Meia-noite
Quero brindar aos dias que passaram e aos dias que virão. Aos dias de hoje e aos dias que passaram. Visíveis ou invisíveis, aqui, mas não aqui. A todos esses dias. Todos eles.
Não há nada mais solitário do que o interior de sua própria mente.
Tomo o partido de Isaura. Os senhores estão falando aí como criaturas vulgares incapazes de sentirem profundamente as grandes comoções. Para as almas privilegiadas os grandes prazeres da imaginação muitas vezes são também o martírio. São as criaturas ideais cujos corpos são apenas pretextos para conservarem no mundo almas de anjos.
Momentos felizes podem se transformar em dor, com o devido tempo.
No fim, talvez os anjos sejam isso. Talvez anjos sejam uma segunda chance.
As pessoas podem ficar tão obcecadas por escapar da morte que estragam a própria vida.
Se tiver um jeito de salvá-la, de salvar a mim, a todos nós, eu incendeio o mundo inteiro. É isso que significa amá-la.
Não ditamos as regras. E não cabe a nós mudar o resultado. Quando as pessoas tentam achar algum atalho, alguma brecha, algum trunfo sobre a vida ou a morte, elas podem se machucar.
Sabe por que não termino minhas histórias? Porque quando as pessoas ouvem o fim, o resto da história é esquecido.
Às vezes, não temos a chance de amar em vida. Mas não significa que o jogo acabou.
Há vidas em que você toma diferentes decisões. E essas decisões levam a resultados distintos. Se tivesse feito apenas uma coisa de maneira diferente, você teria uma história de vida diferente. E todas existem na Biblioteca da Meia-Noite. Todas são tão reais quanto esta vida.