Memória
Sou lixo da escória
Sou barreira sem memória
Sou o ser inexpressivo
Carrego este castigo
Por ter cometido algo pervertido
Complexo ou abusivo
Na passagem derradeira
Sou carne viva da videira
Sou fruto desfavor
Sou capaz de matar ou de morrer
Sou louco sem pensar
Apático sem usar
No meu pensamento
Caio, saio e desapareço
Passo a viver no desconhecido
Além do mais com tantas e outras coisas banais
Eu me aborreço
Sou levante
Sou constante
Deste errante
Sou cova aberta a me esperar...
PROBLEMÃO DE MEMÓRIA.
Uma velhinha de uns 70 anos estava sentada no banco da praça, chorando copiosamente. Um sujeito que passava pelo local se comoveu com a cena e perguntou:
- Minha senhora! Qual o motivo de tanto choro?
- Tenho um namorado de 22 anos em casa! - respondeu ela aos prantos - Ele faz amor comigo todas as manhãs, depois me traz café na cama: cereais, ovos mexidos, frutas...
- Mas por que a senhora está chorando?
- Ele também faz a minha sopa preferida, os meus bolinhos preferidos... Faz amor comigo a tarde toda...
- Mas... Por que o choro, minha senhora?
- No jantar ele me faz uma comida deliciosa com um vinho excelente e uma torta deliciosa de sobremesa e depois faz amor comigo até de madrugada!
- Então me diga! - gritou o sujeito, aflito - Por que cargas d'água a senhora está chorando?
Então a velhinha olhou para ele e disse:
- É que eu não consigo lembrar onde moro!!!
(...)não tenho um ritmo certo, distraio-me,
cruzam-se ocasiões na minha memória,
sem saber o que esperar, surpreendo-me,
não entendo os teus olhos,
preocupo-me mas não sei explicá-los,
deu-me a idéia de ausentar-me desanimada,
não me toques, sinto sem sentir a estrada,
desenho-te entre planaltos, estrelas,
não compreendo porque me excluis,
sabes quanto pesa um sorriso?
Combinam-se ecos, estás desorganizado,
esvazio-me do que tenho, do que sou,
abre as tuas asas, repousa em mim,
uma cadência de sonhos,
encanto-me com tudo e com nada,
sem ti não consigo abarcar o universo,
reconheço-te a arte, o dom, o talento,
não permito que cesses de existir,
mas tenho dificuldade em alcançar-te,
orienta-te através da minha claridade,
estou convencida da perfeição,
restos de sonho, ecos de felicidade,
não te preocupes, avança...seguro a tua mão a
tampo inteiro. (...)
Se guardo páginas para ler no livro da memória, por que tentar decifrar as páginas que pertencem ao íntimo de cada pessoa.
Estou guardando as cartas, guardando as lembranças de um passado. Guardando em minha memória tempos em que eu sorria ao ver o seu sorriso. Um tempo onde eu acreditava que a vida poderia ser vivida quem nem nos contos, quis viver um mundo onde tudo é luz, tudo é amor, quanta ilusão. Agora me perco nas memórias desse passado, onde uma lágrima corre sobre o meu rosto e escorre por minha alma. Quão bobo eu era por acreditar que as pessoas podiam seguir as verdades do coração?
No caso de máquinas, pouca memória é algo ruim, já no caso de pessoas quanto menos memória melhor, assim se sofre menos.
Como tudo que tem início, assim como tua memória agora tão perdida porém gravada em mim.
Diante dos fatos inevitáveis de lágrimas incontáveis incontrolavelmente derramadas face ao fadado fim.
Nossas ações, atitudes essas que nos levam a dizer o Não e o Sim.
Rumo a esse mar de pétalas em cacos. Rasgando, Despedaçando nossos corações.
Feridas profundas!
Lembrança de tempos passados, aqueles tão bem guardados de cinzas empoeirados.
Sorrisos que não mais farão parte deste retrato negativo
Sem graça, sem vida, 100sentido.
Próximo estamos mais uma vez do fatal
Daquele que insistentemente nos persegue
Ponto escuro que nos cega, talvez assim seja melhor não sentir pelo que não vemos.
Hora de dizer o que venho tentando evitar, frase de ponta aguda com fio de corte aguçado.
Monolagamente egoísta, solitariamente caminhar.
Hora de dizer o que temia, não há mais meios de o prolongar.
Adeus!
Lembra do que eu disse no nosso último encontro? Vou refrescar-lhe a memória. Eu disse vá, não disse "sinta minha falta".
As vezes perdoamos de coração, mas é essa memória que nos tortura com lembranças, e a alma só chora.
Secretas Secreções
Solto os purgos da memória
Porque a mágoa sempre fica,
Desamores e revoltas
São as secreções da vida.
Não há bodas,
Não há festas,
Não há prêmios,
Não há nada,
E não existe mal pior
Do que a solidão
Dessa estrada.
Tal qual um intenso corrimento
As lágrimas da dor vão escorrendo,
Nunca ouvi que houve remédio
Pra esse tipo de tormento.
Dessa vez não foi bacilo,
Não foi nem mesmo o tricomonas,
Dessa vez foi o vacilo
De querer e não ser dona.
Solto os purgos da memória
Porque a mágoa sempre fica,
Desamores e revoltas
São as secreções da vida.
Não há moldes,
Não há gaze,
Nem nenhum absorvente
Que contenha a secreção
De sentimentos tão doentes.
Para essa mórbida infecção
Chamada desilusão
Não existe antibiótico,
Pois são seres abióticos.
Todo mundo nessa vida
Já segregou pus algum dia,
Mas eu tenho um corrimento
Que me atrapalha na corrida.
Todo mundo tem um medo
Mas por falta de coragem
Segrega o pavor em segredo.
Todo mundo me acha estranha
Por eu não ter vergonha
De dizer toda a verdade,
Mas quem esconde o que sente
Acaba na insanidade.
Todo mundo tem a mácula
Guardada no coração
E quem disser que "Não"
De fato está vivendo na ilusão.
Não há moldes,
Não há gaze,
Nem nenhum absorvente
Que contenha a secreção
De sentimentos tão doentes.
Solto os purgos da memória
Porque a mágoa sempre fica,
Desamores e revoltas
São as secreções da vida