Melodia
Muitas vezes,
nada mais sou,
apenas e tão somente
uma nota solta,
duetando junto ao vento,
tentando ser canção
A vibrar quase em surdina,
quase não mais ouvida
e nessa melodia fatal,
deslizando pela partitura da vida
sou um réquiem
com receio da nota final...
A menina que dançava
Falaram-me de uma menina,
Que enquanto descobria seu ritmo,
Pensava-se menos leve,
Que o ar que a circundava.
Seu corpo feitio de brisa,
Se deslizando compenetrado,
Já mostrava que havia canto,
Mesmo quando não escutavam.
Parece-me que seu cabelo,
Poderia ser azul esverdeado,
Como se fosse coreografia de raios,
Se estendendo em sua face.
Como a desconheço, dar-lhe-ei o nome Eduarda,
Aquela que guardou nos pés,
A dança como abrigo,
E se foi envolvendo de ritmos,
Pungidos de existência.
Assim lhe surgiram os duetos,
Com seus deleites sonoros,
E também o estrondar de tambores,
Sucedendo sinfonias.
A esperança lhe chegou,
Como um bale compassado,
Mantendo firmes os braços,
Olhando para o alto, a seguir na direção.
As vezes até parece,
Que nem sequer percebia,
Que viver também se aprende de dança,
Que o tempo faz emergir.
Dança-se no silêncio da alegria.
Na tristeza acalentada.
Descobrem-se em distintos momentos,
Cenários convertidos de linguagens.
Na há movimento sem emoção,
Pulsar alheio, sem sonoridade.
Se dança com pó no rosto,
Com o brilho de enfeites costurados.
Mal sabe essa menina, que um dia lhe contarão,
Que estava a dançar com dor e graça,
Feita melodia de passos,
A poesia dançante da vida.
Carlos Daniel Dojja
In Poema para Crianças Crescidas
🌷Tarde silenciosa...
As cores da primavera brincam com as flores debruçadas na janela. Em algum lugar distante o galo canta sua melodia, enquanto uma brisa suave, misteriosa e invisível corre pelas ruas estreitas trazendo aconchego ao repouso vespertino 🌷
DIVAGAÇÃO
Cada vez mais conectados,
Cada vez menos amados,
Neste mundo de tanta tecnologia,
De aparatos estamos cercados.
Mas do toque físico de carinho,
De afeto e atenção,
Cada dia se está mais sozinho,
Perdendo coração.
E, na triste sina dessa vida,
Perdendo toda a alegria,
Perdendo rima e melodia,
A alma está iludida.
Os olhos já não brilham mais,
Essa vida não satisfaz,
Dores, tristezas e sofrimento,
Cada um com seu tormento.
Cada dia nova calamidade,
Na política, na saúde e no ambiente,
Sem cura, sem esperança, apenas vaidade,
Pra tudo isso seja valente.
Em alguns momentos apenas cético,
Em outros poético,
No fim de toda essa ilusão
Ainda restou alguma divagação.
Autor: Agnaldo Borges
Data: 16/10/2020 - 23:20
“Contém fragmentos
Presos e soltos lá dentro
Se revoltam com o medo
Reviram com o vento
Para você se expressar
Substância feito uma melodia
Você não consegue observar. “
↠ Maio ↞
Tempo frio.
Encoberta o brio,
da longa noite.
Lua sem estrelas,
quase sombrio.
Finda maio,
o calor faz a rota ao contrário.
O vento assovia,
Melodia da seca e cicia:
Mistério!
O falso sério,
no monólogo do eremitério.
Eu sem você aqui sou tipo esse refrão
Cantado só na voz sem som do violão
Estranho né, estranho né
E com você eu acho a melodia certa
O que tava faltando, cê completa
Melhor né
Bem melhor né
Eu sem você, estranho né
Sem direção, subidas e descidas nas lacunas da rotina,
se expressão uma pura emoção,
caminhos se deparam sobre tintas,
pensamentos abstraem a ideia do mistério,
jogadas na vida com formas e grafias,
surgidas de sua melodia.
É uma música triste falando sobre o amor...
É uma voz bela cantando o caos e transformando em flor...
É a música que vem para parti o coração; que já estava partido
[Mesmo antes disso tudo
Isso é um belo refrão, que eu canto para voltar a viver
Isso é o melhor refrão, na voz mais bela entre os mudos
Talvez a voz de Deus
Isso é um mar de loucuras;
Isso é insanidade total...
Isso é viver a melodia triste
[Com um tom de amor
Isso é morrer constantemente
[E viver sem cor
Isso é música para os meus ouvidos
Isso é o que me restou
E eu continuo cantando, como alguém prestes a morrer
Tentando esquecer a dor; e aceitar que não se cabe mais ao mundo
Eu continuo cantando sem parar, até a minha voz se esgotar e eu morrer
Ainda estou; mesmo sem parecer.... Ainda estou com as melhores notas
[A melhor voz...
Um dia, descobrirei no fundo da arca das palavras as mais belas sedas das sílabas. Prometo encontrar os arrepios da pele na pluma das brisas.
Quando chegar esse dia, poderei então tecer as tuas noites com fios de lua. Moldarei o planisfério na espuma do teu corpo com melodias de estrelas e cometas.
Um dia, do fundo da arca das tuas palavras.
2017
Outonando
Outono de brisas frias
vindas de tantos lugares
trazendo junto melodias
do céu, da terra e dos mares
Amo o outono tão quieto
folhas amarelas que se vão
em uma canção de afeto
tocando junto ao coração...
A foto se intensifica com a musica
Eu sempre achei e senti que foto deveria vir com uma música acoplada rsrsrs. Em um álbum impresso poderia existir uma forma da música iniciar no momento em que a foto fosse aberta, e a tal melodia fosse daquelas mais incríveis que ajudasse a despertar a emoção a ponto de tremer o corpo de quem vê. Aquele tipo de música que trás até a percepção do cheiro do momento.
Se fosse tão fácil
Eu juro que eu mudaria minha cara
Todo dia pra ficar diferente
Inventaria uma nova melodia
Pra te ver sempre contente
Passando como nuvem
sem destino,
em devaneios vagando
pelo ar
Apenas em leveza,
a vida levando,
também deixando a vida
me levar
No coração,
sentimentos, palavras, melodia,
ecos que soam
gritos alegres ou nostalgia,
mas com certeza,
compondo o que percebe
em poesia
se bastar um olhar
que a outro se abrace
um sorriso
que largo, o beijo peça…
se for pressa, esse feitiço
de um certo jeito de beijar
uma certa urgência de amar
um cego vício, fragrância
desejo pele, possuir
então, paciência
eu vou ter que ir…
como um rio, que novo nasce
num jeito louco de amar
num jeito simples de ser.
e talvez porque sim
o paraíso no inferno
amar, seja assim
o amor para se viver
a dor para se chorar
e tudo o resto seja
aquilo que deus quiser.
no olhar onde fundo me perco
há um laço que abraço me lança.
indomável onda, de brasas me cerco
dessa alma, que inquieta me canta
É no verso, desse mar que avanço
que ardo, no mesmo passo que danço.
alardo chama, incêndio me faço
abraço, velejo, entre vagas balanço
é dia, é noite, nesse vira e mexe
nessa dança que o vira não cansa
nesse mexe, que sem aviso cresce
e é lá, onde mãos nem chão preciso
nesse tecido, que em mim se tece
que valso, paixão navego perdido.
há um horizonte de linhas verticais, manto
onde, no querer de quem quer tanto
mora uma pressa a que não resisto
uma pressa líquida de poder tocar-te
gasoso ser-te, ébrio vicio
num intenso verde, suave colar-te
à esperança, de num imenso abraço ter-te
sem medo, desta urgência
que me faz pressa
nesta ânsia impressa
na sede dos dias de ausência
espero beber-te, pele, desassossego
este sem medo todo e sem pressa
quem sabe num dia, que o tempo não meça
o poder olhar-te, assim para sempre
Se saudades muitas
De mim tiveres
Muitas, de insuportáveis mesmo
Que pelo tamanho, de tão grandes
De teu peito irrompam
Tantas
Que de brasas pareçam ser
As mãos que me toquem
Os lábios que me percorram
Os olhos que me fitem
Fogo desmesurado em mim
Se for tudo assim
Tudo tão grande
Fogo que se expande
Serei eu, enfim...
O que é um interprete ? é alguem que tem a capacidade de comunicar o sentimento - Seja pela voz, pela escrita, pela dança, ou pelo vestir de uma personagem -É deixar-se ser instrumento na melodia que a vida quiser tocar - :)