não se padroniza no senso comum de viver e procriar. Pássaro que só pensa em se conhecer e transformar o mundo. Começando por si mesmo.
Deus nos criou para recriarmos e continuarmos o que ele começou, se vivermos nossa totalidade como pessoa, utilizando as capacidades que por ele foi nos dada, conseguiremos mudar o mundo mudando nos mesmo.
Mesmo que sejamos apenas um pequeno pássaro!
Lua o lua brilha naquele rua escura
Onde esconde nosso medo e frustações
Onde brota todo mal o ar de ingenuidade
O pecado e estripação da alma
Palavra Nua
Uma palavra nua foi vista na rua.
Chamaram as autoridades.
Que despudor permitido,
Deixar palavras sem nome,
Se expondo desvalidas.
Uma moça de poucas vestes sugeriu cobri-lhas.
O cirurgião queria por já cortá-las.
O alfandegário, indagava-lhe a origem.
Porque não lhe põem algemas, questionou um transeunte.
Podem lhe dar açoite, para recuperar o respeito, profetizou o Vigário.
E a palavra nua, destemidamente aguardava,
Que surgissem gentes que pudessem encantá-la.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
Caminhar até o portão, olhar o final da rua que vai se estreitando, finda no céu azul, com nuvens brancas espalhadas, a rua se perde, dando lugar aos pensamentos.
Jamais devemos deixar que certas causas externas, como problemas que são trazidos da rua, atrapalhem a vida familiar...
Ósculos e amplexos,
Marcial
AS TAIS CAUSAS EXTERNAS
Marcial Salaverry
Algo que chama a atenção, é o fato constatado de desentendimentos que ocorrem no âmbito familiar, porque os parceiros, ou um deles não consegue separar as coisas, e acaba descarregando dentro de casa as frustrações e aborrecimentos que traz da rua, esquecendo-se de que a família não tem nada a ver com o que lhe ocorreu lá fora. Mas acaba pagando o pato por causa desse fator externo...
Quantas vezes o marido chega em casa aborrecido com uma série de problemas vividos na rua, e já começa dizendo algo como: Não quero resposta, estou cansado, e não quero briga.. Pare de gastar telefone. Esta gastando muito...Estou cansado, tive muito trabalho..não diga nada..
Ora, fica muito difícil para qualquer esposa aguentar calada uma patada dessas. E já se inicia uma discussão, sem duvida alguma. Coisas assim complicam demais um relacionamento, atrapalhando inclusive a vida sexual do casal, pois sempre acabam provocando um esfriamento conjugal.
É fundamental usar-se muita ponderação em casos assim, é importante saber pesar bem as coisas e não tomar decisões no aceso de discussões, para evitar aborrecimentos maiores. É importante saber separar as coisas. Problemas externos, devem ser resolvidos lá fora, e se não o forem, não devem ser descarregados sobre os familiares. Uma coisa é, em caso de aborrecimentos externos, conversar sobre eles. Talvez até se encontre alguma luz. Muitas vezes uma troca de idéias traz alguma solução, e problemas podem ser evitados...
Nunca devemos nos esquecer de que dialogar é muito melhor do que discutir. Mas dialogar, claro quando as coisas estão em paz. Mostrar para ele que deve deixar os aborrecimentos com as coisas externas, no lado de fora. Uma atitude dessas, é típica de quem teve problemas na rua, e os trouxe para dentro. E isso deve ser evitado. Mas isso pode ser abordado não na hora da briga, mas depois, quando tudo estiver calmo, poderá ser a hora do diálogo, que deverá ser feito com isenção de animo...
É algo para ser experimentado em casos análogos, ficando claro que sempre devemos tentar conversar, e para iniciar, pode-se dizer que quer trocar idéias sobre sua vida... Mas isso deve ser feito num sábado a tarde, num domingo, quando ambos estiverem de cuca fresca.
É importante saber mostrar que os problemas podem e devem ser divididos. Se o marido tem problemas fora de casa, a esposa os tem dentro de casa, com filhos, com empregada, com fornecedores, com vizinhos. Enfim, ambos tem problemas, e numa troca de idéias, ao invés de brigas e acusações, podem ser encontradas soluções. Ou não. Mas mesmo assim, houve o desabafo mútuo. E num desabafo amigável, aliviam-se as tensões sem brigas nem discussões.
Tal situação, sempre acarreta problemas na vida sexual. E isso também deve ser conversado sem acusações, sem culpas. Para haver acerto, não adianta buscar quem é culpado, quem começou o que. Basta que cada qual exponha ponderadamente seu ponto de vista, e as coisas podem se resolver, tomando um rumo favorável. Salvo se não houver mais entendimento possível. Nesse caso, a solução pode ser outra...
Assim sendo, ponderadamente, espero que todos possamos fazer de cada dia de nossa vida, sempre UM LINDO DIA.
Não gaste a tua mente pensado em apanhar dinheiro na rua. Rentabilize o esforço da mente com o trabalho das tuas mãos.
COMPREENSÃO
A rua onde nasci era larga e extensa de vozes.
Nela havia uma velha casa de espera e de descobertas.
Minha mãe me ensinava a brincar de ver.
Ficava ao meu lado e com suas mãos me entregava seus olhos.
Dizia-me: O que vens?
Eu menino, com zeloso brio elaborava narrativas não aparentes.
As vezes via um pássaro falando com o vento.
Ora, era um arco-íris despontando no anoitecer.
E até eu voava, buscando palavras com asas.
Lembro-me quando lhe disse:
- Estou vendo uma dança no céu.
E ela pediu-me para tomar cuidado com os instrumentos, marcar os passos, ouvir a sinfonia.
E asseverou: Veras na vida aparências e essências.
Mas não tenha receio de vislumbrar.
No fim o que fica é o que se olha para dentro.
Antes de saber ler e escrever compreendi a ver poesia.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
Úmida e insecável era aquela rua, um pouco depois daqueles limites o sol reinava, mas ali não, não ali. Aliás, o cheiro de mofo exalado pelas alvenarias e madeiramentos depreciados, marcava característica e peculiarmente aquele beco, com o esverdeado e vívido musgo que saltava por entre os seixos que assentavam a calçada; um catingueiro interminável forrava os jardins dos casebres que se pareciam mais com caixotes de verdura do que com habitações.
A Viela de Badacosh
Úmida e insecável era aquela rua, um pouco depois daqueles limites o sol reinava, mas ali não, não ali. Aliás, o cheiro de mofo exalado pelas alvenarias e madeiramentos depreciados, marcava característica e peculiarmente aquele beco, com o esverdeado e vívido musgo que saltava por entre os seixos que assentavam a calçada; um catingueiro interminável forrava os jardins dos casebres que se pareciam mais com caixotes de verdura do que com habitações.
Lindo aquele lugar, quando não gostamos do que é bonito, mas me agradava. A garotada encharcada corria pelas poças, sapateando na lama, brincando de roléfas, atividade saudável para essa idade, consistia em segurar uma cinta com a fivela solta, perseguindo seu colega para enfim acertá-lo com o instrumento, berrando: roléfas. Não me pergunte o porquê, nunca soube.
Mas o mais curioso naquela viela, não era a chuva que nunca cessava, nem os hábitos e costumes pouco convencionais, demasiadamente estranhos e inapropriados de seus habitantes. E sim um personagem, talvez o mais antigo daquele local, talvez o mais antigo de qualquer localidade entre a latitude, a longitude e a altitude. O fundador da Viela de Badacosh, um visionário misantropo com a idade de 320 primaveras.
Morar em condição de rua não
Morar em condição de rua não!
Isso é desumano para um humano,
mesmo que não tenhas condição!
É preciso fazer algo, urgentemente...
gente não pode ser tratado mal,
até...pior do que um animal!
Há que ter um jeito,
fico martelando no meu peito
em cada pulsar do meu coração...
Piedade, doação...
onde se guarda o dinheiro
do imposto da Nação?
Deus ilumina o coração dos homens,
que comanda este país,
pois não podemos aceitar...
pessoas ao relento, sob o vento,
o frio, a tempestade e o trovão
quase à riscar o chão ...com o nariz!
Maria Lu T. S. Nishimura
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