Melancolia
As músicas clássicas acalmam, são confortantes, ao mesmo tempo que trazem a melancolia que preciso, parece que elas desabafam por mim.
Para Que Vieste
Levai vossos Cantos
Minhas pobres mágoas
Na melancolia de teus olhos
Nos frios espaços de seus braços
No anseio de teu misterioso seio
Com meu cardume de anseios
Náufrago entregue ao fluxo forte
Da morte
Teu silêncio
Teu trêmulo sossego
Da minha poesia extraordinária
Esse riso
Que
É tosse de ternura
Quanto mais tarde for
Mais cedo a calma
É o último suspiro da poesia
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Outros Tempos da Velha Direita Nova
Um doce
De melancolia
De tardes
De domingo
De antigamente
Na
Rua Direita
Mormaço
De sol poente
Com preguiça
De segunda
Pela frente
Inda ontem
Era sábado
Dia de banho
De corpo inteiro
Na bacia grande
À noite
Cinema
De Romeu
Coboiaço
E seriado
À saída,
Cafezinho
Com
Pão de queijo
No Dormival...
Eram tempos
De
Se ter tempo
Outros tempos!
Acredito que a fraqueza e a melancolia presentes nesta geração de cristãos possam ser atribuídas à falta de intimidade com o Deus Todo-Poderoso. Muitos proclamam seu amor por Ele verbalmente, porém suas ações e comportamentos depravados acabam afastando-os Dele. Deus é caracterizado pela santidade e deixou um manual que é frequentemente ignorado por aqueles que afirmam amá-Lo. Ao observar as queixas de alguns, sinto-me intrigada. Não importa a situação ou o evento, nada me faz curvar ou reclamar. Sou imensamente grata pelo sol que me aquece, pelo ar que respiro e pela saúde que desfruto. São tantas as maravilhas ao meu redor. A paz que preenche o âmago do meu coração é inabalável. Nada nem ninguém pode roubá-la:
Meu amor por você, um barco à deriva, sem rumo, sem porto, em um mar de melancolia, onde a esperança se afogou e morreu.
OBSESSÃO
Na intensa melancolia um jeito em que sofria, era a minha obsessão. Existia duas faces, duas mentes, um só corpo, e mil sentimentos multifacetados. Era uma paixão tão grande que atingia a esfera dos opostos: o sossego e o pavor! Ficava aterrorizado só de pensar em perdê-la. Imaginar um opositor me deixava enfurecido, um ódio letal. Ela era minha, somente minha! Das duas faces que ela tinha, a bela minha menina, usava corriqueiramente a que mais me fazia sofrer. No meio do pavor, numa terra arrasada, pronto para o combate, avistei vultos solitários e paranoicos embrenhados na maciça multidão, vei-me então a lucidez, ao despertar-me de novo para vida. Maravilha! Não existia ninguém entre nós, ela estava ali bem ao meu lado, como um anjo alvo num corpo de menina!
180823
A depressão é como uma grande embarcação singrando um mar de melancolia prestes a soçobrar e sem coletes salva-vidas para nos salvar
A depressão é um barco a singrar o rio da melancolia para muito depois atracar no porto da felicidade
Você não pode evitar que um dia a melancolia possa vir a chamar pelo teu nome, e quando isso acontecer seja cordial, a tristeza é ressentida e pode cobrar uma visita a mais pela possível petulante atitude
Creio que entre o riso e o choro há uma discreta melancolia, que nos permite sempre louvar a Deus derramando lágrimas ao cantar sorrindo
Era uma vez
Era uma vez a tristeza
pura melancolia.
Eram frustrações e mágoas,
hoje é alegria.
Era uma vez a saudade
que um dia passou.
Eram cicatrizes e marcas
que com o tempo fechou.
Era uma vez um jardim
que com o tempo cessou.
Era uma vez a esperança,
que do nada voou.
Era uma vez um oceano
que um dia secou.
Eram simplesmente lágrimas
que se acabou.
Era uma vez o sol
que iluminava o dia.
Eram apenas palavras
simplesmente poesia.
Ventania no Cerrado
Chia o vento no cerrado seco
Num grito fugaz de melancolia
Zumbindo a sequidão num eco
Nos tortos galhos em poesia
Este vento que traz solidão
E também traz especiaria
Dando aroma a esta emoção
E combustão a esta ventania
Calado pelo canto da seriema
Que com o sertão tem parceria
Choraminga o cerrado em poema
Das folhas secas em sua correria
Desenhando no vasto céu dilema
Do rústico e o belo em poesia
Musicando a natureza suprema
Da diversidade em sua agonia
(Vai o vento em sua romaria.)
Luciano Spagnol
...Pedaço de mim é poesia
Escritas em pedaços de vigor ou melancolia
Pedaço de mim é paixão
Nos pedaços do afeto onde sempre fiz alusão
Pedaço de mim é dor
Antagonizada nos pedaços da alma em louvor
Sou pedaços, parte, um todo no amor...
Soneto idílico
Acordar, aguar o jardim, fingir um dia
e assim inicia a melancolia e o vazio
o sol a pino, cerrado e o sonho macio
das saudades num tempo em primazia
Sim! O tempo não é sentido, é ébrio
os amores ficaram, são sem analogia
trariam o meu peito, viraram euforia
nas lágrimas algozes do olhar esquio
Tudo é efêmero no triste e na alegria
árido o sentimento e cheio de arrepio
que importa se tem saída ou portaria
E neste movimento de soltura e exílio
a magia do por do sol torna cortesia
nas palavras que cantam o meu idílio
Luciano Spagnol
05 de julho, 2016
Cerrado goiano
CERRADO DUAL (soneto)
O cerrado tem dia de sorrir, e ele sorria
Tem dia de melancolia, e ele entristecia
Porém, também, tem dia de total silêncio
E na quimera dum colossal o vário é cio
É mistério, sequidão, chuva, calor e frio
Deitados sob o céu que provoca arrepio
É a tristura com o espanto da sutil ironia
Que muito desflora, muito recria, poesia
E nesta galeria de tanto, dele o encanto
Da sequidão ao empapado num só canto
Num bale dual, no seu cenário desigual
É o cerrado, das cores e do seu pálido
Soprando no planalto o seu vento cálido
Transmutando a diversidade no plural...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
DESATINO (soneto)
Ó melancolia do cerrado, a paz me tragas
Solidão em convulsão, aflição em rebeldia
Dum silêncio em desespero, e irosa agonia
Ressecando o coração de incautas pragas
Incrédula convicção, escareadas chagas
De ocasos destinos, e emoção tão fria
Do horizonte de colossal tristura sombria
Que rasga o choro em lacrimosas sagas
Ó amargor do peito engasgado na tirania
Duma má sorte, e fatiadas pelas adagas
D'alma ao léu, tal seca folha na ventania
Pra onde vou, nestas brutas azinhagas
Onde caminha a saudade na periferia
Do fatal desatino em pícaras pressagas?
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano