Mel
MINHA BONECA DE VERDADE
Quando criança ainda, lá com meus seis anos de idade, morava com meus pais e mais sete irmãos no sítio e não possuía nenhum brinquedo de fábrica. Todos eram confeccionados em casa, em conjunto com as amiguinhas vizinhas, com meus irmãos e às vezes minha mãe tirava um tempo e nos ensinava a fazer algumas coisas interessantes.
Nós, as meninas, fazíamos bonecas de sabugo para brincar. É, sabugo mesmo, aquela parte que sobra do milho seco depois de debulhado. Escolhíamos o maior de todos os sabugos disponíveis no paiol. Cortávamos retalhos de tecidos cedidos por minha mãe, que sempre os tinha guardados numa sacola, pendurada atrás da porta de seu quarto de costura. Escolhidos os tecidos, pegávamos a parte mais grossa do sabugo, o que seria a cabeça da boneca, nele colocávamos o tecido na extremidade, como se fosse uma touca, amarrando firme com uma tirinha, para não se soltar (porque cola nós não tínhamos). Em seguida, escolhíamos outro retalho e fazíamos uma saia, pregueada ou franzida, com as mãos mesmo, nada de agulha ou linha! A coleguinha ajudava a amarrar com tiras finas da própria palha do milho. Com um lápis preto ou mesmo um pedaço de carvão, desenhávamos os olhos e com semente de urucum, a boca.
Pronto! Estavam ali nossas bonecas. Lindas! Cada uma com a sua. Diferentes umas das outras, devido a escolha dos retalhos coloridos. Felizes, brincávamos por horas a fio.
Mas um belo dia, uma priminha da cidade, veio com meus tios nos visitar, trazendo consigo uma boneca de verdade. Fiquei encantada! Nunca havia visto uma, e tão linda. Tinha os olhos azuis e cabelos cacheados.
Daquele dia em diante minha vida mudou. Não quis mais saber de brincar com boneca de sabugo. Eu queria uma boneca de verdade. A novidade mexeu com meus sonhos, até então acessíveis.
Chorava e implorava para minha mãe. "Quem sabe no Natal", dizia ela. Pedir para meu pai, nem pensar. Para ele, brinquedo era desperdício de dinheiro. Era o jeito dele ver o mundo infantil. Posso jurar, foi o ano mais longo de minha infância: Eu queria minha boneca de verdade e ela só viria no Natal.
Chegou o Natal, como tantos outros, mas para mim seria diferente, eu teria minha boneca de verdade. O "talvez" de minha mãe eu esquecera.
Fomos com toda alegria, bem cedinho, ver os presentes debaixo da linda árvore natalina. Cada um procurando o seu, embrulhados em papel comum, mas com nosso nome marcado pela letra de minha mãe. Porém, cadê a minha boneca de verdade? Ela não veio. Ganhei sim, uma pequena sombrinha, que no dia seguinte já estava quebrada.
Chorei muito e ainda levei umas boas palmadas de meu pai. Ninguém me consolou. Não compreenderam a minha tristeza. Minha mãe deve ter percebido, mas como nada podia fazer, não deixou transparecer; apenas prometeu-me que daria um jeito, "talvez" na próxima ida à cidade grande, na época das compras. Isto não me consolou. Foi, sem dúvida, o Natal mais triste de minha infância.
Depois daquele fatídico Natal, em que não ganhei meu presente desejado, minha tristeza, felizmente, durou pouco.
Janeiro era o mês do padroeiro da cidadezinha onde frequentávamos a escola, o catecismo e as missas dominicais. São Paulo, lembro-me bem, era o santo padroeiro da capela e nome do sítio de meu pai, onde morávamos.
Todo ano os moradores se reuniam e preparavam uma bela quermesse, com direito à visita do bispo, padres de outras paróquias, fazendeiros, sitiantes e colonos de toda a redondeza para uma linda missa cantada. Para a quermesse eram doados bezerros, sacos de café, leitoas, carneiros, frangos e artesanatos feitos pelas mulheres e moças prendadas da comunidade.
Uma rifa foi organizada, cujo dinheiro iria para a reforma da igrejinha. Um bezerro era o prêmio e de brinde, vejam só, uma linda boneca confeccionada por dona Mariquinha, mulher muito conhecida por suas habilidades na agulha.
Quando vi aquela boneca, fiquei deslumbrada! Eu queria uma boneca de verdade e esta era a minha chance. Procurei por minha mãe, que estava na cozinha de uma das barracas, liderando outras mulheres no preparo da comida a ser servida durante a festa. Implorei que comprasse um número, porque eu queria uma boneca de verdade. Meu pai não era dado a gastar dinheiro com estas extravagâncias, mas naquele dia ele sucumbiu ao meu apelo e cedeu. Comprou um único número. Nem preciso dizer que dei muitos pulos de alegria.
Ao anoitecer, quase no final da festa, chegou a esperada hora do sorteio..Bingo! Meu pai ganhou o bezerro e eu ganhei a minha “boneca de verdade”.
Ela era deslumbrante aos meus olhos de menina. Tinha uma aparência diferente. Fora feita à mão, uma boneca de pano com jeito de moça. Trajava um vestido branco de renda, com fitinhas coloridas de cetim, por toda borda da barra da saia. O decote mostrava o início de fartos seios. Perfeito! Minha boneca de verdade, com corpo de moça feita, seria a mãe de todas as bonequinhas de minhas coleguinhas da vizinhança.
No dia seguinte, de tardinha, minhas amigas e eu fomos brincar de boneca, numa ansiedade sem tamanho. Nos instalamos dentro de um velho bambuzal, e lá ficamos por horas, nos deliciando em nossas fantasias infantis de mamãe, comadres e tias. Sim, porque toda boneca era batizada, ganhava um nome e uma madrinha.
Antes do anoitecer, minha mãe me chamou para ajudá-la nos afazeres do jantar. A brincadeira se desfez e aos poucos a noite chegou.
Na manhã seguinte, acordei aos pulos. Eu havia esquecido minha boneca de verdade no bambuzal. Corri para buscá-la. Qual não foi meu espanto quando a vi: estava toda encharcada, estufada, desbotada, manchada, descolorida, quase decomposta.
Havia chovido a noite toda!
Autora: Melania Ludwig
ABRAÇO
Hoje é o dia do abraço
Mas por que hoje?
De que abraço estamos falando?
São tantos!
De tantas formas!
De tantos sentimentos!
Há o abraço cordial,
sem muito a expressar
Há o braço do filho pequeno
que na sua inocência
Demonstra tanta transparência
Há o abraço do filho moço
Que já se achando independente
Abraça-nos molemente
Há o abraço de “judas”
Com os braços nos atrai
E com os olhos nos trai
Há o abraço do pai idoso
Que no filho vê seu passado
e o abraça emocionado
Há o abraço de mãe
Que nem tem como descrever
Sem a emoção aparecer
Há o abraço do casal apaixonado
Cada vez que se tocam
seu amor os anjos evocam
Há o abraço de despedida
Cujo enlace é tão comovente
escondendo a lágrima quente
Há o abraço da chegada
Que em pulos de alegria
a felicidade irradia
Há o abraço virtual
Ele é sempre envolvente
a cada mensagem a gente o sente
Abraço que eu lhe envio agora
Via satélite sem demora...
mel
Melania Ludwig
10 de outubro de 2011 ·m ·
DO MEU JEITO
Saí de casa com onze anos de idade
Fui estudar na cidade, na casa da tia Rosa
Criei asas na marra, machuquei-as na pressa
Recebi muita pancada, dei troco à bessa
Do meu jeito...
Estudei como bolsista, num colégio de freiras bondosas
Enquanto normalista, alfabetizei crianças da periferia
Passei no vestibular, o curso não me agradou
segui em frente, voltar arás não podia
Do meu jeito...
Cursei pedagogia, letras era o que eu queria
A formatura não pude pagar, mas no baile eu fui dançar
Emprego melhor arrumei, fui Orientadora Educacional
Numa escola particular, com adolescentes lidei
Foi difícil me adaptar, com dipolomacia a turma eu amansei
Do meu jeito...
Voltei um namoro antigo, ele morava aqui, eu no Paraná
Vim conhecer esta cidade, senti que seria o meu lugar
Concordei em me casar, casa financiada pelo BNH
Em um opala cor de vinho, pra São José Do Rio Preto
Com ele eu vim morar e meus sonhos realizar
Do meu jeito...
mel - ((*_*))
8 de outubro de 2011 · Editado ·
CANTINHO DO CÉU
Tantas vezes por este caminho eu entrei
Outras tantas por ele saí
Tantas vezes quando entrei eu chorei
Outras tantas de alegria eu sorri
Perdi a conta das flores que aqui plantei
E dos amigos queridos que aqui acolhi
Por mais de vinte anos este chão eu pisei
Sentirei saudades de tudo que aqui vivi...
mel - ((*_*))
É no colorido das flores
no pousar das borboletas
que eu sinto a presença
do criador do universo...
mel
Melania Ludwig
7 de outubro de 2011 · Editado ·
Esta é para os que ainda não sabem
Vou deixar o meu cantinho
Noutras paragens vou morar
Felicidade que aqui senti
Comigo vou conservar
Levo comigo meu ninho
Não sou feito passarinho...
Meu sonho de primavera
Deixou de ser apenas quimers
Saio daqui com alegria
Há muito este sonho eu antevia...
mel
SAUDADES DE UM TEMPO MUITO BOM
Sinto uma saudade serena
Das brincadeiras de pequena
De pular corda com a criançada
Jogar amarelinha na calçada
Brincar de passar anel
Se lambuzar com favo de mel
Contar vagalume no escuro
Roubar goiaba pelo muro
Andar pisando na enxurrada
Voltar pra casa molhada
Tomar banho no corguinho
Passar a pinguela devagarinho
Soltar bolhas de sabão
Com canudinho de mamão
Andar livre a cantar
Sem saber e nem pensar
Que tudo isso ia se casar...
mel - ((*_*)) 01/10/11
LIBERDADE
Nossa real liberdade
está em nossos sonhos,
onde podemos romper
todas as barreiras
e voar além, muito além
de nossas próprias expectativas...
mel - 28/09/11
MULHER
toda primavera
espalha perfume
colore o mundo
desperta olhares
provoca paixões
pare filhos
sonha
voa
voa alto
muito alto
única...
mel - 20/09/11
LUA
Estou te avistando daqui
Tão bela!
Vontade de chegar pertinho
Te abraçar!
És tão poderosa
Receio me aproximar
Até apaguei a luz
Só pra te ver
ùnica e esplendorosa,,,
mel - 13/09/11
SAUDEMOS SETEMBRO
Que venha setembro
com brandas chuvas
como toque de luvas
Que floresçam as videiras
e os botões das roseiras.
Que coloram os canteiros
e os campos dos roceiros.
Que saudemos a primavera
com nossos anseios e quimeras.
mel - 02/09/11
PROVÁVEL DESPEDIDA
Estou me preparando
para uma provável despedida
As mãos vazias estou deixando[
para que ela seja desmedida
recebendo um grande abraço
daqueles que valem por uma vida
Vou desamarrar um laço
em seguida comprar outra fita
para iniciar nova trançça
nos meus sonhos de criança...
mel - 08/30/11
Bem lá no fundo de meus olhos
você poderá enxergar
a minha esperança brilhar
pois um sonho tão esperado
está prestes a se realizae.
mel - 27/08/11.
Não me pergunte nada
Quando você perceber
que lágrimas inundam meus olhos,
não me recrimine,
nem me pergunte o porque,
para que eu possa sorrir novamente.
mel - 25/08/11
Vamos colher flores?
Vejam que coisa mais doce,
colher flores do jardim,
mesmo que pra você fossem,
ou que fossem só pra mim.
mel - 24/08/11
SERVIÇO DE METEOROLOGIA DO CORAÇÃO!!
Uma frente de felicidade
Vai atingir a região sul do teu coração,
No norte choverá alegria e
Nas demais áreas muito "AMOR e PAZ"!!!
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Que chova muita alegria em todos os teus dias
E que DEUS te ilumine sempre por onde tu fores.
Beijoss no teu coração !!!
Melania Ludwig
14 de agosto de 2011 ·
Entre meus guardados achei este recorte que escrevi ha 43 anos atrás, quando eu tinha 17 anos, em homenagem ao meu pai.
Não sei se ele se lembra, mas guardei-o, como se guarda um camafeu com a foto de quem se ama muito.
Hoje ele já é bisavô, e beira os seus 90 anos.
Teria agora que refazer o texto e dizer-lhe muito mais, pois tanto tempo já se passou desde então.
Mas vou deixar como está, pois por mais que eu aumentasse as palavras, não conseguiria dizer tudo o que sinto agora.
Um abraço, meu pai Armindo e a todos os seus 5 filhos, 3 genros e 4 netos que hoje já são pais também.
FELIZ DIA DOS PAIS!!!
(Recorte do jornal A VOZ DE ROLANDIA - 11/08/ 1968)
Melania Ludwig
2 de agosto de 2011 ·
Meu oásis é você!
No deseto de minha solidão busco o oásis em seu coração...
mel - 02/08/11
SORRISO OU TRISTEZA?
Nos lábios de quem sorri
pode esconder tanta tristeza
que mesmo estando lado a lado
jamais saberei com certeza
o pranto que se esconde enjaulado
nesta dor que jamais distingui...
mel - ((*_*)) 02/02/2013