Memórias
Nas memórias do tempo perdido, Vagas lembranças do passado escondido. Vidas que se entrelaçam no infinito, Em um ciclo eterno, misterioso e bonito.
Memórias ecoam.
lágrimas escorrem
sobre
o meu rosto melancólico,
enquanto
a saudade
abraça-me a alma.
Parece que só temos memórias ridículas, mas foi divertido. Fico feliz por ter tido essa aventura com vocês.
(Himmel)
Memorias....Dentre tantas situações o que fica registrado na memória eu posso nominar como maravilhoso... o momento em que você chegou abri o portão e senti a força do meu coração pulsando. " Estou viva" e vivo cada instante rememorando o seu jeito quando desceu do carro e colocou os pés no chão próximo às plantas e vi somente seus pés. Fechei os olhos e registrei. Suspirei e como sempre é o abraço de entrega e amnésia total as demandas do dia se faz. Começa aí nesse momento os mais belos registros de ação e reação enquanto genuína força do querer. A reciprocidade existe e não há roteiro não há planejamento não há cobrança. Tudo acontece de forma leve solta e muito intensa. Vejo assim, é o tempo sempre escasso. Infalível e cruel para quem não se satisfaz, penso que não existe registros de saciedade nesse caminho em que percorremos até aqui. Eu retomo cada detalhe. Cada sensação é concluo que... não sei. Não sei o que pensar e o que fazer com tamanha pulsão de vida que tenho em mim quando o motivo é você. Será que eu consigo compreender um dia tudo o que senti e vivi? Se tudo muda e eu Sei que não vou poder controlar nada. Sei que Amo você e nossa forma e força em Amor será pra sempre.
Soneto das Recordações Imaginárias
Nas festas só de memórias imaginadas,
Vivo eu, limitado em existencialismo.
Caprichos meus, fantasias aladas,
Loucura e ingenuidade em abismo.
Serpente sou, em harpas melódicas tocadas,
Nobiliárquico em desgraças, sem otimismo.
Das sensações humanas, já fatigadas,
Nas veredas antigas, encontro o cinismo.
Meus deuses, iníquos, tecem a fábula da vida,
Onde cada ato é farsa, cada dor é conhecida,
E a verdade se esconde, velada e esquecida.
Em minha alma, ecoam vozes, perdidas,
Nesse palco de sonhos, onde a fé é partida,
Sou espectro vagando, em jornadas extintas.
MEMÓRIAS DA CHUVA
(Laércio J Carvalho)
...Não levou muito tempo até que a chuva começasse. Veio tão forte que o motorista da jardineira foi obrigado a fazer uma breve parada por que os limpadores de para-brisa não deram conta da tromba d’água que caiu. Foi então que Cândido, apesar do vidro embaçado da janela, viu duas garotas se protegendo da chuva num ranchinho à beira da estrada. Entre raios e trovões, o coração de Cândido parecia querer saltar fora do peito. Do outro lado, a garota que deveria marcar para sempre a sua vida, também o observava. Parecia um botão de rosa sob o bombardeio dos pingos da chuva. De tão molhado, o vestido amarelo grudado à pele exibia o lindo corpo de menina moça e seus cabelos dourados ao sabor do vento que varria de um lado para outro o rancho de latas de leite de uma indústria de lacticínios.
A tempestade não durou mais que cinco minutos. Da janela do veículo já era possível enxergar a torre de uma igrejinha. Não estavam a mais que trezentos metros da praça central do povoado e, assim que a jardineira teve o motor acionado, passaram pelas meninas que, de tão distraídas com os jovens viajores, pisavam mais sobre as poças d’água que sobre o lastro da estrada. Cândido se lembrou da música que ouvira naquela manhã no toca-fitas do Corcel amarelo: “Rain Memories”, Memórias da Chuva, com Paul Denver. Estranhamente, ambos sentiram medo; medo de se perderem daquele casual encontro e nunca mais se reencontrassem.
Assim que o motorista encostou a velha jardineira no ponto de embarque e desembarque, o olhar de Cândido não desgrudou das meninas até que virassem à esquerda em uma rua na cabeceira da praça. Porém, de um último olhar antes de virar a esquina, Cândido fez uma leitura de pensamento: *Ela vai voltar!*, concluiu. Enquanto isso, seu amigo não pensava noutra coisa que não fosse um sanduíche e uma garrafa de refrigerante gelado.
Na pracinha, com a esperança de rever seu lindo “botãozinho de rosa molhado”, Cândido ficou a observar os passarinhos em festa nos galhos de uma caneleira em frutificação, enquanto o amigo, bem informado por um habitante local, seguiu rumo à única lanchonete do bairro. Naquele instante o Sol deu suas caras. Como criança assustada com a chuva, aos poucos perdeu o medo voltando a brilhar novamente entre nuvens rarefeitas de algodão. Os manacás de jardins, com floração tardia nos braços da Mantiqueira, inebriavam o ambiente com um doce e suave perfume. As abelhas, num constante vai e vem entre flores e colmeias, não davam trégua ao bem cuidado jardim do pitoresco “Morada do Sol”.
Cândido, entretido com a algazarra dos beija-flores, não percebeu a chegada do amigo trazendo nas mãos um pão com mussarela e uma garrafa de coca-cola. Ao mesmo tempo, do outro lado do jardim, sob a sombra de uma jovem acácia, a mais linda flor de “Morada do Sol” o aguardava. Cândido, com coração a mil, agradeceu a gentileza do amigo, porém recusou a oferta.
_Não vai tomar nem a coca, seu tonto? // Insistiu o amigo.
_Não!... Obrigado!... Sei que está ficando tarde... Mas, por favor, me aguarde no bar por mais alguns minutos.
_Fica frio!... Sem pressa!
Enquanto o amigo caminhava para a lanchonete, Cândido seguiu em direção à bela princesinha dos cabelos dourados que, percebendo sua intenção, se levantou e veio ao seu encontro. Por um momento, ambos tiveram a impressão de estarem caminhando sobre nuvens. De pernas bambas e corações palpitantes, se viram frente a frente a dois passos de se tocarem. Seus olhares se cruzaram; suas bocas tinham sede; seus lábios molhados se mordiam de desejo. Do outro lado da praça, a sentinela que a acompanhava não desgrudava os olhos de ambos os lados da rua. Parecia bastante ansiosa, temendo por algum imprevisto.
Apesar das pernas bambas e o suor excessivo, Cândido tomou a iniciativa:
_Oi!
_Oi!
_Posso saber seu nome?
_Claro!... Meu nome é Lucy!... E o seu?!
_Chamo-me Cândido!... Não é um nome tão bonito quanto o seu.
_Obrigada!... Adorei seu nome!... Você está visitando alguém no bairro ou apenas de passagem?
_Somos estudantes... Estamos vindo de “Espírito Santo das Araucárias”... Meus pais moram em uma fazenda num bairro conhecido como “Voz do Vento”... Você conhece?
_Sei onde fica... Certa vez passei por lá com meus pais... Fomos visitar uma tia doente no município de “São Francisco do Mogi”.
_Não posso parar muito tempo... Meu amigo está ansioso à minha espera... Você pode me dizer se esse ônibus que nos deu carona faz algum horário para “Caracol” no domingo?
_Sim... Às três da tarde, em ponto, ele parte.
_Tenho que visitar meus pais, mas amanhã estarei nesta mesma praça por volta do meio dia... Gostaria muito de vê-la novamente.
_Eu também!... Acho que nem vou dormir direito... Tenho medo de não te encontrar outra vez.
_Preciso seguir adiante... Meu amigo deve estar impaciente... Mas antes quero te fazer uma pergunta.
_Faça!
_O desejo de beijar tua boca está me matando... Posso te beijar, Lucy?
Por um instante a garota sentiu que poderia ter um “piripaque”. A pele de seu rosto tornou-se rosada; seu coração batia tão forte que podia ser ouvido a um metro, que era a distância que os separava. Lucy olhou para a sentinela que, mesmo apreensiva, usou o polegar de sua mão esquerda e respondeu com um sinal de positivo. Suas mãos não paravam de suar. Com voz meio rouca, proferiu sua resposta:
_Sim!... Quero muito o teu beijo... Só te peço que não faças mau juízo de mim.
Cândido aproximou-se de Lucy e, com as mãos envoltas em seus cabelos dourados, puxou-a de encontro ao seu peito, suspirou fundo, inebriou-se no perfume de sua pele, antes de se perderem num beijo apaixonado.
Assim como o cérebro, o paladar e o olfato também têm suas memórias e, ainda que passassem cem anos daquele primeiro encontro, ambos jamais esqueceriam o doce sabor daquele beijo, o qual ficaria registrado para sempre em suas vidas.
No domingo de manhã, já a par das novidades daqueles primeiros quinze dias de ausência, apesar da felicidade de estar junto à família, Cândido saiu a cavalo pela fazenda; porém, por nenhum segundo tirou Lucy do seu pensamento.
Aquele lindo domingo de céu azul não lhe parecia um dia qualquer. As flores do campo se exibiam mais coloridas e perfumadas. Até os passarinhos cantavam mais alegres, em sintonia com os seus pensamentos. A “primeira vítima” dos arroubos daquela paixão adolescente foi um frondoso pé de jequitibá que, a golpes de canivete, teve seu tronco ferido. As inicias “C & L” no centro de um coração ilustraram uma curta frase: “Lucy, eu te amo”.
Após o almoço de domingo, o pai de Cândido, que o levaria até o vilarejo de “Morada do Sol” para tomar o ônibus, percebendo certa ansiedade no filho, perguntou:
_Cândido!... Não acha que está sendo precipitado?... Afinal, o ônibus parte somente às três da tarde, não é isso?
_Pai... Na verdade eu estou em dúvida: não sei se ouvi treze ou três horas da tarde... Melhor irmos mais cedo que perder a jardineira... Não acha?
Mal sabia ele que o filho estava apaixonado e não via a hora do reencontro com sua amada.
Por volta das treze horas, senhor José encostou seu jipe num ponto de ônibus. Bem que desconfiou que a linda garota sentada em um banco à sombra de uma árvore, não estava ali por acaso. Fingindo não prestar atenção, abençoou o filho e retornou à fazenda. Lucy, com um lindo sorriso nos lábios, não continha sua alegria por aquele feliz reencontro. Cândido, caminhando em sua direção, tinha nas mãos um botãozinho de rosa. Antes de beijá-la, pediu licença para ajeitar em seus cabelos o lindo adereço roubado. O céu, de tão azul se confundia com os canteiros de lírio, e o beijo de Lucy, de tão doce, com mel jataí, cujo aroma recendia por toda a praça.
E assim, muitos domingos felizes se sucederam. Quase sempre os encontros se davam naquela mesma pracinha, num intervalo de quinze dias entre um e outro. Para driblarem a saudade, muitas cartas de amor eram trocadas. Porém, a saudade era tão grande que não era incomum o remetente chegar ao destinatário antes da carta apaixonada.
Comum nos arroubos da juventude, certas atitudes ultrapassam os limites do bom senso. Isso na visão de quem nunca viveu uma grande paixão adolescente. Certo dia Cândido esculpiu num fio de arame uma letra do alfabeto. Lógico! Não seria outra senão a letra “L” de Lucy, nome de sua doce namorada. Nas chamas de um isqueiro a gás, aguardou a incandescência do artefato antes de cravá-lo na pele de seu punho esquerdo. Não gritou, nem chorou. Homem não chora, pensou consigo, embora não evitasse uma lágrima sorrateira deslizando sobre a face. Errou feio quem apostou que Lucy não seria capaz de tamanha loucura. Na primeira oportunidade, apesar das lágrimas de dor, cravou em seu punho direito um artefato incandescente com a letra “C” esculpida em arame de aço. Naqueles áureos tempos o romantismo ainda era moda e os amantes amavam. Diferente dos costumes de hoje onde “os ficantes” ficam.
Alguns meses se passaram. Eis que chegaram as tão sonhadas férias de julho. Cândido foi para a fazenda dos pais e alguns hábitos tiveram que ser mudados. Os encontros que se davam com a luz do dia passaram a acontecer no período noturno. Um cavalo branco que atendia pelo nome de Corisco era o meio de transporte utilizado para as visitas de sábado à noite ao vilarejo de “Morada do Sol”. Nessa ocasião, Cândido já tinha a autorização para cortejar Lucy, desde que fosse um “namoro respeitoso”, dizia o orgulhoso pai da menina.
Naquelas noites enluaradas, o pé de Dama da Noite, que próximo ao portão exalava seu perfume, por muitas vezes foi testemunho de beijos apaixonados e suspiros de amor ao som de lindas melodias tocadas numa vitrola no interior da sala de estar da casa dos pais de Lucy. A romântica “Do You Wanna Dance”, na voz de Johnny Rivers, ainda era a música mais tocada naquela época. A paraguaia Perla despontava nas rádios com “Estrada do Sol”; em Italiano, Alle Porte Del Sole, uma versão do grande sucesso de Gigliola Cinquetti de 1974.
Tempos depois, já com a volta às aulas, uma tarde de domingo do mês de agosto ficaria marcada por conta de uma das lembranças mais felizes de suas vidas. Os ipês amarelos, carregados de flor, ditavam a transição para o início da primavera. No banco da praça do inesquecível vilarejo de “Morada do Sol”, Cândido e Lucy se beijaram pela última vez. Apesar dos momentos, até então, só de alegrias, aquela foi uma tarde triste. Quando a velha jardineira buzinou no costumeiro ponto, uma sensação ruim mexeu com os sentimentos de ambos. Lucy parecia adivinhar o que estava por vir. No momento em que a jardineira partiu, Cândido, com o coração apertado no peito, olhou pela janela. Lucy, que tinha nas mãos uma flor de ipê, acenou-lhe pela última vez daquele pedacinho de chão encantado...
Morre em mim um pouco de tudo o que sobrou de ti
Morrem as más memórias e suas mentiras estrondosas
Morrem em mim as más memórias pois me fatigo só de pensar em ti
Sou só sem sua companhia
E ainda mais só com a presença da sua voz.
Morre em mim cada afeto e os tão falhos sentimentos
Mas não o amor, te digo que é somente a dor
Não acho que deixarei de amá-lo
Mas morre em mim meu próprio coração sobrecarregado.
Deixarei que morra aqui o desejo de amá-lo ainda mais
De sonhá-lo e ansia-lo ainda mais
Porque você ainda me ama tão pouco
Fez do nosso amor tão pouco
Amá-lo tanto me faz andar entre um oceano e o abismo
E meus pulmões, mesmo que sem ar, não o amam tão pouco assim.
O universo é a dualidade da infinita ação de ruminar memórias para alcançar o passado e a infinita contemplação do sonho futuro.
Sob a luz das estrelas as memórias
Saltitando fervorosa em minha mente
Como houvesse um contador de historia
Confessando o que o coração sente
Em estudo observa a natureza
Que a ciência não pode explicar
Como pode uma pequena luz acessa
O meu mundo inteiro iluminar
Na quietude, mergulho em memórias e afetos,
Na solidão, busco reflexão sobre um passado marcado, Ingratidão, uma sombra que obscurece o caminho trilhado, Filhos ausentes, pedaços do coração distantes, Não busco ser um super pai, apenas ser constante.
Recordações ecoam, lembranças de tempos já vividos, A dor da ausência, um peso nos sonhos compartilhados, Ser pai vai além do título, é ser presente no coração, Apenas humano, com erros, busco compreensão.
Gostaria que houvesse um cerebeleiro, um homem que penteasse pensamentos, cortasse memórias, alisasse as ideias.
Memórias de Jo
De forma hospitaleira e pura
Guardo como guia o que restou
Um exemplo claro, para comparação
Se não chegar perto, não me conquistou
A conjuntura se esvai
Frugal é o gesto que me atrai
Pela delicadeza do seu enredo
Infindável é o símbolo conquistado
Luas vividas, memórias de ovos com pão
Clamar por grãos de areia, de televisão
Doce é a chuva em minha própria canção
Regozijam os que entendem a verdade
Inerente é o crepúsculo da saudade
Na natureza a ampulheta tem a sua fiel lealdade.
Coincidência ou destino
São fisionomias parecidas
Em locais diferentes
São memórias trazidas
Por momentos e gentes
Coincidências
Vozes que assemelham-se
Cheiros que confundem-se
Gostos que misturam-se
Gestos que fundem-se
São coincidências
Milhas percorridas rumam
A um destino que já fora traçado
Muito antes lá no passado
Em caminhos que se perfilam
Só coincidências
O destino é o presente
É o futuro latente
É o passado ausente
É o esquecimento permanente
Destino é viver todos instantes
É tolerar as coincidências
Que podem gerar estranhezas
Mas sempre nos levam adiante
Nos confins do coração, onde as memórias dançam como folhas ao vento, a dor da perda se entrelaça com os ecos do que um dia foi. Cada lembrança é um fio que costura a saudade, mas, mesmo no vazio da distância, anseio que escolhas o caminho que te chama. Saiba que, em cada estrela que brilha, reside um desejo meu de que encontres tudo o que a tua alma almeja, pois a essência daquilo que somos permanecerá em cada batida do teu coração.
No jardim das memórias, onde nossos momentos floresceram, a dor da despedida é como uma melodia triste que ecoa suavemente. Embora as estradas possam nos levar para longe um do outro, quero que sempre carregues contigo a certeza de que tudo o que compartilhamos permanece vivo e pulsante. Independentemente do rumo que escolheres, desejo que encontres cada sonho e anseio que carregas no coração. Pois, mesmo separados, somos folhas do mesmo livro, palavras entrelaçadas pelo destino.