Memória

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⁠Apologia da dor menos recente

Na indecisão clássica de suas responsabilidades e desprovido também de memória auto-valorativa, o sujeito faz apologia à dor menos recente, com o pressuposto de que ela está parando de latejar. O homem sobre o qual se faz apologia aponta para si o simulacro de uma vontade gigante de não transformar.

⁠Acho que as lembranças são cócegas invisíveis que ficam dentro das pessoas.

⁠Muitos irão passar e as suas marcas deixar
Porque a vida é absurda e o mundo gigante
Mas o que faz para o homem ser marcante
De cultivar, a certeza, de um amor eternizar
Não é o quão bom que o torna apaixonante
Nem o quanto é pra si soe ser interessante
Se para a memória a ação importa lembrar
É no coração a certeza singular e evidente
A essência do que sente, vê-se claramente
Eis o desafio: acovardar ou pelo amor lutar
Se for o bravo herói do amor a se declarar
Farei-te ir além do bem que se pode amar.

⁠MINHAS MEMÓRIAS

Já dormi soluçando de tanto chorar
Também ri de doer a barriga
Tive bons amigos
Como sei o que é traição
Fui ferida
Causei algumas dores
Já amei e fui amada
Perdoada e também perdoei
Dancei sem música sem importar com o ritmo
Já perdi o avião
Caí de bicicleta
Chupei fruta direto do pé
Já arranhei o joelho
Quebrei a cara
Parti o coração
Sou feita de tantas memórias
Não importa se doces ou azedas
Ainda acho que a vida é perfeita
Cada qual é parte de mim.

⁠Algumas coisas você vê melhor de olhos fechados.

⁠Cada palavra que você já proferiu está gravada em meu coração.

⁠Prefiro a dor de não poder viver mais ao vazio de nunca ter vivido.

Recordarei sempre nitidamente porque foi simples e sem circunstâncias inúteis.

⁠Eu lembro das estrelas naquela noite. Eles eram como sal contra o céu, como se alguém tivesse derramado o saleiro contra um pano muito escuro. Isso importava para mim, a beleza acidental delas.

⁠Penso no primeiro dia em que entrei em casa e senti o perfume dela — flores e especiarias — e como foi estranho ter a fragrância de alguém no apartamento. Agora nunca é estranho. Seria estranho voltar para casa e não sentir nada.

⁠Nossa história será contada por aqueles cujas vidas afetamos positivamente, pelas amizades sólidas que cultivamos.

⁠a saudade é um barco velho
trazido desde longe pelo leito do rio
quando encalha na margem da memória
faz chorar quem desembarca o vazio

Alguém se lembra do cheiro do seu cabelo.

Este é o problema da história: gostamos de pensar que ela é um livro – que podemos virar a página e seguir em frente com a porra da vida. Mas a história não é o papel em que está impressa. É a memória, e a memória é o tempo, as emoções e a música. A história é o que fica com você.

Um dia seremos apenas uma lembrança na cabeça das pessoas, espero que saibamos honrá-la...

A história antiga é estranhamente curta em presságios incorretos.

O céu guarda a parte viva da pessoa, aquela coisa que não morre nunca, não a saudade, a saudade é amor e é dos vivos, estou falando da coisa viva que fica nos mortos.

Aline Bei
O peso do pássaro morto. São Paulo: Editora Nós, 2017.

⁠“Comece a liberar perdão, mesmo sem muito sentimento envolvido. Uma hora ele vira registro histórico do que um dia deveria ser e talvez nunca seria mesmo.”

⁠É preciso deixar o passado passar.

⁠Eu deveria ter dito que te amava todos os dias. Eu deveria ter te dado as estrelas.