Memórias
Corte através de minha pele, rasgue as minhas memórias, sangre todas as minhas tristezas, e mostre com um sorriso no rosto, o quanto e fácil me deixar em pedaços .
Velhice
Crendice
montanha distante
pele trincada
memórias
coração fechado
amargo
senil
falta de apetite
falta de sono
falta de vontade
mau humor
pistas de uma vida
egoísta
pobreza
solidão
tristeza.
Ele existiu, eu o amei, eu o quis para mim a cada segundo.
Dói pensar que só restam memórias de tudo aquilo que um dia aconteceu, dói pensar que tudo foi em vão, dói cada lembrança que o coração sente, quando a mente quer esquecer.
E no vácuo de tudo que um dia foi sentimento, existe um vazio.
Fiquei horas contando moedinhas esquecidas
numa caixa de sapatos.
Enquanto eu as separava memórias
dos tempos magros me vieram.
Bitucas juntadas e desfiadas no cachimbo.
Pinga com mel.
Casinhas de cachorro com pão e mortadela
de almoço dividindo o dia...
Meu irmão me dizendo: "tô tão pobre que tou tomano
manga da boca de porco".
Hoje tudo isso é apenas alegoria.
Aquele pobre nem existe mais nesses dias.
Hoje o dia amanheceu cinza, não só o clima como minha vida. Aquelas velhas memórias cobertas de pó e regadas de lágrimas parecem ter forças para durar a vida toda. Tantas coisas para se recordar, porém, justo o que deveria ser esquecido é como um corte sem capacidade de cicatrização.
Impossível apagar a nossa história, ficará para sempre em nossas memórias, mas é possível escrever uma nova história e mudar a capa do livro.
Mas, entre uma lua e outra, meu apego pelas memórias que tive com você retorna. Não sei porque isso acontece, só tenho torcido muito para que o tempo se estabilize.
INDIFERENCIAÇÕES ( MAIS ) HUMANAS __- ( MEMÓRIAS DE NOSSA GENTE ): Conta AGILDO RIBEIRO ___ com vida riquíssima em vivências que podem servir de espelho e situar, que, quando estreou no Teatro ( Variedades e Revistas __ Comédia ___ ) era jovenzinho. Muito "machinho " nutria esperanças de uns bons de uns namoros, por conta das belas coristas e atrizes.... Ora, o meio teatral, por conta de exigir certa sensibilidade e inteligentes imaginações é povoado de homo-afetivos. Preocupado, quis manter seus sonhos de conquistas intactos. Não queria ser confundido. Pensou : a solução ?... Deixou crescer um basto bigode. Durante uma bela apresentação, dançando e fazendo rir, eis que nosso BARATA ( AGILD BARATA __ sobrenome lendário na Luta Social ) entreouve um diálogo, vindo justo da segunda fila. Duas pessoas conversam. Diz uma delas, admirado : Aquele Ator novo é realmente muito bom... Bom dançarino, bom comediante ___ uma ótima atuação... Que talento !... O outro, não atinando quem fosse, pergunta-lhe, então: Qual??? : E o outro conclui, apontando Agildo, à esquerda do palco : Aquele, não tá vendo ? Aquele !!!...___ Aquela bicha à esquerda de grandes bigodes !...(rsrsrs )
É aquela sensação de desapego, de ninguém te ver. Apenas o vento soprando memórias boas de se lembrar, mas que é melhor esquecer.
É corriqueiro que, somadas às lembranças reais de cada momento que vivemos, sejam tecidas memórias confusas e que, porventura, possam não ter tido, de fato, o grau que, agora, depois de adultos, atribuímos a elas.
Cemitério nada mais é do que um memorial físico, já que as verdadeiras memórias transcendem no sentimento.
O sol não tem memórias, o sol invade a terra, atravessa os homens, escurece-os de sombras, seca-os.
Construir sonhos a partir de memórias é a melhor maneira de perder a noção do que é real e do que é sonho.