Meditação sobre a Inveja
Há certos passatempos e prazeres ilícitos, que censuramos nos outros, mais por inveja do que por virtude.
Mantém-te distante da inveja, pois assim como o fogo queima a lenha, a inveja consome as boas ações.
Se você deseja viajar longe e rápido, viaje leve. Deixe pra trás todas as suas invejas, seus ciúmes, sua incapacidade de perdoar, seu egoísmo e seus medos.
Os velhos invejam a saúde e vigor dos moços, estes não invejam o juízo e a prudência dos velhos: uns conhecem o que perderam, os outros desconhecem o que lhes falta.
O ciúme nunca está isento de certa espécie de inveja, e frequentemente se confundem essas duas paixões.
A inveja é um vício mesquinho e sórdido: o vício do condenado que reclama porque o seu companheiro de prisão recebeu uma ração de sopa maior.
Sabe-se que enquanto vivemos estamos mais ou menos expostos à inveja, mas depois da nossa morte os nossos inimigos deixam de nos odiar.
Invejar a felicidade alheia é loucura: não nos saberíamos servir dela. A felicidade não se quer de confecção, mas sob medida.
Não há animal mais degradante, estúpido, covarde, lamentável, egoísta, rancoroso, invejoso, ingrato que o público. É o maior dos covardes, porque de si mesmo tem medo.