Memórias do Passado
As memórias que me assombravam voltaram à tona. Seria uma lembrança do meu passado? Ou a história estaria se repetindo?
TROVA - 77
Há um passado que tem
Na memória o seu abrigo
E existe outro, porém,
Que lembrar é um castigo!
A memória
É a coisa mais linda
Quando guardada e relida
Pelo coração
Sobre o passado
É depositado um sentimento
Quando olho para os olhos da memória
Vejo um amor que já foi vivo,
Fisicamente,
E hoje é vivo eternamente.
Quando olho novamente para seus olhos
Sinto saudade e gratidão,
Qual é o preço para recompor um segundo?
O que a memória faz de graça,
O universo não faz gastando mil estrelas.§
"Quando as lembranças do teu passado, vier em sua memória, feche os teus olhos e só sinta pena de quem sentiu a sua falta."
Passado é uma referência de tempo, existem acontecimentos que deixam memórias eternizadas em nossos corações, e isso, faz parte do presente!
O segredo é focar o presente
É isso que sustenta a nossa gente,
Do passado restam as boas memórias
No futuro só aceito grandes glórias.
Até onde a vista viu, até onde a memória alcança, até onde a realidade mostra,não há passado que resista aos rumos do futuro.
Acordei e vi pela janela a praia maravilhosa de sempre.
O mar estava calmo, o sol se movia lentamente.
Eram muitas as sombras, às sete e meia daquela manhã inesquecível do longínquo novembro.
Ao longe, cerca de trezentos metros, parecia só um ponto vermelho na areia cinza e se aproximava lentamente.
Duzentos e cinquenta, duzentos e vinte, duzentos, cento e sessenta metros.
Daí, já dava para ver que o ponto vermelho era um biquíni e que o contorno de um corpo escultural deixava mais que uma sombra, deixava um rastro, que percebo indelével na memória.
Hoje é só uma lembrança, mas que poderia ter feito a história da vida completamente diferente.
Não há passado que resista aos rumos que a vida leva.
Esse é o presente e será o futuro.
Mas não há passado que não especule outros rumos, outra vida, outro tudo.
MEMÓRIAS DE UM NATAL PASSADO
Quando era criança, na noite de Natal, eu e o meu irmão partia-mos nozes e avelãs no chão de cimento da cozinha, à luz do candeeiro, enquanto a minha mãe se ocupava das coisas que as mães fazem.
Depois, quando o meu pai chegava, jantava-mos como sempre e seguia-se, propriamente, a cerimónia de Natal. Naquela noite o meu pai trazia um bolo-rei e uma garrafa de vinho do Porto.
Sentados à mesa, abria-se a garrafa de vinho do porto e partia-se o bolo em fatias. O meu irmão e eu disputava-mos o brinde do bolo-rei comendo o mais rápido possível na expectativa de nos calhar em sorte não a fava, mas sim o almejado brinde!
Eu não gostava daquele bolo, mas naquele tempo a gente “não sabia o que era gostar”, como dizia a minha mãe quando nos punha o prato á frente. Assim acostumada, engolia rapidamente as fatias para não sentir o sabor e ser a primeira a encontrar o brinde.
O meu pai, deleitava-se com o copito de vinho do Porto e observava calado as nossas criancices.
Depois, vencedor e derrotado continuavam felizes, na expectativa da verdadeira magia do Natal. Púnhamos o nosso sapato na chaminé, (eu punha a bota de borracha, que era maior), para que, á meia-noite o menino Jesus pusesse a prenda.
Íamos para a cama excitados, mas queríamos dormir para o tempo passar depressa e ser logo de manhã. Mal o sol nascia, corria-mos direitos ao sapatinho para ver o que o menino Jesus tinha la deixado.
Lembro-me de chegar junto á chaminé e encontrar o maior chocolate que alguma vez tivera visto ou ousara imaginar existir. O meu irmão, quatro anos mais velho, explicou-me que era de Espanha, que era uma terra muito longe onde havia dessas coisas que não havia cá.
O mano é que sabia tudo e, por isso, satisfeita com a resposta e ainda mais com o presente, levei o dia todo para conseguir comê-lo a saborear cada pedacinho devagar!
Depois, não me lembro quando, o meu irmão contou-me que não era o menino Jesus que punha a prenda no sapatinho, mas sim o nosso pai. Eu não acreditei e fui perguntar-lhe.
O meu pai, que gostava ainda mais daquilo do que nos, respondeu de imediato que não, que era mentira do meu irmão, que ele sabia lá, pois se estava a dormir…
Com a pulga atras da orelha, no Natal seguinte decidi ficar de vigília, para ver se apanhava o meu pai em flagrante, ou via o Menino. Mas os olhos pesavam e, contra minha vontade e sem dar por isso, adormecia sempre e nunca chegava a apurar a verdade.
Na idade dos porquês, havia outro mistério á volta da prenda de natal. É que eu ouvia dizer aos miúdos la da rua, que eram todos os que eu conhecia no mundo, que lhes mandavam escrever uma carta ao menino Jesus a pedir o que queriam receber. Maravilhada com tal perspetiva, apressei-me a aprender a ler e a escrever com a D. Adelina, que era uma senhora que tomava conta da gente quando a nossa mãe tinha que ir trabalhar e que tinha a 4ª classe, por isso era muito respeitada sobre os assuntos da escrita e das contas.
Antes de entrar para a escola primária já sabia ler e escrever mas isso não era suficiente.
Faltava ainda arranjar maneira de fazer chegar a carta ao seu destino. Para mim, aquilo não resultou: da lista de brinquedos que eu conhecia, não estava nenhum no meu sapato.
Questionada, a minha mãe, que tinha ficado encarregue de dar a carta ao Sr. Carteiro, disse-me que o menino Jesus só dava prendas boas aos meninos que se portavam bem. Mas eu já era uma menina crescida, já tinha entrado para a escola primária (em 1974) e sabia que os que recebiam brinquedos eram diferentes de mim noutras coisas também.
E foi então que, depois de ler a carta dos Direitos da Criança que estava afixada na porta da sala de aula, soube de tudo. Senti-me triste, zangada e confusa: Porque é que escreviam coisas certas e as deixavam ser erradas? Eles eram grandes, podiam fazer tudo! Se estava escrito ali na porta da escola era porque era verdade e importante, igual para todas as crianças como dizia na Carta. Que tínhamos direito a um pai e uma mãe lembro-me. A partir dali todas as coisas que a que a criança tinha direito, eu não tinha, e isso eram por culpa de alguém. Experimentei pela primeira vez um sentimento que hoje sei chamar-se injustiça.
Tranquilizei-me com o pensamento de que um dia viria alguém importante e faria com que tudo aquilo se cumprisse. E eu aí esperar. Era criança, tinha muito tempo: nascera a minha consciência cívica.
Compreendi que os adultos diziam as coisas que deviam ser, mas não eram como eles diziam. Nesta compreensão confusa do mundo escrevi nesse primeiro ano na escola a minha carta ao menino Jesus e deixei-a eu mesma no sapatinho. Era um bilhete maior que o sapato e dizia assim:
“Menino Jesus
Obrigada pela prenda.
Vou pensar em ti todas as noites mesmo depois do natal passar e espero por ti no natal que vem. Gosto muito de ti.
Adeus.”
E rezei a Deus que, houvesse ou não menino Jesus para por a prenda no sapatinho, me trouxesse todas as noites o meu pai para casa.
Nisa
Setúbal, 29 de Novembro de 2012
Memória Afogada
O passado engoliu quase tudo
Não posso nem falar, nem lembrar, nem temer
O passado me roubou a alegria
Não deixou fotos,
Nem histórias ainda por contar
Podia ter roubado minhas lágrimas
e não deixá-las secarem ao sol
e não deixá-las molharem minha alma
Podia ter sido mais condolente
e devolver o que eu perdi
e trazer o que eu amei
Mas deixou apenas a certeza
de que nem tudo se repete
e que a pedra jogada não volta
O passado engoliu quase tudo
Insensível, deixou as lembranças
"As crenças no destino, tem origem nas memórias do passado. Outrora, essas memórias, foram o nosso destino!"
Deixei o passado para trás. Deixei guardadas no cantinho da memória algumas boas lembranças, despi-me das mágoas e parti.
O caminho que sigo agora é desconhecido, mas se tivesse carregado comigo alguma mágoa, não teria oportunidade de levar a esperança, nem espaço para abrigar a felicidade que descobri.
são as cicatrizes; são as fotos; são as memorias ;
todas nos levam de volta ao passado
aos bons momento que vivemos
É tão simples dizer o que o passado passou , mais não entendo porque na minha mémoria continuou, esqueço por alguns segundos insuficientes pra continuar seguindo o Futuro, como esquecer o passado se ele vive do seu lado, como não julgar as pessoas pelo olhar , se o que eu sinto não passará, é um dom uma abilidade eu não sei!
Quero seguir o Futuro, mais o passado não me esquece, quero sorrir sem medo de verem que ao meu olhar não tem um sorriso mais uma lagrima doida para cair.
Ao Anoiteser ela vem e caí automaticamente já sabe que está na hora de cair, algumas vezes a consigo segurar mais outras ela cai sem eu ao menos esperar, mais quando ela cai lembro-me dos motivos que ela já caiu por muitas vezes sim essa mesma lagrima, as vezes não deixo ela cair pra não criar mais espinhas ou machar meu rosto e pensando assim sempre a consigo evitar.
Mais mesmo assim ainda queria consiguir parala por mais vezes, mais não é assim se as vezes realmente é a hora dela cair porque não consigo esquecer o passado ?porque simplesmente ELE NÃO ME ESQUECE!