Memórias
Hoje, você não passa de memórias manchadas de lágrimas, de fotos e declarações rasgadas e jogadas ao lixo. Não sinto saudades, nem dor, nem vontade de voltar. Sinto apenas que você foi um degrau para o meu amadurecimento, para o meu autoconhecimento. Minhas memórias só retratam tudo o que é passado e que faço questão de esquecer. Você é só alguém que eu pensei amar, mas agora vejo que só amei quem eu pensava que você fosse. Desculpa, mas jamais seria capaz de amar quem você realmente é.
No meu jardim, só restam as flores que você não cultivou. Mas por ser meu, não pude deixá-las murchar, graças a você aprendi a cuidar sozinha. Afinal, melhor do que esperar que alguém plante flores é saber como cultivá-las sozinha.
Volta e meia eu me pego livremente surfando nas ondas do mar de minhas memórias onde os tombos, se mostravam suaves e minha prancha, ali permanecia ate eu recompor me para levar um outro caldo.
Em vultos de memorias vejo o quanto evoluir
mas em um pequeno flash vejo o que perdi
E a minha pergunta
sera que valeu a pena.
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Pinguelei memórias: piscadelas.
Pedaços de realidades passadas.
Vislumbres em recortes.
Lá estava eu com os cabelos longos ao vento,
no meio de carros e arranha-céus.
Ou em cima do abacateiro olhando a vizinha no banho.
Ou num faluka subindo o Nilo.
Ou no meio da vacaria...
Fatias de tempo embaralhadas:
um vazio transbordando retalhos da vida. Recorrências.
Com o tempo as lembranças ficam assim: realçadas, avivadas.
A-mei-a-idade com os seus vieses de melancolia real
e de euforia ingênua.
Outros tempos virão,
outras saudades no caderno do futuro.
Mas agora com meus olhos sem o brilho colorido da inocência..
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Corte através de minha pele, rasgue as minhas memórias, sangre todas as minhas tristezas, e mostre com um sorriso no rosto, o quanto e fácil me deixar em pedaços .
Velhice
Crendice
montanha distante
pele trincada
memórias
coração fechado
amargo
senil
falta de apetite
falta de sono
falta de vontade
mau humor
pistas de uma vida
egoísta
pobreza
solidão
tristeza.
Ele existiu, eu o amei, eu o quis para mim a cada segundo.
Dói pensar que só restam memórias de tudo aquilo que um dia aconteceu, dói pensar que tudo foi em vão, dói cada lembrança que o coração sente, quando a mente quer esquecer.
E no vácuo de tudo que um dia foi sentimento, existe um vazio.
E a cada dia as memórias ficam mais vagas, só os momentos que vivi estão intactos e vivos dentro de mim.
Trabalha-se o inconsciente, onde abriga e esconde grandes afetos adoecidos, memórias de uma aurora que brilhou, ou não brilha mais, onde habita as fantasias,escassez, a loucura e um sentimento que não cura!
Há um estado alterado necessitando de uma ponte, uma locução, uma intervenção.
A gente vai se completando, dividindo momentos e memórias, se misturando tanto que fica impossível separar sem que um leve parte do outro.
Fico procurando entender o que ele causa em mim. As vezes minhas memórias me traem. Fico recordando da sua pele ao encontro da minha e a vida se refazendo diante de mim, tão linda, tão colorida. Percebo que estou entregue em suas mãos da forma como nunca estive. Percebo que além do sentir do corpo minha alma está ali, também se expondo timidamente. Um sorriso contido e libertador aparece enquanto estou de olhos fechados me deliciando em lembranças.Ele tem um certo poder sobre mim e isso me deixa tonta. Isso me confunde. Não consigo controlar. Não há como deter. “Não”! Grita meu lado B. Não posso. Ele vai me machucar. E todas as defesas típicas surgem assombrando e distorcendo minha realidade doce. Porque eu simplesmente não me entrego aos deleites do amor? O que fizeram comigo que não me permito? Nesse momento sinto uma raiva imensurável de todo o meu passado. Isso dura o suficiente pra eu me irritar comigo mesma e me deixar ainda mais confusa.. “Pare!” Diz meu lado A. E então vagarosamente refaço o caminho, e estou nos braços dele de novo. Não me pertenço mais, e essa sensação é tão boa. Ah, por favor, me deixe aqui. E isso soa como um apelo.Me deixe sentir isso por mas tempo. Cale meu lado B.Cale meu lado controlador. Cale meu lado “politicamente correto”. E o tempo inexiste. Sou dele e ele é meu pelo tempo que não se sabe, mas pelo tempo suficiente de me fazer feliz.
As memórias são adquiridas com o passar dos anos, mesmo que enfraqueça, ela no sustenta com o passar dos dias e nos alerta de coisas que não devem ser esquecidas.
Memórias de um tempo
em que sonhamos
em que acreditamos
nas promessas
que fizemos um ao outro.
Mas que no fundo
não foi o suficiente
para nos mantermos
próximos.
Apenas saiba que eu
me lembrarei de você.
Por que um dia
nós ficaremos juntos.
E no fim nós nos separaremos.
Assim como as folhas
mudam de cores
E então eu estarei com você.
Janela
Uma nuvem cinza surgiu em minha janela
Cinza de dor e sofrimento
Trazendo memórias de um tempo
Em que a vida não era tão bela
Uma fria gota de chuva respingou em minha janela
Esfriando, cessando as batidas do meu coração
Atenuando minha respiração
Agravando minha agridoce mazela*
Será que a tempestade irá passar?
Será que o tempo irá se abrir
Ou irá apenas me iludir
Não irei a ele me apegar
Como se não bastasse o temporal
O frio vem me visitar
E eu pelo calor a desejar
Padeço de forma imparcial
Um raio de sol bateu em minha janela
Porém tarde de mais era
Em vão foi minha espera
Quebrada está a janela
*mazela: chaga, ferida, doença
Alem das memorias que me pertencem, nada pode ser chamado de meu - o futuro está logo ali ainda intangível.