Melancolia

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A CANÇÃO DA CORUJINHA

Corujinha, corujinha.
É tão doce teu cantar! Tem som de melancolia.

Os teus olhos iluminam minhas noites sem luar.

Na vida não existia uma canção preferida
antes da chegada tua.

Corujinha, corujinha!
Se todos pudessem ouvir a melodia que cantas!
Mas só cantas para mim.

"... Todas as mudanças mais desejadas têm a sua melancolia.
Pois o que deixamos para trás é uma parte de nós mesmos.
Devemos morrer para uma vida antes de podermos entrar em outra....!"

⁠...
Armazenei muita melancolia, e ao me perceber abominável, tive que decantar a tristeza para extrair alegria. Vestido com a carapaça da autossabotagem, vislumbrei mazelas inexistentes e senti que meus poros afogavam minha pele. Abdiquei do ereto e me curvei até parecer impossível caminhar até meus sonhos, antes tão palpáveis. Ao me distanciar do propósito, desesperei, e numa espécie de ecdise, arranquei minhas roupas sujas como quem troca de pele. Uma nova muda brotou e minha respiração cutânea desopilou meu lado ofegante.

Percebi que julgamentos são muito mais cruéis quando somos juízes da própria sentença, e que podemos definhar nosso corpo se nossa mente aceita passivamente a prisão perpétua imposta pela culpabilidade que entranha sem aviso prévio. Meu reflexo começou a mudar no inconsciente e minha consciência simplesmente assumiu a cegueira repleta de catarata. Passei a me ver com os olhos do açoite, e me castigar do abstrato nada concreto.

Cheguei em um estágio onde nem minhas maiores virtudes conseguiram resgatar minha essência, integralmente sequestrada pelo medo. Quando me vi sem saída, órfão do próprio destino, diante do horizonte senti o mundo conspirando para me tocar. Um toque afávelacariciou meu coração e subitamente esvaziei de receios e inflei de anseios. Ansiei fortemente e fui operado pelo projetista daquilo que voltei a vislumbrar ao abrir os olhos da consciência.

Me percebi bipolar ao continuar sentindo os reflexos do cárcere recente. Foi como se o lado que me sentenciou à morte súbita, quisesse arbitrar novamente. Cogitei a possibilidade de uma alforria provisória, e temi pelo regresso de uma âncora em pleno mar. O oceano havia se aberto novamente, e ao invés de velejar, apavorei meu bom senso com algumas figuras de linguagem. E assim, a conspiração que me rodeava virou tapa ao invés de toque. Comecei a remar novamente, e hoje ouço o que aquele toque e aquele tapa queriam me dizer ao ouvir as pessoas que mais amo: “Não tenha mais medo, pois você é incrível.”

⁠A melancolia da noite


Deve ser triste esperar o dia vir
A lua nunca encontra o sol
Mal deve saber como é o calor
Se encontrar em outro
Ou o que é recíproco
Triste da noite não conhecer o dia

Ela sonha em atravessar o mundo
Não como sempre faz
Ela que tocar o dia
Mas sempre que ela vai, ele já se foi
Ele parece evitar se encontrar
Não é normal ver os dois juntos afinal

O dois se dariam bem, eu acho
Ninguém vê mal algum em ter alguém
Alguém para se amar e acompanhar
Talvez se o mundo não ficasse no meio
Eles se encontrariam
Mas nenhum existiria
Não haveria sentido nisso tudo
Em todo esse sonho da noite

⁠Me perguntaram se o poeta é condenado a sofrer, respondi que não, a melancolia faz parte do espetáculo.

⁠No sombrio canto da melancolia, a alma dança,
A morte sussurra, em tom melancólico sem esperança.

⁠Perenidade

D'esse limiar 'tre vida e morte, contemplo com profunda melancolia a efervescência tumultuosa d'arte atual. O cenário emergente s'assemelha a um campo de batalha caótico, onde a união estética e o respeito pela beleza atemporal desaparecem em meio ao tumulto iconoclasta.
⁠Em contrapartida, a produção artística clássica, erigida qual colosso majestoso, subsiste como guia de grandiosidade e ordem. As obras imperecíveis dos mestres clássicos, com sua minuciosa atenção aos detalhes e temas universais, obscurecem a transitoriedade da contemporaneidade. Cada escultura, cada pincelada, assemelha-se a um murmúrio distante que ressoa através dos séculos, enquanto a produção artística recente, frequentemente, parece predestinada a perecer no abismo do olvido.
A grandiosidade das obras clássicas, sustentada pela tradição e beleza perpétuas, contrapõe-se à transitoriedade passageira da produção artística moderna, que com frequência se afunda na superficialidade da novidade. Em meu observatório para além dos dias, respiro com reverência a suave fragrância da produção artística clássica, cuja grandeza perdura como constante inalterável, um refúgio de beleza que transcende as breves tendências do momento.

⁠Melancolia, tristeza, decepção e raiva me inspiram.
Me enchem de combustível para voar rumo a causa desses sentimentos como se eu fosse um míssil nuclear.
Mas transformo toda essa carga em algo menos letal para os outros, porém fatal para mim.
Vou guardando.
Guardando e aguardando, até que não haja mais espaço em minha mente e explodo em palavras e versos que só fazem sentido pra mim.
Que só importam para mim.
É tão injusto não devolver as desgraças que me jogam na cara.
E se eu devolver?
Ficariam eles chateados ou entenderiam minha licença poética?

⁠"Quer saber o que me preenche? Saudade, amor, melancolia, tristeza, paranóias e ilusões, tudo o que transborda aqui dentro. Até não restar nenhum espacinho para o coraçãorespirar.”

Todas as mudanças, mesmo as mais almejadas, têm sua melancolia. Porque aquilo que deixamos para trás é uma parte de nós mesmos, e devemos morrer para uma vida antes que possamos entrar em outra.

⁠a tristeza e a solidão corroem minha alma,
o desejo fala mais alto,
a melancolia e o arrependimento sussurram no meu ouvido,
eu falhei,
eu falhei novamente
nao contive minhas emoçoes, nao contive o que senti no momento,
pensei que estava forte, e estava tudo sobre controle
mas fui tolo,
fui o mais fraco dos homens,
a verdadeira libertarde nao é fazer o que bem entende,
é saber o que nao fazer quando bem entender,
para nao se tornar escravo daquilo que mais te assombra.

"A melancolia faz o coração contrair-se e machucar, tornando-o incapaz de receber as impressões da graça."

solitude
mar que me afoga
que me ama
ainda assim me da vida,
sendo á melancolia,
sereia do mar que tanto vivia
que a hipnotizar
se deixou amar
então deixou o mar,
sozinho, vulgar
em espaços vago
um único amor o vazio.
entretanto, o luar
marca sua voz no profundezas...
esquecendo que céu
reluz as magoas,
de tempo parado em seu coração.

Melancolia, disfarçada num lirismo bêbado

Perde-se em palavras, cai no delírio.

Fica à margem da tristeza foge à razão

Ignora o que é régio, encontra seu coração.

As ondas quebram no mar, e o vento trazendo lembranças de momentos
Melancolia é a definição certa para esse sentimento
Mais uma vez queria te mar, ao brilho das estrelas te beijar
Aos teus encantos me entregar, torcendo para o tempo não passar
Mãos dadas, boas risadas e pegadas na areia
O amor de um dia, queria para vida inteira

⁠Eu sinto muito.
Sinto muito amor.
Sinto muita dor.
Tristeza, melancolia,
E uma vontade enorme de ser uma idealização minha
Sinto que posso me explodir a qualquer instante, explodir de tanto sentir.
Ja há momentos que sinto um vazio, por nenhum sentimento vir.
Sinto que estou caminhando, olhando para meus próprios pés.

⁠Sob os olhos de candura
Deita-se em resplendor.
Canta em melancolia
Versos de saudade.
Que há de ser do amanhã
Quando o horizonte chegar
Sem ninguém ao lado
Para tudo se compartilhar?

Mandalas & Tapetes Burgueses

Melancolia
De fado
Português

Regado à vinho
E
Dissolução do fermentado

Pagando os pecados
Com o suor do cansaço

Metabolizados
No calor do fígado


Tristeza
De nobreza
Sem causa

Escutar
De coisas
Não ditas

"Minha casa minha vida
Sua casa é meu problema"

De certeza

Somente
A presença
De sua
Ausência

Passeando
Meus
Anseios
Desajeitados


Nas ladeiras em ruas
De muita pedra

Nos vales profanos
Da dissonância

Esculpidos em vales
Da tradição

A ambição do pecado
Fermentado em vinho

E a solução
É dissolução

Sem solução
Em ruas
De Tradição

DENTRO DA TARDE

A tarde seca e fria, de maio, do cerrado
Cheia de melancolia, deita o fim do dia
Sobre cabelos de fogo tão encarnado
Do horizonte, numa impetuosa poesia
A tarde seca e fria, de maio, do cerrado

O mistério, o silêncio partido pelo vento
No seu recolhimento de um entardecer
Sonolento no enturvar que desce lento
Do céu imenso, aveludado a esbater
No entardecer, seco, frio e, sedento

Perfumado de cheiro e encantamento
Numa carícia afogueada e de desejo
Seca e fria, a tarde, tal um sacramento
Se põe numa cadência de um realejo
Numa unção de vida, farto de portento

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Melancolia

A melancolia não é uma boa companhia
Sempre nos afastando das fantasias
Tirando-nos da realidade momentânea.
Melancolia traz de volta o saudosismo,
Reflexão sobre o presente que não satisfaz
E sobre o futuro que se deseja, mas não se visualiza.
Melancolia é ilusão dando lugar à consciência
É um balde de água fria na nossa mente vazia
Trazendo tristeza em vez de alegria.