Medo de Falar
Acho que tenho medo de não conseguir deixar que o passado seja passado, de aceitar verdades pela metade, de viver de ilusão! Eu preciso muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor.
Tenho medo de não conseguir manter minhas ideias, meus pontos de vista, minhas escolhas. A minha cabeça é como um guarda que não permite que eu estacione em local algum. Eu fico dando voltas e voltas no meu cérebro e quando encontro uma vaga para ocupar, o guarda diz: circulando, circulando . Você está me entendendo? Eu não tenho área de repouso. Raramente desligo, e quando isso acontece, não dá nem tempo para o motor esfriar.
Eu sou muito insegura, na verdade, eu tenho o maior medo de estar sustentando uma ilusão. Parece um castelo de cartas, qualquer toque errado e já era, sinto que pode acabar a qualquer momento por parte dele, eu me prendo demais a este sentimento e não deixo os outros fluírem, queria tanto ter a certeza de algo mais concreto!
Quando o medo é quase absurdo, e principalmente quando o cheiro daquela respiração ameaça tornar-se insuportável, recorro aos jasmins.
Quem, como eu, estava chamando o medo de amor? e querer, de amor? e precisar, de amor?
“Eu acho que preciso muito de você, mas amanhã você pode não estar mais aqui. Então, adianta eu dizer que te amo?”
Medo de perder…
Você sabe por quê o mar é tão grande?
Tão imenso?
Tão poderoso?
É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros abaixo de
todos os rios.
Sabendo receber, tornou-se grande.
Se quisesse ser o primeiro; estaria alguns centímetros acima de todos
os rios, não seria mar, mas sim uma ilha.
Toda sua água iria para os outros e estaria isolado.
A perda faz parte.
A queda faz parte.
A morte faz parte.
É impossível vivermos satisfatoriamente.
Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer.
Impossível ganhar sem saber perder.
Impossível andar sem saber cair.
Impossível acertar sem saber errar.
Impossível viver sem saber morrer.
Se aprenderes a perder, a cair, a errar,
ninguém mais o controlará.
Porque o máximo que poderá acontecer
a você é cair, errar e perder.
E isto você já sabe.
Bem aventurado aquele que já consegue
receber com a mesma naturalidade
o ganho e a perda…
o acerto e o erro…
o triunfo e a queda….
… a vida e a morte.
Poema do amigo aprendiz
Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
Nota: Trecho adaptado da música "Saudação de Amigo", do Padre Zezinho. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Fernando Pessoa.
...MaisFalar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Nota: Trecho do poema Reverência ao destino, muitas vezes atribuído incorretamente a Carlos Drummond de Andrade.
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