Memória
“A nossa memória é de facto extraordinária. Consegue armazenar os mais diversos dados e recordações, que por vezes parecem apagados, mas que do nada ou do tudo se acendem no nosso gigantesco cérebro.”
De vez em quando, de um modo inesperado, o baú das recordações é aberto e com ele vem a memória antigas sensações que lá, do lado de dentro, bem no fundo da alma, permaneceram esquecidas por um bom tempo. Pequenas caixas de sentimentos são abertas uma a uma, e delas são liberadas algumas das grandes emoções experimentadas; parte dos momentos vivenciados; percepções sobre fatos e acontecimentos que, por razões circunstanciais, caíram no esquecimento. Fragmentos de vida que um dia foram presença e hoje habitam um canto esquecido na obscura gaveta da memória. Detalhes íntimos, resgatados na poeira do tempo, que por alguns instantes assumem o comando e misturam velhos sentimentos e antigas emoções aos novos momentos.
Nesses pequenos intervalos, entre uma sensação e outra, tem-se a impressão de que tudo está no mesmo lugar, de que o tempo, sempre implacável, perdeu o controle sobre as circunstâncias e parou exatamente no instante das recordações. Passado, presente e futuro ocupam o mesmo espaço; razão e emoção tornam-se vizinhas sem fronteiras; ausência e presença dividem o mesmo significado. E tudo mais, que antes não fazia sentido algum, passa a coexistir na mais perfeita harmonia.
A magia desse ir e vir de sensações está, justamente, na forma como elas acontecem. Muitas vezes manifestam-se subitamente, a partir de um lugar visitado, um sabor experimentado, um aroma inalado, uma palavra pronunciada… Valiosas miudezas, capazes de reavivar a memória dos sentimentos e impedir o exílio de alguns fragmentos de vida. Uma suave brisa de afeto tocando a alma com delicadeza! Um mar de esperança desaguando na imensidão do tempo. Preciosas lembranças que conferem à vida um contorno especial; que permitem plantar na alma sementes de amor que na primavera das emoções florescem sobre as incertezas.
Do mesmo modo súbito que se manifestam, essas deliciosas sensações se afastam sem sequer deixar vestígios de presença. Retornam ao velho baú das recordações, lotado de pequenas caixas de sentimentos. Ficam lá, do lado de dentro, bem no fundo da obscura gaveta da memória, onde os verdadeiros tesouros, de grandes emoções experimentadas, nutridas de amor e esperança, são esquecidos e empoeirados pelo tempo.
Morte
Onde o corpo findou a história,
fez a alma viva na memória.
Laços em nó na saudade,
ao consolo divino.
Lembrança de um amor ainda vivo.
Conforme envelhecemos, amamos de forma diferentes, porque devido a fatores como experiência memória e autopreservação pensamos, agimos e vivemos de forma diferente.
Basta apenas um pequeno gesto,
para guardamos na memória as lembranças
daqueles que souberam nos conquistar!
PÁGINA VIRADA
Eu já cansei de ler a mesma história
Páginas arranquei...
Mais nada na memória.
Novos sonhos bailam no ar
Os lírios dos campos
Já ganharam novas cores
O sol de verão anuncia mil amores
Que ainda virão.
O futuro em minha mente preparado
O coração aberto e já todo decorado
Espera a chegada de uma nova estação.
Das mágoas nada guardei
Para que não voltem à tona
Os desalentos que passei
E que me jogaram na lona
De onde me reergui.
Lanço ao vento as cinzas do passado
De tudo que um dia eu sofri.
E quero que saiba
Que sem você ao meu lado
Agora eu me sinto muito mais feliz.
Hoje encaro de frente a esperança
E vislumbro o tempo como uma criança
Que acredita que a vida não tem fim.
Assim sinto as forças restauradas,
A vida cada vez mais renovada
Na certeza de que cada dia é um recomeço...
Minha felicidade... só depende de mim.
Eu queria apagá-lo da minha memória, porque eu me lembrava das coisas lindas que passamos, mas os que marcavam que deixavam cicatrizes, que doíam mais, esses sentimentos que se instalavam em mim, como formigas no açúcar.
lapsos
lapsos de memória,
fluxos de palavras,
hoje fervilham minha mente,
ordenar as palavras,
me fazer entender,
estranho,
muito tempo sem sentir isso,
solidão, pandemia,
abandono ....
um misto de sentimentos em minha cabeça,
e coração,
vontade de me afastar,
vontade de todos juntos,
sentimentos contraditórios,
que só me remetem,
a falta de você.
Os melhores e maiores eventos da minha vida, hoje, são registrados na memória.O mundo não precisa mais saber, nem dos meus amores, nem das minhas glórias.
"...Despertei com minha pele,
revestida da memória de tuas mãos..."
In Fragmento Poema Despertei
Carlos Daniel Dojja
"...quanto mais pensava mais coisas esquecidas ia tirando da memória. Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem custo passar cem anos na prisão. Teria recordações suficientes para não se maçar. De certo modo, isto era uma vantagem"