Melancolia

Cerca de 1209 frases e pensamentos: Melancolia

⁠Viver pode ser difícil, mas ficar preso ao passado é como pausar o tempo e impedir o próprio crescimento.

Inserida por driggu

⁠O Olhar do Mundo

Não, não é fácil ser lido.
O mundo vê-me passar
e já decidiu quem sou
antes que eu tenha dado um passo.

Se fico, sou pedra imóvel.
Se ando, sou vento sem raiz.
Se espero, sou indeciso.
Se escolho, sou rígido.

As sombras que se movem nos muros
não são minhas,
mas o mundo insiste em vê-las em mim.
Os gestos que lanço no tempo
mudam de forma ao tocar outros olhos.

E assim me perco nos reflexos,
na dobra das interpretações,
na lente de quem vê o que já esperava ver.

Mas talvez valha a pena seguir,
deixar que o dia corra o seu curso,
que a poeira assente,
que o próprio mundo reveja o que viu
e, quem sabe, um dia entenda.

⁠O Que Se Lê no Mundo

Não, não é fácil compreender.
O que se vê nem sempre é o que é,
o que se sente nem sempre é o que se quis dar.

A luz que atravessa as folhas
é sombra ou claridade?
O rio que corre apressado
foge ou segue o seu rumo?

Tudo depende do olhar que pesa,
da memória que julga,
do medo que contamina.

O mundo não se explica,
move-se, respira, transborda
— e cada um o lê à sua maneira.

Mas talvez valha a pena ficar,
esperar que o tempo dissipe os enganos,
que a verdade encontre fenda na rocha
e que, no silêncio certo,
o mundo se mostre sem precisar de tradução.

⁠Digo palavras como quem lança
pedras num lago:
espero apenas que as ondas
toquem outra margem.

Mas nem sempre chegam.
Ficam presas na sombra
de quem as ouve.

Queria que tudo fosse claro,
como um rio ao meio-dia,
mas há sempre a névoa
dos dias difíceis.

No fim, talvez reste apenas
um eco perdido,
uma sílaba breve
na boca do vento.

⁠Ruído e Sintonia

Às vezes, o mais difícil
é ser compreendido.
O que digo, o que faço,
o que deixo por dizer,
perde-se num labirinto
de ecos distorcidos.

Não é por nada que se diz
que o caminho para o inferno
está pavimentado de boas intenções.
Mas e quem lê as intenções?
Quem decifra o código
das entrelinhas invisíveis?

Cada olhar é um prisma,
cada ouvido, um filtro.
O que para um é gesto de afeto,
para outro, afronta.
O riso de uns
é a ferida aberta de outros.

Comunicar é atravessar o abismo
entre o que se sente
e o que se entende.
Palavras são apenas vento
se não encontram solo fértil,
se não fazem vibrar a mesma corda.

Porque no fim,
toda mensagem precisa de um lar,
de um receptor que a acolha
e a transforme em sentido.
Se não, é só ruído,
perdendo-se no vazio

⁠Digo uma coisa, e entendem outra.
A vida é um jogo de espelhos
onde cada um vê apenas a sua própria sombra.

Falo com intenção limpa,
mas o outro ouve com o peso do seu mundo.
E assim, entre a verdade e o engano,
o que era claro torna-se nevoeiro.

Talvez nada seja realmente dito.
Talvez apenas fingimos comunicar
enquanto cada um se perde na solidão
das suas próprias ideias.

⁠O Eco do Silêncio

Lanço palavras como quem atira pedras
num lago sem margens,
esperando que o silêncio as devolva
sem distorção.

Mas o mundo é um espelho partido,
onde cada olhar lê o que já esperava ver,
onde cada voz se perde
num labirinto de ecos esquecidos.

Não sou feito de aço,
nem de pedra erguida contra o vento.
Sou a sombra de um pensamento que passa,
o reflexo de um instante que já se foi.

Se digo, não ouvem.
Se calo, suspeitam.
Mas sei que a raiz cresce no escuro
e a verdade não precisa de nome.

No fim, talvez reste apenas um vestígio,
um traço de luz na poeira do tempo.
E quem escutar, quem souber ler as entrelinhas,
saberá que sempre estive aqui.

⁠"Escrever é abrir o coração e deixar aflorar os sentimentos. O coração é a janela pra alma. Os sentimentos revelam caráter, maturidade e as sutilezas do amor. Numa página, a alma se enche de alegria e contentamento, já na outra, a melancolia pode encher os olhos de lágrimas e saudade."

Inserida por LuizaGosuen

Sempre fui melancólico, assim como Chopin, a diferença é que ele demostra isso no piano, já eu, nas palavras.⁠

Inserida por TiagoScheimann

⁠Minha vida é melancólica, tanto quando "Raindrop" de Chopin.

Inserida por TiagoScheimann

⁠MEU POBRE SONETO

Ele sussurra com uma dor sofrida
Que esmaecido chora na emoção
Tal a uma lágrima na falta sentida
Que bate forte o apertado coração
Ele canta com a sensação pendida
Dos urutaus, que cantando em vão
Entoam cantos de sisuda despedia
Soando saudade adentro do sertão

Um versar gemido e de melancolia
Que rola na trova com árida agonia
Com frios sentimentos superficiais
Meu pobre soneto, tão moribundo
Que quer arrebatamento profundo
E vive o sonho, que não volta mais.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 abril, 2024, 18’17” – Araguari, MG
*à amiga Lucineide S. Ghirelli

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO PRIVADO

A tarde no cerrado cai, aquosa
Silente, e o pôr do sol rubente
A chuva, em gota lustrosa...
lacrimeja melancolicamente

Nesta languidez, a sensação
Duma aflição, vou suspirando
Enternecido, cheio de ilusão
E, lá fora o pingar em bando

Sinto o coração palpitando
Na solidão, e no devaneio
Assim, o tempo passando
Em um suplicante floreio

Nostálgico sinto arrepio
Demanda o pensamento
E a saudade no seu feitio
Cata poesia pro momento.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 dezembro, 2024, 17’43” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ALVORADA TRISTE

A alvorada rompeu melancolicamente
Carrancudo o dia, disperso no outrora
A alma vazia, a apertura o que sente
Pendente, onde a sensação é demora
O cortejo das horas, tão lerdo, agora,
Canta friamente um canto descontente
E na mente vozejos que dá vida chora
Desroscando a tristura à minha frente!

A manhã vem chegando, tudo um nada
A procura do que é vão, nem ninguém
Pois, tudo faz da situação tão delicada
A prostração onde a emoção é atada
Cutuca, cá no cerrado, não sei quem
Ou o que, vem, compassar está toada!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 março, 2024, 13’55” – Araguari, MG
À Fernanda Beregeno pelo dia de hoje

Inserida por LucianoSpagnol

CHUVA (soneto)

Chove lá fora. O meu peito também chora
São suspiros de velhos e eternos pesares
Da alma que desapegando quer ir embora
Uma tristura que diviso, repleta de azares

Chove... Que agonia se percebe de outrora
Ah! Quem falou pro agrado voar pelos ares
Em preces de ira, com o chicote e a espora
Deixando as venturas laçadas pelos alares...

Chove lá fora. Minh’alma também aflora
E eu sinto o que o cerrado também sente
O pingo quente, e abafada a aflição afora

E esta tal melancolia que no temporal uiva
Tão impiedoso e ruidosa, que vorazmente
Tem a sensação: - choro! E chove chuva!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

porto

há uma saudade em mim no cerrado
ancorada nos barrancos ressequidos
são arrancos no peito em ronquidos
num espectral sentimento entalado...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA AUSÊNCIA

O cerrado já não mais é meu confidente
o pôr do sol não mais ouve o meu plangor
os cascalhos do segredo fazem amargor
e a saudade já não mais está condizente

Não mais estou melancólico no rancor
nem tão pouco sou aquele imprudente
e ao vento nada mais contei contente
deixo o tempo no tempo ao seu dispor

Até da recordação eu tenho medo, dor
o entardecer tornou-se inconcludente
e o olhar se perdeu nas ondas de calor

O poetar fez da madrugada noite ingente
carente nas buscas do tão sonhado amor

e hoje o meu eu no cerrado está ausente

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
06/06/2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Escorre no cerrado

Arrastam-se as manhãs
nos sulcados do cerrado
como verdadeiros titãs

Horizonte empoeirado
deitado no árido divã
lânguido e ressecado

Escorrem pelo ramalho
melancolia
.
.
negalho
.
.
dia
.
.
cascalho
.
.
poesia.
.
.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TÉDIO (soneto)

Sobre minh’alma, no cerrado ao relento
Cai tal folhas ao vento, dum dia outonal
Um silêncio mortal, dum vil argumento
Tão brutal, o aborrecimento, tão fatal!

Oh solidão! Tu que poeta no momento
Abandono, no mundo, a mim desigual
Me dando ao pensamento o lamento
Num letargo sentimento descomunal.

Só, sem sonho, sem um simples olhar
Deixar de sonhar, como então fazê-lo?
Se é um aniquilamento assim estar...

Deixar o enfado num desejo em tê-lo
O que não vejo! Porém, estou a ficar.
Ah! Dá-me a aura da ventura em zelo.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto, 23 de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO "X"

Como o talho do punhal numa emoção
A perfídia escorre do peito num sofrer
Num fio navalhado dentro do coração
Que no sentimento se põe a morrer

Mora em mim o teu "x", tão mutilação
Que o amor não mais pode entender
Vida e morte em uma una conjunção
Que o meu ser se cansou de ceder

Viver a presença e não a solidão, sorte
Pois o suporte não se acha pelo chão
E tão pouco para paixão é um aporte

Então, domine o teu querer, tua ilusão
Viva a vida, tão breve, com total porte
E tenhas equilíbrio no sôfrego coração

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, outubro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Tenho saudades de um amor que não vivi. Tomei o trem errado e demorei demais a me dar conta, agora vivo com esse vazio de não ter experienciado tudo aquilo que projetei para minha vida.

Inserida por DianaPinheiro123