Me Deixa que hoje eu To de Bobeira
Eu não existo sem você
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você
Esta é a primeira consequência que sobrevém quando no mundo alguém deixa de mandar: que os demais, ao se rebelarem, ficam sem tarefa, sem programa de vida.
Aprende algum ofício; pois quando a fortuna vai embora de repente, o ofício fica e nunca deixa a vida da pessoa.
Lembre-se não apenas de dizer a coisa certa no lugar certo, mas muito mais difícil ainda, de deixar não dito a coisa errada no momento tentador.
O sonho é um túnel que passa por baixo da realidade. É um esgoto de água clara, mas não deixa de ser esgoto.
GRAUS NEGATIVOS
Encontramo-nos numa festa que não gosta de nós. Ao fim, a festa deixa cair a sua máscara e mostra-se tal como é: uma estação de manobras. Colossos gelados estão de pé, sobre os carris, no nevoeiro. Um pedaço de giz riscou as portas da carruagem.
Não se devia mencionar, mas aqui há muita violência reprimida. Por isso os pormenores são tão pesados. E é tão difícil vermos o outro, que também existe: um raio de sol reflectido que se movimenta por cima do muro da casa, que desliza através do bosque ignorado, de rostos cintilantes; uma frase bíblica que nunca se escreveu: "vem até mim, pois eu sou contraditório como tu".
Amanhã trabalharei numa outra cidade. Eu corro para lá, através da madrugada que é um grande cilindro negro e azul. Oríon está pendurada por cima da geada. Crianças num montão de mudez esperam pelo autocarro, crianças pelas quais ninguém reza. A luz cresce, pouco a pouco, como o nosso cabelo.
O dinheiro destinado à beneficência não tem mérito, quando deixa de representar um sacrifício, qualquer privação.
Deixa eu te dizer, antes que o ônibus parta, que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado (...)